domingo, 22 de dezembro de 2013

FESTAS DE FIM DE ANO, VAMOS AOS VINHOS ESPUMANTES



O espumante é um vinho cuja efervescência resulta de uma segunda fermentação alcoólica, em garrafa ou outros recipientes fechados, produzidos pelos processos tecnológicos clássicos e admitidos por lei.

O vinho espumante natural é um vinho cujas características e métodos de fabrico foram importados de França. Dos vinhos espumantes naturais faz parte a mais famosa de todas as bebidas, o Champagne.
Este vinho encanta a todos ao redor do mundo, seja pelo seu sabor ou por suas borbulhas (Perlage) que dão a sensação de alegria e comemoração sempre que estouramos uma garrafa. Os hedonistas dizem que é a bebida da paz e da união, já Napoleão dizia do Champagne “Nas vitórias é merecida, nas derrotas é necessário

Madame Lilly de Bollinger, proprietária da casa do Champagne Bollinger, gostava tanto do espumante que produzia que costumava dizer: ”Bebo champagne quando estou feliz e também quando estou triste. Às vezes bebo quando estou sozinha, mas quando tenho companhia considero obrigatório! Se estiver sem fome, bebo champagne, e também bebo quando estou faminta. Às vezes eu nem toco na bebida, a menos que tenha sede...”. Sábia senhora!!!!!!

Champagne é um tipo de vinho espumante elaborado sob normas regulamentadas, numa região a 150 km de Paris, que compreende o Vale do Rio Marne, as elevações da cidade de Reims e a Côte des Blancs, conhecida como a região de Champagne. Só os espumantes dessa região podem levar no rótulo a indicação "Champagne".

Uma curiosidade, vocês sabiam que uma garrafa de champagne tem uma pressão de 75 a 90 libras por polegada quadrada, ou seja, cerca de três vezes superior a que se usa no pneu de um automóvel. Esta era uma das razões porque nos idos de 1700 para entrar numa cave usava-se uma máscara de ferro, pois devido a baixa qualidade das garrafas de vidro na época, elas estouravam com facilidade por causa da pressão da bebida, como consequência destes estouros perdia-se de 20% a 90% da produção.
Existem vinhos espumantes em praticamente todos os países vinícolas, como as Cavas na Espanha, o Sekt na Alemanha, o Asti e o Prosecco na Itália e o Sparkling Wine na África do Sul.



A maioria deles é elaborada por meio dos métodos criados e utilizados na França para elaboração de seus espumantes.

O método mais conhecido é o Champenoise ou Método Clássico, que foi desenvolvido na França, na região de Champagne, daí o nome, e até hoje utilizado nas famosas casas francesas da região por ser o que garante uma qualidade superior aos vinhos. Era o único método disponível até o surgimento de práticas industriais que levaram ao método Charmat. Devido à sua característica artesanal, este método encarece o produto final se comparado com o custo mais baixo dos vinhos elaborados com o Método Charmat. As uvas permitidas para a elaboração deste tipo de espumante são a Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay.

Alguns espumantes brasileiros produzidos por este método são o Cave Geisse Nature, Brut Adolfo Lona, Pizzato Brut Branco, Elegance Champenoise Brut da Peterlongo, Miolo Millésime e claro tratando-se de champagne  Moët & Chandon Brut Imperial, Veuve Clicquot Ponsardin Brut, Nicolas Feuillatte Brut Réserve Particulière

O Método Charmat, foi inventado em 1895 pelo enólogo italiano Federico Martinotti, mas foi patenteado pelo francês Eugène Charmat em 1907, daí o nome Método Charmat, que os mais puristas chamam de Charmat-Martinotti. Aqui o vinho é submetido à segunda fermentação em tanques de aço inoxidável, ao invés de na própria garrafa como no método champenoise, e é engarrafado sob pressão. Este método se assemelha ao utilizado para fabricar refrigerantes, mas difere desse, uma vez que o gás carbônico do espumante é produzido na segunda fermentação e no refrigerante é adicionado por uma fonte externa ao processo. As uvas utilizadas para fazer este tipo de espumante em geral são a chardonnay, a pinot noir e a reisling itálico. Este método é utilizado para espumantes mais complexos e estruturados,  tais como os Proseccos e Sekts. No Brasil, por esse processo é utilizado para  os Moscateis, Extra-brut, Brut, Sec e Demi-Sec. 

Alguns do espumantes brasileiros preparados por este método são o Salton Brut, Salton Prosecco, Chandon Réserve Brut, Aurora Chardonnay, Dom Candido Brut, Dádivas da Lidio Carraro.

Há também o Método Asti, que surgiu na Itália, na região que leva esse nome, no Piemonte.  Por esse método, o gás existente é resultado direto da fermentação das cepas. Esse produto, ao contrário de outros espumantes elaborados com duas fermentações, é submetido a uma fermentação parcial. Para sua elaboração, parte-se do mosto da uva e não do vinho base. A fermentação é interrompida a 7% ou no máximo 10% de álcool.

Este método é principalmente para a produção de espumantes Moscatel ou Asti, como são denominados na Itália. Como a uva moscato ou moscatel já é mais doce que as outras uvas e como não existe a segunda fermentação, que transforma o açúcar da uva em álcool, esse espumante fica mais adocicado e com menos álcool. Assim, têm-se vinhos doces, frescos e aromáticos. Muitos espumantes, na Itália, da Cepa Moscatel, são feitos por este processo. Aqui no Brasil ele também é utilizado para produzir este tipo de espumante. Para quem gosta de espumante brut, como eu,  é muito doce, mas , pode ser um bom aperitivo ou um bom acompanhamento para sobremesas.

 Alguns dos espumantes produzidos no país por este método são o Espumante Do Lugar Moscatel (Vinícola Dal Pizzol), Marco Luigi Moscatel (Vinícola Marco Luigi), Terra Nova Moscatel (Vinícola Miolo), Aurora Moscatel Rosé


Muitas vezes ao escolhermos um vinho espumante ficamos na duvida com relação a sua classificação, brut, sec, demi-sec.  Enfim o que significa isto? Esta é uma classificação utilizada com relação ao teor de açúcar (gramas/litro) que contém o espumante. Assim temos:

Nature (zero dosage): até 3 gramas por litro;

Extrabrut: até 6 gramas por litro;

Brut: menos de 15 gramas por litro;

Sec: entre 17 e 35 gramas por litro; Sec, ao contrário do que parece, não é seco, mas levemente adocicado;

Demi-sec: entre 33 e 50 gramas por litro; o Demi-Sec, é o meio adocicado;

Doux: acima de 50 gramas por litro; creio que o Doux dispensa explicações, mas seria o espumante doce.

No século 19 o champagne era uma bebida com um teor de açúcar muito mais alto do que atualmente estamos acostumados, tinha algo ao redor de  250 a 300 gramas por litro. Como vocês podem notar no texto acima um espumante demi-sec tem no máximo 50 gramas por litro, ou seja, o champagne nesta época parecia mais um licor com espuma. Mas uma mulher, sempre elas,as grandes amantes dos espumantes,  Madame Pommery, foi a responsável em 1874, pela criação do espumante brut, mais seco, com menos açúcar, que estamos acostumados a beber.

A novidade mais recente são os espumantes Rosés feitos de uva Malbec, produzidos pela Argentina. A Bodega Navarro Correas produz um Brut Malbec Rosé elaborado com 100% de uvas Malbec. Os espumantes Rosés são produzidos a partir de uvas tintas, ou uma mistura de tintas e brancas. No início da fermentação as cascas das uvas tintas ficam durante algumas horas, passando uma leve coloração para o vinho base, que fica rosado. O restante do processo é similar aos espumantes brancos. Os espumantes Rosé são mais complexos, têm mais corpo, um leve tanino,

O Brut Malbec Rosé tem cor  rosada intensa e brilhante. Aromas de cerejas, ameixas e frutas vermelhas. De sabor frutado e fresco com boa persistência. A principal vocação dos espumantes rosé é a harmonização com a gastronomia, assim, este espumante harmoniza bem com aves em geral, massas com molhos cremosos e peixes, é um bom acompanhante para alimentos salgados e de sabor intenso como presuntos e embutidos. Deve ser servido a temperatura entre  5°C e 7°C, perfeito para o verão quente que se aproxima e seguramente uma boa opção para as noites de Natal e Ano Novo. É a minha escolha para as festas de fim de ano, custa R$50,00 a garrafa.

Feliz Natal e que todos sejamos muito felizes em 2014!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

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