terça-feira, 24 de setembro de 2013

O VINHO E A CORTIÇA



A rolha de cortiça, tão óbvia e tão desprovida de charme, ao lado da garrafa de vinho foi uma das maiores aquisições da vinicultura uma vez que possibilitou um notável progresso no armazenamento e comércio do vinho.
 Antes dela, na antiguidade, o vinho era armazenado em tonéis de madeira e tinha que ser servido ainda jovem devido à dificuldade de sua conservação. Não havia uma forma eficiente de vedar os tonéis de vinho, onde os gregos e romanos costumavam guardar esta preciosa bebida. Para aumentar a vida útil do vinho eles costumavam adicionar resinas ou breu, o que acabava alterando acentuadamente o seu sabor que, aliás, naquela época era uma coisa horrível de se beber.
Desde a antiguidade já se sabia que o vinho poderia ser mais bem conservado se o recipiente que o continha fosse hermeticamente fechado evitando assim seu contacto com o ar (oxidação). Lá pelo século 18, os monges beneditinos começaram a utilizar rolhas feitas de cortiça, que já era conhecida para outras finalidades desde 3000 a.c. A cortiça, na realidade, é a casca do Sobreiro ou Carvalho Corticeiro (Quercus Suber), uma árvore da família da Faia, que quando adulta atinge até 25 metros de altura e pode viver até 150 anos.

 É um tecido vegetal constituído por camadas de células mortas que se formam anualmente. É obtida pelo processo de descortiçamento do tronco do Sobreiro, que só pode ser efetuado em intervalos de nove anos. A primeira operação de descortiçamento só ocorre ao redor de 25 anos após o plantio da árvore, tempo necessário para que o tronco alcance o diâmetro aproximado de 70 cm.
A cortiça é quimicamente inerte, não se deteriora por ação de agentes químicos, é um excelente isolante térmico e elétrico, dificilmente inflamável, possui baixo peso, boa elasticidade, resistência, impermeabilidade, é reciclável e biodegradável e não tem cheiro e nem sabor. Como diz a química Maria Isabel Alegro, diretora de uma instalação que produz rolhas em Portugal  “Um boa rolha tem que ser capaz de não alterar o sabor do vinho”

 
Em geral os dois primeiros descortiçamentos do Sobreiro, por sua baixa qualidade, não servem ao fabrico de rolhas, e são direcionados para a produção de outros artigos, tais como carteira, bolsa, tênis, cadeiras, objetos de decoração. Alguns artistas inclusive transformam a rolha de cortiça em verdadeiras obras de arte, como um estilista da Albânia que montou uma peça gigante feita com 230 mil rolhas de vinho e que fica exposta ao ar livre, sendo até uma atração turística do país.

Apenas a partir do terceiro descortiçamento, é que a cortiça coletada poderá ser direcionada para a produção de rolhas, ou seja, ao redor de 43 anos após o plantio da árvore.

É meus amigos, aquela rolinha que nós não prestamos atenção e que na maioria das vezes jogamos no lixo após beber todo o vinho que estava na garrafa, é na realidade um bela dama de 43 anos de idade. Esta é a idade mínima de uma rolha de cortiça, poucos se dão conta disto, mas em geral aquele pedacinho de rolha sem graça e desprovido de charme, e que  veda perfeitamente uma garrafa de vinho, é mais antiga do que a bebida protegida por ela. Uma árvore de 50 anos produz cerca de 45 kg de cortiça por colheita e uma de mais de 80 anos pode produzir até 250 kg.

Em geral nos preocupamos muito com a safra das uvas e nunca prestamos atenção na rolha, o que é um engano já que uma rolha de má qualidade pode transformar o melhor vinho em vinagre ou, no melhor dos casos, alterar o seu sabor. De acordo com Antônio Teixeira, técnico agrícola da região do Minho onde se produz o vinho verde, no  noroeste de Portugal Uma boa rolha ajuda a longevidade do vinho, uma má rolha mata o vinho à nascença"
 
Quase toda a cortiça do mundo provém de velhos bosques cultivados, em Portugal, Espanha e Norte da África. Portugal sozinho responde por 30% da plantação de Sobreiro no mundo, e mais da metade da produção de rolhas de cortiça comercializadas no planeta (10 milhões rolhas/ano). A produção mundial de cortiça é de 340 mil toneladas, 80% proveniente do sul da Península Ibérica.
 
Trinta e quatro por cento do território de Portugal é coberto por bosques de Sobreiro ( 6800 km²). O país produz 50% de toda a cortiça do mundo. A cortiça ocupa a sexta posição na lista de materiais não lenhosos que saem de todas as florestas do planeta. A empresa Amorim & Irmãos de Portugal é o maior produtor e fornecedor de rolhas de cortiça do mundo, com uma produção anual de três mil milhões de unidades, correspondendo a 25% da quota do mercado global da cortiça.

 
Por volta de 1680, o monge beneditino francês Dom Pierre Pérignon, tesoureiro da Abadia de Hautvillers, na França, iniciava-se no uso da cortiça com a qual vedava as garrafas do seu famoso champanhe Dom Pérignon. As rolhas utilizadas para vedar estas garrafas eram cônicas e deviam ser fixadas à elas com massa, fita e barbante para suportar a pressão, sendo depois aperfeiçoadas para o formato utilizado atualmente. A rolha de cortiça para a champanhe foi adotada em 1729 pela Ruinart e em 1743 pela Moët et Chandon, se mantendo até hoje em dia.




No inicio a rolha de cortiça tinha a forma de cubos maciços, com as arestas aparadas, o que dificultava um pouco a vedação das garrafas.  Hoje é possível encontrar-se rolhas de diferentes formatos. Em 1836 foi inventada a máquina de “rabanear” , um aparelho  que corta as pranchas de cortiça em tiras e em 1850 foi inventada a garlopa – máquina para fazer rolhas – por Francisco Vidal y Monner e que produzia 3 a 4 mil rolhas/dia, foi inventada  também máquinas de contar e calibrar rolhas.



No dia 22 de setembro  de 2013 o programa Globo Rural da Rede Globo apresentou duas reportagens sobre rolhas de cortiça muito interessantes, sugiro que vocês deem um olhada
Vídeo sobre o SOBREIRO
Vídeo sobre a Rolha







sábado, 21 de setembro de 2013

HARMONIZANDO VINHO E COMIDA



Todos que são amantes deste néctar dos deuses, em algum momento já passaram por este momento difícil que é o de harmonizar o vinho com a comida. Principalmente quanto queremos oferecer aquele jantar especial e impressionar os convivas com a harmonia perfeita entre os aromas e sabores do vinho com aquela comida especial que nos custou horas e horas de preparação.
 
Além do mais,depois de todo o trabalho em preparar este jantar especial, é mais do que justo desfrutá-lo com um vinho perfeitamente harmonizado desde a entrada até a sobremesa.

Seguramente todos já leram algum dia artigos sobre a harmonização do vinho e comida, mas sempre não custa  relembramos algumas regras básicas para que o momento de degustação daquele vinho seja especial, em perfeita harmonia.

Dando uma pesquisada na internet encontrei este gráfico que dá várias dicas de como combinar vinho e comida, ele pode ser encontrado no site Wine Foly, de Seatle, USA, e foi elaborado por apreciadores de vinho.  Este site vende este gráfico (Pairing Wine & Food Chart-http://winefolly.com/review/5-tips-to-perfect-food-and-wine-pairing/) no formato de pôster. A Vinícola Santa Augusta de Santa Catarina (www.santaaugusta.com.br) traduziu o gráfico e dá também algumas dicas de como fazer este casamento entre vinho e comida.
Se o gráfico parecer um pouco complicado aqui vão algumas dicas de como funciona:
  • Vinho rosé, espumante brut e o demi-sec podem acompanhar todos os pratos da refeição, é o que chamamos de vinho coringa; 
  • Mas para que a refeição fique mais harmoniosa é interessante escolher diferentes tipos de espumantes, assim um Blanc de Blanc vai bem com a entrada, um Brut casa muito bem com o primeiro prato, um Rosé para o prato de resistência e um Demi-Sec para o doce; 
  • Geralmente comidas com muito sabor pedem vinhos mais encorpados e pratos mais delicados, vinhos mais leves; 
  • Carnes e assados pedem, por serem mais gordurosos, vinhos tintos, com mais taninos. A tanicidade dos vinhos tintos, que dá a aspereza que nos seca a boca requer suculência para umedecer o palato, daí a famosa combinação carne vermelha com vinho tinto. Se o prato tiver alto nível de sabor ele deve ser acompanhado por vinhos encorpados e de igual porte, caso contrário um ofusca o outro; 
  • Alimentos ácidos pedem vinhos doces ou alcoólicos, uma vez que a maciez nos vinhos (sensação dada pela doçura e pelo álcool) se contrapõe à aspereza da acidez dos alimentos; 
  • Patos e coelhos se harmonizam com tintos encorpados e aromáticos, enquanto frangos e perus, com brancos igualmente encorpados ou tintos frutados; 
  • Peixes e frutos do mar, mais suaves, vão melhor com os brancos. Contudo peixes de paladar mais forte, como salmão, se dão bem com vinhos brancos mais encorpados ou espumantes secos; 
  • Além de saladas, frutos do mar e doces, os brancos são ideais com: aspargos, choucroute, cozinha chinesa, cozinha japonesa, cozinha tailandesa, curries, escargots, foie gras (escalope e terrine), rãs; 
  • É preferível oferecer vinhos brancos e espumantes doces à hora da sobremesa; 
  • Comida japonesa encontra seu acompanhante perfeito nos espumantes brut branco e brut rose; 
  • Para pratos orientais, como comida tailandesa, picantes e aromáticos, é recomendável um vinhos brancos perfumados e macios como um Sauvignon Blanc; 
  • Sopas cremosas podem ser acompanhadas por jerez (vinho seco) em cálice pequeno; 
  • Para um spaghetti al sugo de um modo geral, devemos escolher vinhos brancos de boa acidez e tintos mais jovens, para harmonizar com a leveza da massa e a acidez do tomate (chardonay, sauvignon blanc, chianti); 
  • Os queijos frescos e leves, queijo minas, ricota, prato e cheddar são bons aliados para os vinhos.

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