domingo, 11 de outubro de 2015

INAUGURANDO A NOVA PANELA LE CREUSET

Em abril de 2000 participei do International Astronautical Federation Specialist Symposium “Bringing Space into Education”, na sede da Universidade do Espaço, em  Bischenberg, uma cidadezinha próxima a Strasbourg, na região da Alsácia, França. Uma das coisas que eu mais me recordo desta viagem é dos almoços servidos, sempre na mais aprimorada cozinha francesa, com patês, pratos fantásticos e deliciosos e claro,  devidamente acompanhados de um belo vinho francês. 

Esta história de fazer um almoço correndo, feijão com arroz, ou engolir um sanduíche qualquer na primeira lanchonete da esquina, nem pensar. Os almoços eram verdadeiras ode a boa culinária.Uma noite foi oferecido um jantar de confraternização para os participantes do simpósio, mais ou menos 70 pessoas, na Le Caveau Lorentz Klipfel, na  vinícola Domain Lorenz Klipfel (http://www.klipfel.com/index.php), em Bar, que fica a 30km a sudoeste de Strasbourg. 



Nesta cave tem também um museu onde estão expostos utensílios para a vinicultura, barris de carvalho com mais de um século e até 200 hl. Além disso, há uma coleção de vinhos antigos, como os das safras de 1921, 1929, 1939, 1942, 1943, 1945, 1959, guardados em suas prateleiras cobertos de pó.  Este museu é único na Alsácia e dá uma ideia da evolução da vinicultura na região através dos tempos.

 A Casa Klipfel foi criada em 1824 por Martin Klipfel e hoje é um negócio de família, com 40 ha de vinhedos. Atualmente a Casa é dirigida por  Jean-Louis Lorentz-Klipfel, juntamente com suas três filhas, Anne-Sophie, Marie e Amelie. A cada ano são vendidas 1,5 milhões de garrafas e as  exportações representam 20% das vendas em mais de 25 países, especialmente na Europa, mas também nos Estados Unidos, China, Rússia e Austrália.  

Seus vinhedos "Appellation Alsace Grands Crus" (Kirchberg Barr Kastelberg, Wiebelsberg) representam 14 hectares. Os Crémant d'Alsace são produzidos usando o método tradicional em conjunto ou em mono varietal, como o 100% Chardonnay Espumante, Crémant d'Alsace Brut Rosé (100% Pinot Black) preto ou branco. A casa produz ainda vinhos Riesling, Pinot Gris, Pinot Noir Rosé, Gewurztraminer Cuvée. 

É na antiga adega da Casa Klipfel, construída em 1818, hoje transformada em um restaurante que eles recebem clientes de todo o mundo para degustação ou como foi no nosso caso um jantar de confraternização, cujo menu era um cozido típico da região, harmonizado com vinhos da casa e servidos nas magnificas panelas Le Creuset (http://www.lecreuset.com.br/), o sonho de todo bom cozinheiro. 

Este foi o meu primeiro contato com estas panelas, como eu adoro cozinhar fiquei literalmente vidrada nelas assim que puseram uma sobre a mesa, com o cozido, bem na minha frente.  Ainda me recordo, era ovalada e na tradicional cor laranja da Le Creuset. Desde este momento fiquei sonhando com uma panela destas na minha cozinha. Eu até esqueci que vinhos tomamos no jantar.  

Apesar de a subsidiária no Brasil ter sido criada em 1999, na época da minha viagem a França, não era muito fácil encontrar estas panelas nas lojas especializadas. Além disso, também não haviam  muitas lojas da marca Le Creuset pelo país, hoje é possível encontrar em vários Shopping Centers  de norte a sul. Havia um outro probleminha, as panelas eram e ainda são caras. A panela comemorativa aos noventa anos da marca, que foi produzida numa edição comemorativa de 1925 peças (ano de criação da Le Creuset) e nas cores originais laranja com vermelho, custa só a bagatela de R$6.000,00.

As panelas são um sucesso no mundo todo. Além delas em 1991, a empresa adquiriu  a americana Hallen International Inc, fabricante de acessórios para vinho e bar através da marca Screwpull, tendo ampliado a linha de saca-rolhas Screwpull  em 1993. Em 1996 foi lançada uma nova linha Screwpull, chamada “In Vino”. Vocês encontram utensílios de vinhos da Le Creuset nas boas lojas de vinho. 

Bom, depois de enrolar por muitos anos resolvi me dar de presente duas panelas Le Creuset, na cor vermelha, e nada melhor para comemorar este momento e fazer um test drive das panelas, que preparar um jantar harmonizado com bons vinhos e espumante, para o grupo de amigos, que visitaram junto comigo a Villa Bari, vinicola na zona rural de Porto Alegre, RS. Assim, lá fui eu para a cozinha para o grande momento da estreia das panelas. O espumante e os vinhos foram ofertados por um dos amigos do grupo.


Como aperitivo foram servidas bolachinhas de arroz (rice crack), com um patê de queijo tipo quark, nata e temperos a gosto (sal, pimenta, páprica) misturado com temperos verdes (salsa e cebolinha) bem picados, preparado por uma das amigas do grupo, uma delicia  e também foi servido pão baguete para molhar no azeite extravirgem. 

Tudo isto foi acompanhado por um espumanti Ferrari Maximum Brut, produzido pela Vinícola Ferrari (http://www.ferraritrento.it/), da região de Trentino, Trento D.O.C.,  com uvas 100% chardonnay de vinhedos em  Trento, Val d'Adige, Val di Cembra e Valle dei Laghi, Itália, entre 300 e 700m de altitude, amadurecimento de mínimo de 36 meses sobre as leveduras na garrafa, estimativa de guarda de 5 anos. 

Este espumanti de cor palha com reflexos dourados, brilhante, perlage fino e duradouro, corpo médio,  grande personalidade na boca, harmônica e persistente, moderadamente fresco e sem madeira, harmoniza bem com carpaccio de robalo, trilhas fritas, grelhado de lagostins e cogumelos frescos, lulas recheadas com alho, salsinha e pão banhado no azeite extravirgem, tempura, sushi e sashimi.  

 Apresenta graduação alcoólica de 12,5° GL e a temperatura de serviço é de 7°C. Recebeu as seguintes premiações: DUEMILAVINI 2009: 4 ''grappoli'' em 5. O Melhor Produtor de Espumantes de 2015 no mais importante concurso de espumantes do mundo: The Champagne and Sparkling Wine World Championships.

Não confundam a Cantine Ferrari, fundado  em 1902 por Giulio Ferrari com a scuderia Ferrari fundada em 1947 por Enzo Ferrari, não há nenhuma relação a não ser a excelência dos produtos gerados por ambas Ferraris.
Ferrari  é o maior nome da Itália na produção de espumantes pelo método Clássico, é um verdadeiro mito na Itália tal como a scuderia. Giulio Ferrari era um enólogo que decidiu iniciar uma produção de espumantes no Trentino, sua terra natal,  inspirado em visita que havia feito à região de Champagne, na França. Na época a produção era pequena. Em 1952  ele vendeu sua vinícola para Bruno Lunelli, proprietário do mais famoso bar de vinhos de Trento, sendo  a produção na época de apenas 10.000 garrafas ao ano, mas atualmente ela chega a  4,5 milhões de garrafas.

Honestamente, este espumanti é uma verdadeira Ferrari Testarossa, icônica e maravilhosa. Como estratégia de marketing a empresa é patrocinadora de eventos de expressão mundial, tais como o Oscar e o prêmio Nobel. A garrafa custa em torno de R$210,00, mas vale cada centavo gasto, é uma boa opção para festejar o Ano Novo ou celebrar qualquer outro momento importante. 

O prato principal foi frango montanhês, preparado com tempero especial para frango (ervas finas, sal, pimenta e um pouco de curry). O frango ficou neste tempero por 4 horas e posteriormente foi devidamente cozido na panela nova Le Creuset. Foi servido sobre uma  cama de cogumelos com alcaparras, acompanhado de feijão branco cozido na gordura utilizada para fazer o frango e arroz negro. 


Esta delicia foi harmonizada com um Couly-Dutheil Chinon La Baronie Madeleine 2009 (http://coulydutheil-chinon.com/vins-couly/), 100% cabernet franc, da região do Loire, França, com vinhedos localizados a leste de Chinon, Chinon A.O.C. Na região onde estes vinhedos estão localizados o clima é semi-oceânico, influenciado pela proximidade do rio Loire. A floresta de Chinon ao norte dos vinhedos oferece proteção contra os  ventos mais rigorosos. 

De coloração violácea de média intensidade, luminosa, aromas de frutas negras, especiarias, ervas e tabaco, com perfume final de alcaçuz. Com corpo médio, moderadamente tânico e fresco, sem madeira. Graduação alcoólica de 13° GL, estimativa de guarda de 8 anos e temperatura de serviço de 16°C. 

Vinho bem estruturado, com aroma acentuado e bastante aveludado em boca, formando um casamento perfeito com o frango montanhês, realçando o sabor da comida. Harmoniza bem com pequenas aves assadas, tipo perdiz, cordona e faisão, com  medalhão de vitela, envolvido em lardo e ervas, assado na brasa, fraldinha mal passada, servida com gratin de couve-flor. A garrafa custa R$96,00.

A sobremesa foi uma tapioca recheada com leite condensado e côco em flocos, acompanhada com uma bola de sorvete de leite condensado, decorada com calda de chocolate, palitinho de chocolate  e cerejas em calda. 

Nada como um bom jantar, com excelente vinhos e a maravilhosa companhia de amigos. 

Ah! Amei cozinhar na panela nova.

Se beber, não dirija!





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