quarta-feira, 24 de maio de 2017

ENCONTRO COM FILIPA PATO


No dia 20 de  maio, tivemos  o prazer da visita da enóloga Filipa Pato em Porto Alegre, num encontro organizado pela enóloga Maria Amélia Flores, da Vinho e Arte. Na ocasião foram degustados vinhos Bairrada, Portugal, produzidos pela vinícola Vinhos Doidos de sua propriedade e de seu marido William Woutres,  sommelier  e restaurateur, belga
Filipa é filha do ícone Luis Pato, cuja família há cinco gerações se dedica à criação de vinhos na Bairrada. A filosofia comum a todas elas baseia-se na inovação da viticultura e enologia em cada colheita, numa busca incessante pelo aperfeiçoamento da casta Baga. 

Luís Pato foi o responsável por fazer com que a uva Baga desse origem a alguns dos melhores vinhos tintos da região da Bairrada. A “domesticação” desta variedade de uva foi um verdadeiro feito, uma vez que ela tendia a produzir vinhos excessivamente tânicos, ácidos e de pouca concentração. Atualmente, ela é considerada uma das maiores uvas portuguesas ao lado da Touriga Nacional, e utilizada por Filipa Pato para produzir seus excelentes vinhos. 

Filipa está entre os melhores enólogos e produtores portugueses, de acordo com Jancis Robinson, conceituada jornalista inglesa,  critica e escritora sobre vinhos, que além de escrever diariamente para o seu website, também tem uma coluna semanal sobre vinhos para o Financial Times e presta assessoria para a adega da Rainha Elizabeth II. 

Hugh Johnson, autor Britânico e especialista em vinhos, considerado o escritor de vinhos mais vendido do mundo, lhe conferiu três estrelas em seu Pocket Wine Book 2014.

O encontro começou com Filipa contando um pouco da sua história como produtora de vinhos. Com formação em Bordeaux, estágios na Austrália, Argentina e França, Filipa, que tem paixão pelas variedades de uvas tradicionais da Bairrada e do Dão, deu inicio ao seu projeto de produzir seus próprios vinhos aos 25 anos de idade, com a ajuda da avó Maria Tereza Pato que lhe cedeu, em 2001,  vinhedos e uma vinícola de 1888.
Este projeto consiste em trabalhar num total de 12 hectares de vinhas espalhadas em várias parcelas em toda a região da Bairrada de Portugal. O foco do seu trabalho é o resgate da uva Baga, e também, utilizando práticas de agricultura biodinâmica e vinificação de intervenção mínima, Filipa e seu marido, como bem diz o logotipo de vinícola, produzem Vinhos Autênticos Sem Maquilagem

A parte divertida do encontro foi quando ela contou porque atribuiu o nome "Nossa" a um de seus vinhos ícones. Em 2007 Filipa veio ao Brasil acompanhada de William, seu marido, que na época ainda era apenas amigo, mas que nesta viagem se transformou em seu namorado. Ela veio a convite de sua importadora a Casa Flora/Porto a Porto, para o lançamento do seu vinho Lokal Silex 2004. A escritora Silvia Cintra Franco ao experimentar o  primeiro gole deste vinho exclamou, "nossa! como é bom!".

De tanto ouvir esta exclamação tão típica no Brasil, ela ficou marcada para William, que é poliglota, mas na época não falava português. Desta forma,  quando foram criados os dois vinhos da Vinhos Doidos, Nossa e Bossa (tributo à Bossa Nova), eles decidiram adotar um nome que marcasse esta época da vida deles, o início de namoro. Além do mais, "Nossa" é uma palavra fácil de ser pronunciada pelos  ingleses, um dos marcados onde Filipa mais atua, além do Brasil. 

O vinho Bossa é um vinho de festa, de volume, fácil e simples de beber feito com a casta Maria Gomes e o Nossa é mais elaborado, complexo e fez parte da degustação, que teve início logo na chegada a Vinho e Arte, quando fomos recebidos com uma taça do Espumante 3B Rosé, Brut, feito com uvas Baga e Bical. 

Espumante de cor salmão, brilhante com borbulhas numerosas e intensas, com aromas de morango, framboesa e algum toque de tostado. Seco no paladar, frutado conjugando leveza e persistêncua com acidez mineral. 
Para o seu amadurecimento a uva Baga é fermentada em barris de carvalho usados e a Bical em tanques de aço inoxidável com controele de temperatura de 18°C. A segunda fermentação ocorre em garrafa, com método tradicional. Sua graduação alcoólica é de 12%, harmoniza bem com salmão e frutos do mar. 

É um excelente vinho de entrada em comemorações e foi um presente de boas vindas aos participantes do encontro. 

Na sequência foi degustado o vinho FP Branco Bical Arinto, safra 2013, 50% Bical e 50% Arinto, da região de Beiras. Vinho branco com aromas de abacaxi e maçãs, com  notas de iodo e sal, devido à influência atlântica, assim como notas defumadas características do solo calcário.

Apresenta aromas de ananás, característico da uva Arinto e de pera e maçã, característicos da Bical. Vai bem com pratos de peixe e marisco, casquinha de siri,caranguejo de casca mole e lagosta ao vapor.  

O terceiro vinho degustado foi o FP Tinto Baga, safra 2015, da região de Beiras,com  98% de Baga, 1% de Bical e 1% Maria Gomes.  Vinho de cor vermelho rubi, com aromas de frutas vermelhas maduras e notas de defumado. No paladar é seco, tem acidez equilibrada,corpo médio, taninos maduros e elegantes. 

Vai bem com carnes vermelhas, churrasco e carnes assadas, porém sua harmonização clássica é o leitão da Bairrada.  

O quarto vinho degustado foi o Nossa Calcário Branco, safra 2015, Bical, da região de Óis do Bairro, Beiras, de um vinhedo único e antigo, uma das paixões de Filipa. 

A aldeia de Óis do Bairro é reconhecida pela excepcional qualidade de seus vinhos. Com subsolo extremamente argiloso com pedra calcária, seu clima tem forte influência atlântica, e sua viticultura tradicional. 

Este vinho é um branco para ser apreciado refrescado e harmoniza com peixes, vitela no forno, galinha do campo e queijos curados de pasta dura.

Mas o vinho que agradou a todos no encontro, a estrela, foi o Filipa Pato Nossa Calcário Tinto DOC Bairrada, Baga, safra 2013,  que também tem sua origem na região de Óis de Bairro, onde estão os "Grand Cru" da Bairrada. 

É elaborado a partir de vinhas com mais de 80 anos, de cor rubi intenso, apresenta aromas de frutas vermelhas com notas de menta e tabaco. Em boca, é seco, encorpado, com boa acidez e taninos muito bem estruturados.

Repousa por 18 meses em pipas de 500 litros de carvalho francês grão fino, 80% usado e 20% novo. Todas as garrafas são lacradas manualmente com cera natural de forma a garantir um bom envelhecimento em cave.

Teor alcoólico 13% vol. , tempo de guarda acima de dez anos, e a temperatura de serviço abaixo de 18 graus. É uma excelente opção para jantares requintados, harmonizando com pato ao forno, caça, javali, porco, pratos delicados, não excessivamente apimentados e queijos de fabrico tradicional. 
É claro que eu tratei de adquirir a minha garrafa  com direito a autógrafo da Filipa Pato.

O último vinho a ser degustado foi o Sidecar, o vinho de ânforas elaborado em uma parceria entre Filipa e Susana Esteban.  Esta enóloga espanhola criou o projeto Sidecar, onde ela desafia enólogos ou pessoas ligadas ao assunto para elaborar um vinho na sua adega, em Mora, na região do Alentejo, Portugal. 

Susana lança o desafio e vai "de carona", pois é o convidado quem define o que fazer. Por esta razão o nome Sidecar para o projeto, como são chamadas as motocicletas com dispositivo lateral para acompanhante, que inclusive está no desenho do rótulo, assim como as ânforas. 
É um vinho de  autor que mistura as castas tradicionais da Serra de São Mamede, no Alentejo, com a uva Baga de vinhas centenárias da região da Bairrada. Colheita manual, fermentação alcoólica 50% em lagares de carvalho francês e 50% em tanques de inox com temperaturas controladas. Amadurecimento em pipas de carvalho.

Com cor vermelho rubi, aroma de frutas vermelhas maduras e notas de defumado. No paladar é seco, acidez equilibrada, corpo médio, taninos maduros e elegantes. Vai bem com carnes vermelhas, churrasco e carnes assadas, harmonização clássica é o leitão da Bairrada.

Sem dúvida um encontro para lembrar. 


Se beber não dirija!

quinta-feira, 18 de maio de 2017

COMEMORANDO O ANIVERSÁRIO EM MENDOZA

    Este ano decidi que não iria fazer uma festa para comemorar o meu aniversário, planejei viajar para festejar a data. Comentei isto com uma amiga de mais de 40 anos que faz aniversário um dia antes de mim, e acertamos de celebrar nosso aniversário visitando vinícolas e tomando o "bom vinho da casa" em Mendoza, Argentina.
       Como ela faz aniversário no dia 24 de abril e eu no dia 25, decidimos embarcar rumo a nossa aventura enogastronômica de uma semana, no dia 26 de abril, decididas a aproveitar tudo de bom que Mendoza poderia nos oferecer, entre elas a magnifica visão dos picos nevados da Cordilheira dos Andes.
       Mendoza é a capital e a maior cidade da província de Mendoza, sendo importante pólo produtor de vinho, azeite e frutas. Me recordo que a primeira vez que estive lá, há mais ou menos 12 anos, eu fiquei simplesmente fascinada pelos pêssegos e damascos produzidos na região, e disponível todos os dias no café da manhã do hotel.  
     A região metropolitana de Mendoza é responsável por 70% da produção vinícola da Argentina e ocupa o 5º lugar no mundo. Mais de 1.200 vinícolas estabelecidas na região produzem 1 bilhão de litros de vinho por ano, sendo que mais de 100 vinícolas estão preparadas para receber visitantes. 
    O terroir mendocino, apresenta caraterísticas importantes, que confere a excelente qualidade dos vinhos ali produzidos, entre eles está a altitude que varia entre 900 a 1.800m, solo desértico, chuvas escassas, vento seco e sol inclemente (cerca de 300 dias de sol por ano) e baixa umidade.  Estas características fazem da região o terroir perfeito, afastando os insetos, pragas e fungos. 
      O clima semi-árido da região faz com que a amplitude térmica entre o dia e a noite seja grande, assim os dias quentes propiciam mais açúcar as uvas e as noites frias favorecem a produção dos taninos. 
     Mendoza no verão é horrível de quente, ainda bem que a cidade é bastante arborizada, o que baixa as temperaturas e torna o ambiente mais agradável. 
     Além dos vinhos e vinícolas, Mendoza é também um excelente lugar para a boa comida, o turista encontra restaurantes, bistrôs e cafés maravilhosos, para se deliciar com a culinária local e passar momentos agradáveis. 
    Um destes locais é o Bute - Buenas Tertulias - Café, Restaurante e Bar, localizado ao lado do Hotel Hyatt, em frente a Praça Independência. É um café pequeno mas maravilhoso, que nós descobrimos por acaso, mas depois fomos lá todos os dias para desfrutar do ambiente charmoso e agradável. A música ambiente é feita principalmente por uma coleção preciosa e de excelente qualidade da mais pura  bossa nova. Acredito que muito poucos brasileiros tenham uma coleção sobre musicas da bossa nova, com a mesma qualidade que o Bute café tem, além de uma  bela coleção de jazz e soul. 
     Iniciamos nossa aventura mendocina visitando algumas vinícolas e também uma olivícola boutique.  Desde que me conheço por gente, sei da boa qualidade das azeitonas Argentinas, principalmente aqui no Rio Grande do Sul, onde se pode adquiri-las com facilidade apenas cruzando a fronteira para fazer compras no países vizinhos, Argentina e Uruguai. 
      A primeira vinícola que visitamos foi a Bodega Don Manuel Villafañe, pertencente a Tomás Machado Villafañe e sua  família, localizada no departamento de Maipú e emoldurada pela cordilheira dos Andes. 
      A história da família Villafañe remonta a 1611, quando Don Miguel veio da Espanha para a Argentina, como soldado, para lutar contra os piratas ingleses que atacavam os navios espanhóis. Mais tarde ele decidiu se fixar no país como fazendeiro e tornou-se um pioneiro como produtor de vinho na Argentina, sendo um dos primeiros a se dedicar a esta tarefa. Naquela época seu objetivo principal era produzir vinho para os padres e, posteriormente, para os colonos, que vieram para o Novo Mundo em busca de novas oportunidades. 
      A Bodega Villafañe é uma vinícola boutique, estando assim focada na elaboração de uvas colhidas a partir de vinhas pequenas, com baixa produção mas de alta qualidade, plantadas em solo pedregoso. São 80 hectares de vinhas em torno da adega, com variedades como Malbec, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Petit Verdot e Chardonnay. 
       O vinhedo está localizado na cama de um rio pré-histórico, produto do derretimento do gelo da montanha. O solo é extremamente pedregoso, composto de rochas erodidas pela água. A produção da vinícola é muito pequena, oscilando entre 5.000 a 7.500 kgs por hectare. A colheita é feito à mão, em pequenos recipientes de 16 kgs., ao amanhecer  de modo que as uvas cheguem  em uma adega fresca. 
      Após a visita ao vinhedo e as dependências da vinícola, passamos a degustação de dois vinhos.
      O primeiro que degustamos foi o Don Manuel Villafañe Malbec Reserva, safra 2014, feito com 100% de uvas malbec, originárias do vinhedo Finca Pedriel, Lujan de Cuyo, Mendoza.
      Envelhecido em barrica de carvalho francês por 12 meses e 12 meses em garrafa, apresenta coloração púrpura intenso, excelente ao paladar, com aromas de ameixas, cerejas e trufa, e a medida que o tempo passa aparecem os aromas de chocolate, café e baunilha. Seu teor alcoólico é de 14,40% vol. A safra de 2008 e 2013 receberam 91 pontos da Wine Enthusiast, a safra de 2009 recebeu a medalha de Prata da Vinus.
       O segundo vinho que degustamos foi uma assemblage de excelente qualidade, o Don Manuel Villafañe Cabernet Franc e Petit Verdot, elaborado com 80% de uvas Cabernet Franc e 20% Petit Verdot, cultivadas em vinhedos a 900 metros de altitude.  
      Com tons avermelhados de boa intensidade e clareza, apresenta aromas de grande expressão e tipicidade varietal, com notas de creme de cassis e mirtilos, combinados com especiarias como cravo. Em boca sentem-se maduros, doces, redondos, untuosos taninos largos e untuosos no meio do paladar, tem um acabamento muito longo. Seu teor alcoólico é de 14,3% vol. 
      Na taça pode-se notar a diferença de coloração entre um vinho e outro, com o Malbec de cor púrpura na taça a esquerda e o Cabernet Franc/Petit Verdot, mais avermelhado,  na da direita. 
       Atualmente a Bodega Villafañe exporta vinhos para sete diferentes países, infelizmente o Brasil não está entre eles, bem como abastece o mercado interno argentino. 
     Na sequência fizemos uma visita a Olivícola Boutique Pasrai que está localizada no departamento de Maipú, Mendoza, zona ideal para o cultivo de azeitonas de excelente qualidade. A Pasrai é uma empresa familiar de Mendoza, que se dedica a elaboração de frutas desidratadas e de azeite de oliva extra virgem. 
    Visitamos a fábrica boutique onde é elaborado o azeite de oliva extra  virgem (porcentagem de acidez menor que 0,8%) pelo método tradicional  de extração utilizando prensa hidráulicas, que dá a azeitona sabor, aroma e textura únicos. 
      A empresa produz vários tipos de azeites com diferentes sabores, além de pasta de grão de bico, e de azeitonas e creme e sabonete de azeitonas. Após a visita as instalações da fábrica nos foi oferecida uma degustação dos vários tipos de azeites, uma verdadeira delicia. 
     Como não poderia deixar de ser eu tratei de comprar alguns azeites para mim, com diferentes sabores. Eu comprei o trio azeite extra virgem com limão, com alecrim e com alho. Verdadeiras maravilhas. 
     Começamos bem, a nossa aventura enogastronômica, depois desta visitamos mais duas vinícolas. 

Se beber não dirija!

sábado, 13 de maio de 2017

A SABORES DO SUL NOS LEVA A VINÍCOLA SALTON

No domingo passado, dia 07 de maio, a Revista Sabores do Sul, de Novo Hamburgo, programou um tour para a Vinícola Salton em Bento Gonçalves, com direito a degustação de vinhos e um típico almoço da colonia italiana do Rio Grande do Sul.  
A Revista Sabores do Sul foi lançada em 24 de outubro de 2004, e  tem como objetivo "mostrar os melhores restaurantes gaúchos, os pratos clássicos que nunca saem de moda, as inovações à mesa, os grandes chefs em atuação no Rio Grande do Sul, bem como as demais novidades deste importante setor em constante crescimento". 

Ao chegarmos ao ônibus que nos levaria para Bento Gonçalves já tivemos a grata surpresa de sermos presenteados com o Livro de Receitas Sabores do Sul-Volume 2, onde há mais de 80 receitas de sucesso dos melhores chefs, restaurantes e confeitarias do Rio Grande do Sul. Fomos presenteados também com a edição 64 da revista, onde está a relação dos 138 vencedores do maior prêmio da Gastronomia Gaúcha. 

A Vinícola Salton foi constituída em 1910, quando os irmãos Salton, filhos de Antonio Domenico Salton, deram cunho empresarial aos negócios do pai, que em 1878 partiu da região do Vêneto, Itália, a procura de melhores oportunidades no Brasil. Ele se instalou na colônia italiana de Vila Isabel, onde fica a cidade de Bento Gonçalves, um dos maiores polos vinícolas do país. 
Naquela época, como muitos imigrantes italianos ele vinificava, dando assim origem a esta vinícola, que hoje é a mais moderna do país, com a característica de que continua sendo uma empresa familiar e 100% brasileira. A vinícola está presente nas mais importantes regiões produtoras do estado, a Serra Gaúcha, a Serra do Sudeste, os Campos de Cima da Serra e a Campanha Gaúcha e produz em torno de 16 milhões de litros de vinho ao ano. A empresa possui o ISO 9001 desde 2013 e no momento está tomando ações para a conquista do USO 14001. 

A visita a vinícola teve início pela galeria do Centenário, onde a história da empresa é contada por meio de pinturas de autoria do pintor Cristiano T. Fabris, feitas entre 2009 e 2013. Nesta galeria (foto do meio) estão retratados 24 painéis, pintados em técnica monocromática, onde os modelos são os enólogos, diretores, funcionários e colaboradores da vinicola. Apenas os produtos da Salton são pintados em cores, dando-lhes, assim, destaque. Em outra ala da empresa, há uma reprodução da Santa Ceia (foto da direita), onde no lugar dos apóstolos estão todos os diretores da vinícola. 
Posteriormente, visitamos as instalações onde são feitos os vinhos, com maquinário moderno, tanques  de fermentação em  aço inoxidável, as auto-claves, a linha industrial, a cave das bordalesas, onde estão 1500 barricas de carvalho francês onde os vinhos descansam, e a galeria das pipas de madeira que eram utilizadas na empresa nos seus primórdios. 
Na sequência fomos recebidos na Sala de Degustação ao lado da loja, onde degustamos alguns dos produtos produzidos pela vinícola. 


Começamos pelo Salton Paradoxo Chardonay, da Linha Contemporâneo, com terroir na Campanha Gaúcha. Esta linha  é dedicada a elaboração de um vinho com frescor no conceito e mais descomplicado, mais moderno, focado no consumidor jovem adulto. 

É um vinho leve, de cor amarela com reflexos esverdeados, com aromas predominantemente de frutas cítricas, notas de baunilha e chocolate, corpo consistente e final de boca frutado. Como a maioria dos vinhos brancos é de consumo rápido, a temperatura de serviço é 7º a 10º C e seu teor alcoólico é de 13,5 % vol. 

Harmoniza muito bem com queijos maturados de pasta mole (Brie, Camembert), massas com molho branco ou molhos leves, carnes brancas grelhadas, peixes assados, principalmente os com molhos leves. 

O segundo vinho degustado foi o Salton Intenso Marselan e Teroldego, safra 2014, desta mesma Linha Contemporâneo, cujo terroir é a Serra e a Campanha Gaúcha. 

Apresenta uma coloração bordô vibrante, aromas de frutas negras e vermelhas, como framboesa, mirtilo e cereja, e notas de especiarias, hortelã e violetas. Seu sabor é robusto, de agradável acidez e final de boca refinado. É um vinho de meia guarda, com graduação alcoólica de 13,0% vol. e a temperatura de serviço é de 16º-18º C. Harmoniza muito bem com tábua de queijos, embutidos, massas com molhos à base de tomate e carnes assadas com ervas aromáticas.

O terceiro vinho degustado foi o Salton Talento, safra 2011, da Linha Adega, que é composta pelos vinhos Talento, Virtude e Desejo, que são as marcas que transmitem perfeccionismo, sofisticação e noção de terroir, são dedicados para quem já é conhecedor, trazendo novas experiências ao paladar. 

Este vinho é um corte das uvas Cabernet Sauvignon (60%), Merlot (30%) e Tannat (10%), cuja fermentação e maceração pode durar até 20 dias,  e posteriormente amadurecido, em cave, em barricas de carvalho francês novo, por 12 meses, permanecendo depois mais 12 meses na garrafa para adquirir complexidade e harmonia, com a formação do bouquet. 

Seu terroir é a Serra e a Campanha Gaúcha, é um vinho de guarda, encorpado, com graduação alcoólica de 13,5% vol. Apresenta boa estrutura, coloração roxo intenso, sabor intenso e taninos macios, aromas de frutas vermelhas, chocolate, cogumelo. Harmoniza muito bem com carnes vermelhas, de caça, queijo forete e massas codimentadas. É um dos vinhos emblemáticos da Salton e foi escolhido para ser oferecido aos Papas bento XVI e Franciso I, quando vieram em visita ao Brasil. 

Por último degustamos o espumante Salton Evidence Brut, uma assemblage de uvas Chardonnay e Pinot Noir, também da Linha Adega com terroir na Serra Gaúcha. 

Espumante elaborado pelo método champenoise, cujo 20%  do mosto foi fermentado e mantido com sua leveduras em barricas de carvalho francês por um período de 6  meses.  Apresenta cor amarelo palha com refelxos dourados, aromas de frutas cítricas, maçãs, flores do campo e baunilha. Vinho de comsumo rápido, de sabor elegante, cremoso, com bom corpo e harmônico. 

Seu teor alcoólico é de 12% vol. e a temperatura de serviço é 6º a 7ºC, ideal para ser servido como aperitivo e harmoniza muito bem com frutos do mar, mariscos e aves trufadas. 

E para fechar com chave de ouro a nossa visita a Salton, foi oferecido um almoço na Cave de Pedra da vinícola, cujo cardápio era tipicamente italiano 
Como entrada foi servido uma tábua de frios com salame, copa, queijo e pão, harmonizado com o Espumante Salton Brut, da Linha Fantasia, que é dedicada a produção de espumantes sofisticados e modernos. 

O Salton Brut, elaborado pelo método charmaté uma assemblage de uvas Chardonnay, Prosseco e Trebiano, com terroir na Serra Gaúcha. Vinho de consumo rápido, brilhante, com tonalidade palha e reflexos esverdeados. Apresenta boa formação de espuma e boa persistência, aromas de flores e frutas cítricas, maçã verde, corpo leve, de sabor fresco, agradável e cremoso. 

A temperatura de serviço é de 6º a 8ºC  e teor alcoólico de 11,5% vol., pode ser servido como aperitivo e harmoniza muito bem com queijos suaves, frutos do mar e pastas suaves.

Em seguida foi oferecida uma deliciosa sopa de capeletti, salada de radicci (almeirão) com bacon, mix de folhas com salame e parmesão, que acompanharam muito bem um macarrão com molho vermelho, galeto “al primo canto”, costelinha suína (deliciosíssima), polenta mole (dos deuses) e para finalizar um spaghetti à carbonara. 

Para harmonizar com esta comida tipicamente italiana, calórica e com gordura foram oferecidos os vinhos da Linha Contemporâneo, Salton Paradoxo Cabernet Sauvignon e Salton Paradoxo Merlot. 


O Salton Paradoxo Cabernet Sauvigon, com terroir na Campanha Gaúcha, é um vinho de meio guarda que passou por barricas de carvalho norte-americano para amadurecer por seis meses e, posteriormente engarrafado onde permaneceu por mais seis meses, repousando nas caves da vinícola. Seu teor alcoólico é de 13,5%vol. e a temperatura de serviço é de 15º a 18ºC. 

Com coloração rubi com nuances de violáceos, é um vinho de corpo médio, com aromas com notas de pimentas, frutas negras frescas, tabaco e carvalho, com agradável equilíbrio entre o vinho e a madeira. Têm adstringência equilibrada, estrutura média e harmonizou muito bem com o menu do almoço, uma vez que acompanha carnes vermelhas, pimentões recheados, massas condimentadas com molhos vermelhos e com carnes, como o macarrão com molho vermelho que foi servido. 


O Salton Paradoxo Merlot, também com terroir na Campanha Gaúcha, passa por barricas de carvalho, 50% francês e 50% norte-americano, onde permanece por seis meses. Após o engarrafamento permanece, por seis meses, envelhecendo nas caves da vinícola. 

Vinho de meia guarda, com corpo médio, de coloração bordô, com aromas com notas de frutas vermelhas maduras e notas balsâmicas, que ressaltam os aromas próprios da passagem por barricas de carvalho. Tem boa acidez, seus taninos são maduros e untuosos e boa persistência. 

Harmonizou adequadamente com o spaghetti a carbonara. Este vinho vai bem com queijos de pasta dura e maturação média, risoto com cogumelos frescos e com carnes vermelhas com molhos. 

Como sobremesa foi servido um sagu com creme que harmonizou adequadamente com o Espumante Salton Moscatel, da Linha Fantasia, com terroir na Serra Gaúcha. 


Este espumante, de corpo leve e consumo rápido, é elaborado com uvas da variedade Moscato, pelo método charmat, fermentado em tanques de aço inoxidável herméticos. 

Com coloração claro esverdeada, brilhantes com grande desprendimentos de finas borbulhas, formação abundante de espuma branca e fina. Com aromas de flores brancas, cítricos, maçã, pêssego, tem sabor levemente ácido, equilibrado com seu sabor doce, cremoso, deixando muito sabor de fruta na boca. 

Este tipo de espumante harmoniza muito bem com sobremesas doces como tortas, saladas de fruta, mousse, pudim, sorvetes, pizzas e queijo gorgonzola. 
Foi realmente uma experiência muito agradável. 


Se beber não dirija!


Mudanças climáticas: Como elas estão afetando a vitivinicultura nos quatro cantos do mundo

  Mudança climática se refere as transformações de longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Essas alterações podem ser naturais, poré...