sábado, 15 de setembro de 2012

VALE DOS VINHEDOS CONQUISTA SUA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM



No dia 11 de setembro de 2012 o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), anunciou que os vinhos e espumantes do Vale dos Vinhedos, localizado entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, terão a Denominação de Origem (DO), tal como os vinhos mais famosos do mundo. O Vale dos Vinhedos é a primeira região com classificação de D.O. de vinhos no país.
A Denominação de Origem é a designação dada em vários países aos vinhos originários e tradicionalmente produzidos em uma região específica, cuja qualidade ou caraterísticas se devem essencial ou exclusivamente ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos. Para conseguir esta certificação todo o processo de produção do vinho é sujeito a um controle rigoroso em todas as suas fases, desde a vinha até o consumidor final.
Esta é uma denominação bastante antiga, a primeira vez que uma região foi demarcada no mundo foi a do Douro, em Portugal, em 1756, tendo sido criada pelo Marques de Pombal. Como na época o Vinho do Porto fazia enorme sucesso, gerando uma grande demanda, oportunistas e falsários começaram a vendê-lo adulterado ou falsificado, o que levou a diminuição das vendas. Assim, para proteger a qualidade do vinho foi criada a Denominação de Origem, auxiliando a diminuir as falsificações e adulterações. A mais famosa D.O. do mundo é a da Champagne na França.
Dependendo do país de origem do vinho o nome desta denominação pode variar de acordo com o idioma, porém todos tem o mesmo significado, assim na França é A.O.C.=Appellation d'origine contrôlée, na Espanha D.O. = Denominación de Origen, em Portugal é D.O.C.=Denominação de Origem Controlada; na Itália D.O.C.= Denominazione di Origine Controllata, na Alemanha é Q.B.A=Qualitätswein Bestimmter Anbaugebiete e na África do Sul é W.O.= Wine of Origin.
De acordo com o INPI as Indicações Geográficas (IG) se referem a produtos ou serviços que tenham uma origem geográfica específica. Seu registro reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local. Como resultado, elas comunicam ao mundo que certa região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo diferenciado e de excelência”.


No Brasil há dois tipos de Indicações Geográficas, Indicação de Procedência (I.P.) que é o “nome geográfico de um país, cidade, região ou localidade de seu território que se tornou conhecida como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço. Para obtê-la é necessária a apresentação de documentos que comprovem que o nome geográfico seja conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço”.
Outro tipo de IG é a Denominação de Origem (D.O.) “que é o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Para obtê-la deve ser apresentada também a descrição das qualidades e as características do produto ou serviço que se destacam, exclusiva ou essencialmente, por causa do meio geográfico, ou aos fatores naturais e humanos”.
 
Em 19 de novembro de 2002 o Vale dos Vinhedos obteve o reconhecimento como Indicação Geográfica, podendo conceder aos vinhos ai produzidos, que estivessem dentro dos padrões estabelecidos pela Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (APROVALE), o selo de Indicação de Procedência do Vale dos Vinhedos (IPVV).
 
Para obter a certificação de D.O., que tem regras de cultivo e de processamento mais restritas que as estabelecidas para a I.P., foram necessárias várias etapas e estudos sobre o Vale dos Vinhedos, envolvendo clima, solo, variedade e padrão da planta bem como sobre as atividades humanas ligadas à produção e à transformação dos produtos da videira.  Estes estudos envolveram o Zoneamento Vitícola do Rio Grande do Sul que se propunha caracterizar as regiões de cultivo de uvas para a produção de vinhos, e foram realizados pela UFRGS, o IBRAVIN, a EMBRAPA, por meio de suas unidades Clima Temperado, Florestas, Trigo e Uva e Vinho e a FEPAGRO.
 O pedido de registro de Denominação de Origem foi protocolado no INPI em 16 de agosto de 2010, sendo acompanhado de todos os estudos que servem de subsidio para a sua delimitação e caracterização, assim como de seus produtos.
Os cultivares autorizadas são: para vinhos Tintos: Merlot, como cultivar emblemática e Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat como variedades auxiliares para corte de vinhos; para vinhos  Brancos: Chardonnay como cultivar principal e Riesling Itálico como variedade auxiliar para corte; para Espumantes (brancos e rosados): Chardonnay e/ou Pinot Noir como variedades principais e Riesling Itálico como variedade auxiliar para corte.

Os Produtos autorizados são: Varietal Merlot: Mínimo de 85% da variedade; Assemblage Tinto: Mínimo de 60% de Merlot + corte com uso das demais variedades autorizadas; Varietal Chardonnay: Mínimo de 85% da variedade;  Assemblage Branco: Mínimo de 60% de Chardonnay + corte com uso da Riesling Itálico;  Base Espumante: Mínimo de 60% de Chardonnay e/ou Pinot Noir. Elaboração somente pelo Método Tradicional
Os vinhos com Denominação de Origem terão a seguinte identificação visual:
Rótulo Frontal

Contrarrótulo
            http://ibravin.com.br

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O VINHO E OS RICOS E FAMOSOS




Lendo revistas, sites e artigos sobre vinhos reparei que há uma estreita relação entre os vinhos e os ricos e famosos. Vários atores e diretores de Hollywood e cantores famosos são donos de vinícolas e se dedicam a este ofício com cuidado e sofisticação.

 Alguns deles, como o diretor de cinema Francis Ford Coppola, inclusive recuperam rótulos que já foram famosos e bem prestigiados, mas que em algum momento passaram por grandes dificuldades, levando quase ao desaparecimento da marca.

 A cantora Fergie, vocalista do grupo Black Eyed Peas, comprou uma vinícola em Santa Ynez Valley, em Santa Barbara, na Califórnia, e batizou-a de Ferguson Creek em homenagem ao pai que deverá morar na propriedade,  cuidar dela  e também das vinhas.

Fergie planeja lançar três rótulos, um vinho syrah, cuja produção será apenas de mil caixas e os vinhos cabernet-sauvignon e  viognier que também serão lançados em quantidades ainda mais reduzidas. No caso da cantora, muito mais do que uma paixão pelo vinho, ela encara a compra desta propriedade como um investimento, entre os vários que ela tem, e o fato de que o pai dela irá morar em uma bela casa construída na vinícola.
O cineasta Francis Ford Copolla, em 1975, comprou a antiga vinícola Inglenook, em Rutherford, na região do vale do Napa, na Califórnia. Esta vinícola foi fundada em 1880, por Gustave Niebaum, um capitão da marinha finlandesa que importava as melhores videiras europeias para o vale do Napa.

Na realidade aqui entrou muito mais a paixão dele e de sua esposa  pela vinícola e por vinhos, do que por investimento, uma vez que a propriedade, nos anos 70,  havia quebrado e o seu tradicional rótulo Inglenook foi vendido. Mas é claro que ele não perdeu dinheiro nisto, ao contrário ele faz investimentos pesados na produção de vinhos.


Para a compra da propriedade o cineasta investiu parte do dinheiro ganho com os filmes da saga da família Corleone, mudou seu  nome para Niebaum-Coppola Winery Estate. e passou os 20 anos seguintes se dedicando  a recuperar os vinhedos e a produzir seus próprios rótulos. Como resultado foram produzidos vinhos de qualidade como o Rubicon safra 2005, um tinto escuro e encorpado produzido com 95% de uva Cabernet Sauvignon, 4% de Petit Verdot e 1% de Cabernet Franc.


Na empreitada de recuperar a propriedade, Coppola também reimprimiu o rótulo Inglenook nas garrafas do Cask Cabernet 2009, vinho que é produzido de forma orgânica com uvas Cabernet Sauvignon, oriundas dos centenários vinhedos locais e envelhecido, por 22 meses em barris de carvalho americano.


Ele deu ao novo rótulo do vinho um estilo retro, quase uma replica do rótulo original do Inglenook Cabernet do final dos anos 50, onde aparece o desenho da fachada do imóvel, numa homenagem ao Inglenook Cabernet Sauvignon, de John Daniel Jr., que entre os anos 30 e 40 produziu muitas das maiores safras de Inglenook.

 O tenor Andrea Boccelli, um apaixonado por vinhos,  também lançou uma linha de vinhos italianos em parceria com seu irmão. O vinho produzido por eles é elaborado 100% de uvas Sangiovese colhidas da região de Morellino di Scansano, na Toscana. Ele produz também em sua vinícola os vinhos In Canto Cabernet Sauvignon, Alcide, feito com Sangiovese e Cabernet e Terre di Sandro old-vine Sangiovese. É claro, como não poderia deixar de ser, além da assessoria de um bom enólogo, para cuidar da qualidade dos vinhos que produz, ele agrega valor ao rótulo onde consta o seu nome.


 No Brasil, não se vê esta relação tão próxima entre atores, cantores e famosos com a produção de vinhos. Uma exceção é o locutor esportivo Galvão Bueno que vem aventurando-se na produção de vinhos em parceria com a Miolo Wine Group.

Galvão é um grande amante dos vinhos e esta paixão levou-o a lançar oficialmente em agosto de 2010 a sua linha exclusiva de vinhos, produzidos na Campanha Gaúcha, no famoso paralelo 31°, onde está localizada a Bella Vista Estate Bueno, próximo a fronteira com o Uruguai. Ele produz  o Bueno Paralelo 31, vinho tinto, corte de cabernet-sauvignon, merlot e petit verdot e o Bueno Cuvée Prestige um espumante feito com uvas chardonnay e pinot noir. Os vinhos são produzidos pelo enólogo Adriano Miolo e o conhecidíssimo consultor Michel Rolland.
Em abril deste ano, durante a inauguração da Miolo Wine Store, anexo à Churrascaria Betemps,  Galvão Bueno anunciou o início da produção em Candiota, do vinho Bueno 1836, que deverá ser lançado em 2015. O vinho vai combinar três safras 100% Petit Verdot (uva tinta clássica francesa).   
O nome deste vinho é uma alusão à data da Batalha do Seival, um conflito militar, durante a Revolução Farroupilha, que propiciou a proclamação da República Rio-Grandense pelo Cel. Antônio de Sousa Neto, um dos comandados de Bento Gonçalves. O embate deu-se nos campos dos Meneses, que fica na atual cidade de Candiota, cruzando o arroio Seival.
Em Candiota é onde está localizada a Fortaleza do Seival Vineyards da Vinícola Miolo. Onde este empreendimento está situado há um apelo histórico muito forte, pois a Estância do Seival foi palco desta histórica Batalha. Lá estão também as ruínas da “Quinta do Seival”, uma das primeiras vinícolas brasileiras onde, por volta de 1900, já eram produzidos vinhos finos.
Outros exemplos de famosos que produzem vinhos são o cantor Dave Stewart, que lançou o vinho Ringmaster General Shiraz 2010, da vinícola Mclaren Vale em uma garrafa com edição limitada e o roqueiro Lemmy, do Motorhead que também têm suas próprias marcas de vinho. O astro chinês do basquete Yao Ming acaba de lançar um vinho feito com uvas cabernet sauvignon, produzidas na Califórnia, no Vale do Napa.  Ele produz este vinho focando  especialmente o mercado de luxo asiático. Cada garrafa está sendo vendida por US$ 289 (cerca de R$ 540).
A Banda Train abriu uma vinícola no Vale de Livermore, São Francisco, com o nome de seu último álbum Save Me, San Francisco. O ator espanhol Antonio Banderas, com um projeto em 1999, decidiu sozinho produzir o seu próprio vinho chamado de Antas Banderas, localizado na região de Ribeiro Del Dueiro na Espanha. Os vinhos escolhidos para ser servidos no casamento de Brad Pitt e Angelina Jolie, que deverá acontecer em breve, são de seu Château Miraval, em Côtes de Provence, França. Um dos vinhos escolhidos é Provençal Rosé Pink Floyd, que ganhou esse nome por causa da banda de rock Pink Floyd, que gravou parte do famoso álbum The Wall, no Château, onde ficava o estúdio Miraval nos anos 70.

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