quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A CIÊNCIA ESPACIAL E O VINHO



Há duas semanas estive no Chile participando do seminário organizado pela ONU sobre “Aplicações de tecnologias espaciais para benefícios socioeconômicos” e, para minha grata surpresa pude assistir a uma apresentação cujo titulo era “Desenvolvimento da ciência e tecnologia espacial aplicada ao país do vinho” feita por pesquisadores do Centro de Geomática da Universidade de Talca localizada na VII Região do Maule, cuja capital é a cidade de Talca. O Chile é dividido em 15 regiões sendo uma delas a Região Metropolitana de Santiago.

 A “Cartografia Digital do Vinhedo Chileno na Região do Maule” é um projeto financiado pelo Governo Regional do Maule por meio do Fundo de Inovação para a Competitividade (FIC), administrado e coordenado pela Fundação para a Inovação Agrária (FIA).  Este projeto foi realizado num período de dois anos, entre 2009 e 2011, e foi criado e executado pelo Centro de Geomática do Centro Tecnológico da Uva e do Vinho da Universidade de Talca. Este último Centro tem como objetivo colaborar com o desenvolvimento da indústria vitivinícola em nível regional e nacional e suas atividades está principalmente focada na pesquisa, transferência de tecnologia e serviços.


O objetivo do projeto era gerar um Sistema Integrado de Informação para o setor vitivinícola da Região do Maule, incorporando informação espacial, temática e técnica para a caracterização e gestão de áreas vitivinícolas, em uma plataforma SIG (Sistema de Informação Geográfica) Para fazer isto foram utilizadas imagens do satélite francês SPOT com resolução espacial de 2,5 metros dos anos de 2008 e 2009, onde foram identificadas as plantações de uva de acordo com o tipo, padrão, cor e textura apresentada por elas nas imagens. Foram coletados também dados de GPS no campo para a localização precisa dos vinhedos, viveiros e adegas, assim como informações de unidades produtivas.
Estas informações resultaram na cartografia da região em distintas escalas: para profissionais que trabalham no campo na escala 1:5.000, isto é, bastante detalhada; mapas na escala 1:10.000 para o nível local e cartografia na escala 1:30.000 para o nível de comunas, para o registro dos vinhedos.
Para poder gerar o Sistema Integrado de Informação foi necessário coletar informações adicionais tais como Dados do Censo Agropecuário de 2007, Dados do Cadastro Vitivinícola de 2007 e Declaração de Colheita de 2009. Foram coletadas ainda:
·         Informação do prédio vitivinícola-nome, endereço, localidade, superfície total do prédio, superfície plantada com vinhedos, lugar de vinificação;
·       Informação técnica para cada parcela vitivinícola: sistema de produção, variedade, superfície, ano de plantio, material vegetal, origem do material vegetal, número de plantas por hectares, orientação das fileiras, topografia, sistema de condução, sistema de formação/poda, regime hídrico, sistema de colheita, sistema de irrigação, origem da água para irrigação;
·         Informação técnica para viveiro de videiras: variedade produzida, origem do material de propagação, tipo de planta produzida, comercialização, certificação, destino da produção;
·         Informação técnica sobre as adegas de vinificação: título de propriedade da adega, tipo de tanques, volume dos tanques, tipo de vinho, variedade, quantidade em litros, denominação de origem, ano de fermentação e formato de comercialização.
Estas informações podem ser gerenciadas em uma base de dados e estão disponíveis aos usuários do setor em uma plataforma Web. Por meio desta ferramenta os produtores podem realizar consultas visuais e de tabelas sobre seus patrimônios e dados gerais da região, apresentar declarações de retificações de seus dados e atividades realizadas sobre seus patrimônios; gerar seus próprios registros de informação predial e gerenciar e manejar seu território.


Como resultado do projeto foi gerado a Base de Dados Espaciais com informações detalhadas das zonas vinícolas da Região do Maule, onde são encontradas a localização geográfica dos produtores e vinhedos, localização dos viveiros, centros de produção de vinho e adegas de vinificação. Para complementar foi realizado um amplo trabalho de difusão e transferência de tecnologia dos resultados do projeto para os produtores da região, por meio de seminários e cursos de capacitação. Foi feita também uma difusão por meio de participação em seminários científicos internacionais.

 Entre os resultados obtidos estão:

  •  Totais de produtores por provincia: Curico (605), Talca (430), Linares (446), Cauquenes (368) Total (1849)

  •  Variedades de uvas tintas (total regional): Cabernet Sauvignon (10.931,36ha), Pais (4.496,41ha), Merlot (3.011,78ha), Carmenere (2.691,03ha), Alicante Henri Bouschet(1.501.95), Syrah (1.370,65ha), Carignan (437,15ha), outras (2,450,7ha)

  •  Variedades de uvas brancas (total regional): Sauvignon Blanc (4.644,58ha), Chardonay (2.615,19ha), Sauvignon Vert (857,20ha), outras (1.1717,98ha)
  • Totais de adegas de vinificação por província: Cauquenes (22), Curico (57), Talca (55), Linares (92), Total (226)

Os benefícios deste projeto para o setor vinícola da região foram: apoio ao desenvolvimento regional em uma de suas áreas produtivas mais importantes; o setor público poderá focalizar melhor os investimentos setoriais a partir de uma base georeferenciada em nível de parcela de produção, maior precisão na elaboração de projetos de investimento do setor privado dos produtores da região, suporte técnico de acordo com as novas tecnologias e onde os produtores poderão consultar e atualizar informações de seus prédios, plataforma de promoção que fortalece as ações que levam a posicionar os produtos da área em diversos mercados (GEOMARKETING).

Depois de toda esta aula de geotencologia para o vinho à noite, quando fomos jantar no restaurante Gatopardo resolvemos experimentar um vinho da Região do Maule. Assim, pedimos um J.Bouchon, Reserva, Chicureo, Sauvignon Blanc, safra 2012. A J.Bouchon é uma vinícola familiar cujas origens remontam a 1892, quando Emile Bouchon, vindo de Bordeaux, na França, se instalou no Chile, com o sonho de criar vinhos de excelência no novo mundo.

Este vinho é produzido com uvas colhidas à mão em vinhedos próprios no Vale do Maule. Tem uma cor amarelo esverdeados suave, aromas intensos a pêssego, com toques de frutas cítricas e tropicais. Na boca podem-se sentir frutas maduras e notas minerais, é um vinho fresco e bem equilibrado, acompanha muito bem todo tipo de peixes e mariscos, peixes crus como ceviches ou sushi, assim como peixes grelhados o ao forno. Combinou perfeitamente com o atum com crosta de sésamo negro e branco, com purê de cebola morada, no molho de manga e cítricos que eu saboreei demoradamente, no jantar.



quarta-feira, 7 de novembro de 2012

CRUZEIRO PELA PATAGÔNIA E OS VINHOS CHILENOS





Em outubro deste ano, aproveitando as minhas férias decidi fazer um cruzeiro pela Patagônia. Há muito tempo desejava fazer esta viagem, navegar pelos confins do continente sul americano, explorando paisagens deslubrantes, acercar-me do Cabo Horn, lá aos 54° de latitude Sul, onde os Oceanos Atlântico e  Pacífico se encontram e local de difícil navegação. Assim, entrei em contato com uma empresa de turismo e lá me fui navegar pela Patagônia, região que abrange a parte mais meridional da América do Sul, localizada no extremo Sul da Argentina e Chile. É lá que está a cidade mais austral do mundo, Ushuaia, conhecida como o “Fim do Mundo”, na realidade uma cidade bastante simpática.  Lá estão também o estreito de Magalhães, o canal de Beagle e a grande ilha da Terra do Fogo.

A região é açoitada constantemente por ventos fortes que ocorrem em grande parte do ano. Eu que o diga, no cabo Horn enfrentamos ventos de 90km/h com rajadas de 150km/h, o que fez com que  o navio  navegasse adernado a estibordo por mais de  uma hora. É das cidade de Punta Arenas no Chile e de Ushuaia na Argentina, que partem as excursões para a Antártica e os pesquisadores brasileiros que vão trabalhar na Estação Comandante Ferraz na ilha Rei George. O cruzeiro saiu de Punta Arenas, no Chile,  e terminou  em Ushuaia, na Argentina.

Durante cinco dias navegamos por esta região em um navio chileno, o que significa que no almoço e no jantar invariavelmente desfrutávamos de vinhos chilenos, que acompanhavam deliciosos pratos típicos da região como a centolla e o famoso cordeiro patagônico, isto sem falar  na geléia de calafate (a fruta-símbolo da Patagônia,  de tom azul-violeta) servida no café da manhã.
Uma espécie gigante de caranguejo, a centolla, também chamada de centolla patagônica,centolla magallanica, centolla austral ou centolla chilena, tem uma carne tenra que lembra a da lagosta. É natural das águas frias e subnatárticas da costa sudeste do Pacífico, no Chile, em especial na região que vai desde Valdívia até o Cabo Horn e também do sul da Argentina. Sua captura ocorre em alto-mar, a mais de 100 metros de profundidade.  Como não poderia deixar de ser, estando em um barco chileno a Centolla foi um dos pratos presentes em nossos jantares sendo, por duas vezes, servida como entrada acompanhada de alface e aspargos e outros complementos.
Para harmonizar com esta maravilha foi servido no primeiro dia um vinho chadornay, Terra Andina, varietal, safra 2011, da vinícola de mesmo nome localizada na região do Vale Central do Chile, tendo ai sua Denominação de Origem. Este vinho harmoniza muito bem com mariscos, camarões, caranguejos como a Centolla, filés de salmão (servido em um dos jantares) frango, peru, massa com molhos cremosos (servidas em todos os almoços, no buffet, e preparadas na hora com molho a sua escolha) e carpacio de carne (servido de entrada em um dos jantares). 

Este vinho apresenta tons amarelos dourados, é fresco, aromático, com baixo teor alcoólico (13.50% vol) com notas de abacaxi, cítricos e baunilha. É suave, sedoso, com bom volume e um agradável final. Combina também com frutas tropicais como papaia (impossível de encontrar nesta região), manga, banana e abacaxi. Recomenda-se ser consumido jovem a fim de desfrutar-se de seus aromas, mas pode ser guardado por 1 ou 2 anos.
 
No segundo dia em que serviram centolla de entrada fomos brindados com o vinho chardonay Santa Digna, Reserva, safra 2011, da vinícola Miguel Torres, da zona de Rio Claro, que tem o clima mais frio da região do Vale Central do Chile. O vinho, sempre servido na temperatura adequada, em torno de 8 graus, apesar do frio que fazia do lado de fora, apresenta aromas onde predominam notas varietais da uva chadornay, lembrando manga e damasco, com alguns tons de baunilha e côco. Tem um retrogosto bastante frutado, com bom equilíbrio entre a densidade e a acidez.  Harmoniza muito bem com pescados ao forno, frutos do mar, peru e frango servido em molhos cremosos.



No terceiro dia do cruzeiro fomos brindados com o maravilhoso cordeiro patagônico, que é criado nos pastos locais e assado, inteiro, em espetos, isto claro em uma casa de assados em terra, no navio ele foi assado ao forno e acompanhado por um delicioso molho, legumes e arroz. 
Esta maravilhosa iguaria é encontrada na maioria das províncias da Argentina, principalmente na de Rio Negro, onde está localizada a cidade de Bariloche, mas Ushuaia não fica para trás, há várias casas de assado muito charmosas, com o típico cordeiro no espeto exposto na vitrine para aguçar o nosso paladar. 
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Para acompanhar esta maravilha da gastronomia patagônica foi servido um Merlot Terra Andina, Vale Central, safra 2011. Este vinho tem cor rubi violáceo escuro, é suave, bastante balanceado, com aromas de frutas muito maduras e ameixas, apresenta bom corpo, boa estrutura em boca e taninos suaves. Ele é perfeito para acompanhar uma boa carne e massas. É um vinho que pode ser guardado até por três anos, mas se for consumido jovem pode-se desfrutar do frescor dos seus aromas, e acreditem eu fiz isto até a última gotinha de vinho. Para me auxiliar, o garçom que servia a minha mesa era extremamente atento, assim minha taça nunca estava vazia.


Continuando com a orgia gastronômica no quarto dia do cruzeiro foi servido filé de res com molho de vinho cabernet sauvignon e romero, acompanhado de arroz com açafrão e ratatouile de verduras. Como entrada foi servido um carpacio de rês com mostarda dijon, alcachofras, alface e pão torrado. Para acompanhar o filé de res foi servido um vinho Santa Digna Syrah, reserva, safra 2011, da vinícola Miguel Torres. Este é feito com uvas syrah com uma pequena porcentagem de cabernet  sauvignon. É um vinho bastante opulento, vigoroso, de bom corpo e com taninos sedosos. Apresenta cor púrpura e notas de frutas de bosque tais como a amora, violeta e toques de cassis.

Este mesmo shyraz foi servido em um almoço para acompanhar um porco assado com molho agridoce com catchup, com arroz com amêndoas em fatias, uva passas e batatas cozidas. Maravilhoso!!!!!!

Em mais uma etapa da  harmonização de comidas com a coleção de vinhos, no jantar da segunda noite do cruzeiro foi servido um filé de merluza austral a la plancha, marinado ao estilo del sur, isto é, limão, alho, orégano e merkén (que é um tempero chileno e mapuche feito com pimenta cacho de cabra seca e defumada, misturada com sal, cominho e sementes de  coentro). 

Para acompanhar foi servido um vinho sauvignon blanc, Terra Andina, safra 2011, de cor palha pálido com rasgos de verde limão, de aroma intenso, fresco, lembrando a lima, nectarina, pêssego e maracujá. No paladar tem um volume bastante agradável, é equilibrado e harmonioso. É um vinho para ser consumido jovem e combina muito bem com mariscos frescos, ostras e peixes.
Depois de tudo isto é desnecessário dizer que ao regressar aumentei a frequência as aulas de pilates e as caminhadas, mas valeu a pena!!!!




sábado, 15 de setembro de 2012

VALE DOS VINHEDOS CONQUISTA SUA DENOMINAÇÃO DE ORIGEM



No dia 11 de setembro de 2012 o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), anunciou que os vinhos e espumantes do Vale dos Vinhedos, localizado entre os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Monte Belo do Sul, terão a Denominação de Origem (DO), tal como os vinhos mais famosos do mundo. O Vale dos Vinhedos é a primeira região com classificação de D.O. de vinhos no país.
A Denominação de Origem é a designação dada em vários países aos vinhos originários e tradicionalmente produzidos em uma região específica, cuja qualidade ou caraterísticas se devem essencial ou exclusivamente ao meio geográfico, incluindo os fatores naturais e humanos. Para conseguir esta certificação todo o processo de produção do vinho é sujeito a um controle rigoroso em todas as suas fases, desde a vinha até o consumidor final.
Esta é uma denominação bastante antiga, a primeira vez que uma região foi demarcada no mundo foi a do Douro, em Portugal, em 1756, tendo sido criada pelo Marques de Pombal. Como na época o Vinho do Porto fazia enorme sucesso, gerando uma grande demanda, oportunistas e falsários começaram a vendê-lo adulterado ou falsificado, o que levou a diminuição das vendas. Assim, para proteger a qualidade do vinho foi criada a Denominação de Origem, auxiliando a diminuir as falsificações e adulterações. A mais famosa D.O. do mundo é a da Champagne na França.
Dependendo do país de origem do vinho o nome desta denominação pode variar de acordo com o idioma, porém todos tem o mesmo significado, assim na França é A.O.C.=Appellation d'origine contrôlée, na Espanha D.O. = Denominación de Origen, em Portugal é D.O.C.=Denominação de Origem Controlada; na Itália D.O.C.= Denominazione di Origine Controllata, na Alemanha é Q.B.A=Qualitätswein Bestimmter Anbaugebiete e na África do Sul é W.O.= Wine of Origin.
De acordo com o INPI as Indicações Geográficas (IG) se referem a produtos ou serviços que tenham uma origem geográfica específica. Seu registro reconhece reputação, qualidades e características que estão vinculadas ao local. Como resultado, elas comunicam ao mundo que certa região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo diferenciado e de excelência”.


No Brasil há dois tipos de Indicações Geográficas, Indicação de Procedência (I.P.) que é o “nome geográfico de um país, cidade, região ou localidade de seu território que se tornou conhecida como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço. Para obtê-la é necessária a apresentação de documentos que comprovem que o nome geográfico seja conhecido como centro de extração, produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço”.
Outro tipo de IG é a Denominação de Origem (D.O.) “que é o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que designe produto ou serviço cujas qualidades ou características se devam exclusiva ou essencialmente ao meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. Para obtê-la deve ser apresentada também a descrição das qualidades e as características do produto ou serviço que se destacam, exclusiva ou essencialmente, por causa do meio geográfico, ou aos fatores naturais e humanos”.
 
Em 19 de novembro de 2002 o Vale dos Vinhedos obteve o reconhecimento como Indicação Geográfica, podendo conceder aos vinhos ai produzidos, que estivessem dentro dos padrões estabelecidos pela Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (APROVALE), o selo de Indicação de Procedência do Vale dos Vinhedos (IPVV).
 
Para obter a certificação de D.O., que tem regras de cultivo e de processamento mais restritas que as estabelecidas para a I.P., foram necessárias várias etapas e estudos sobre o Vale dos Vinhedos, envolvendo clima, solo, variedade e padrão da planta bem como sobre as atividades humanas ligadas à produção e à transformação dos produtos da videira.  Estes estudos envolveram o Zoneamento Vitícola do Rio Grande do Sul que se propunha caracterizar as regiões de cultivo de uvas para a produção de vinhos, e foram realizados pela UFRGS, o IBRAVIN, a EMBRAPA, por meio de suas unidades Clima Temperado, Florestas, Trigo e Uva e Vinho e a FEPAGRO.
 O pedido de registro de Denominação de Origem foi protocolado no INPI em 16 de agosto de 2010, sendo acompanhado de todos os estudos que servem de subsidio para a sua delimitação e caracterização, assim como de seus produtos.
Os cultivares autorizadas são: para vinhos Tintos: Merlot, como cultivar emblemática e Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Tannat como variedades auxiliares para corte de vinhos; para vinhos  Brancos: Chardonnay como cultivar principal e Riesling Itálico como variedade auxiliar para corte; para Espumantes (brancos e rosados): Chardonnay e/ou Pinot Noir como variedades principais e Riesling Itálico como variedade auxiliar para corte.

Os Produtos autorizados são: Varietal Merlot: Mínimo de 85% da variedade; Assemblage Tinto: Mínimo de 60% de Merlot + corte com uso das demais variedades autorizadas; Varietal Chardonnay: Mínimo de 85% da variedade;  Assemblage Branco: Mínimo de 60% de Chardonnay + corte com uso da Riesling Itálico;  Base Espumante: Mínimo de 60% de Chardonnay e/ou Pinot Noir. Elaboração somente pelo Método Tradicional
Os vinhos com Denominação de Origem terão a seguinte identificação visual:
Rótulo Frontal

Contrarrótulo
            http://ibravin.com.br

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

O VINHO E OS RICOS E FAMOSOS




Lendo revistas, sites e artigos sobre vinhos reparei que há uma estreita relação entre os vinhos e os ricos e famosos. Vários atores e diretores de Hollywood e cantores famosos são donos de vinícolas e se dedicam a este ofício com cuidado e sofisticação.

 Alguns deles, como o diretor de cinema Francis Ford Coppola, inclusive recuperam rótulos que já foram famosos e bem prestigiados, mas que em algum momento passaram por grandes dificuldades, levando quase ao desaparecimento da marca.

 A cantora Fergie, vocalista do grupo Black Eyed Peas, comprou uma vinícola em Santa Ynez Valley, em Santa Barbara, na Califórnia, e batizou-a de Ferguson Creek em homenagem ao pai que deverá morar na propriedade,  cuidar dela  e também das vinhas.

Fergie planeja lançar três rótulos, um vinho syrah, cuja produção será apenas de mil caixas e os vinhos cabernet-sauvignon e  viognier que também serão lançados em quantidades ainda mais reduzidas. No caso da cantora, muito mais do que uma paixão pelo vinho, ela encara a compra desta propriedade como um investimento, entre os vários que ela tem, e o fato de que o pai dela irá morar em uma bela casa construída na vinícola.
O cineasta Francis Ford Copolla, em 1975, comprou a antiga vinícola Inglenook, em Rutherford, na região do vale do Napa, na Califórnia. Esta vinícola foi fundada em 1880, por Gustave Niebaum, um capitão da marinha finlandesa que importava as melhores videiras europeias para o vale do Napa.

Na realidade aqui entrou muito mais a paixão dele e de sua esposa  pela vinícola e por vinhos, do que por investimento, uma vez que a propriedade, nos anos 70,  havia quebrado e o seu tradicional rótulo Inglenook foi vendido. Mas é claro que ele não perdeu dinheiro nisto, ao contrário ele faz investimentos pesados na produção de vinhos.


Para a compra da propriedade o cineasta investiu parte do dinheiro ganho com os filmes da saga da família Corleone, mudou seu  nome para Niebaum-Coppola Winery Estate. e passou os 20 anos seguintes se dedicando  a recuperar os vinhedos e a produzir seus próprios rótulos. Como resultado foram produzidos vinhos de qualidade como o Rubicon safra 2005, um tinto escuro e encorpado produzido com 95% de uva Cabernet Sauvignon, 4% de Petit Verdot e 1% de Cabernet Franc.


Na empreitada de recuperar a propriedade, Coppola também reimprimiu o rótulo Inglenook nas garrafas do Cask Cabernet 2009, vinho que é produzido de forma orgânica com uvas Cabernet Sauvignon, oriundas dos centenários vinhedos locais e envelhecido, por 22 meses em barris de carvalho americano.


Ele deu ao novo rótulo do vinho um estilo retro, quase uma replica do rótulo original do Inglenook Cabernet do final dos anos 50, onde aparece o desenho da fachada do imóvel, numa homenagem ao Inglenook Cabernet Sauvignon, de John Daniel Jr., que entre os anos 30 e 40 produziu muitas das maiores safras de Inglenook.

 O tenor Andrea Boccelli, um apaixonado por vinhos,  também lançou uma linha de vinhos italianos em parceria com seu irmão. O vinho produzido por eles é elaborado 100% de uvas Sangiovese colhidas da região de Morellino di Scansano, na Toscana. Ele produz também em sua vinícola os vinhos In Canto Cabernet Sauvignon, Alcide, feito com Sangiovese e Cabernet e Terre di Sandro old-vine Sangiovese. É claro, como não poderia deixar de ser, além da assessoria de um bom enólogo, para cuidar da qualidade dos vinhos que produz, ele agrega valor ao rótulo onde consta o seu nome.


 No Brasil, não se vê esta relação tão próxima entre atores, cantores e famosos com a produção de vinhos. Uma exceção é o locutor esportivo Galvão Bueno que vem aventurando-se na produção de vinhos em parceria com a Miolo Wine Group.

Galvão é um grande amante dos vinhos e esta paixão levou-o a lançar oficialmente em agosto de 2010 a sua linha exclusiva de vinhos, produzidos na Campanha Gaúcha, no famoso paralelo 31°, onde está localizada a Bella Vista Estate Bueno, próximo a fronteira com o Uruguai. Ele produz  o Bueno Paralelo 31, vinho tinto, corte de cabernet-sauvignon, merlot e petit verdot e o Bueno Cuvée Prestige um espumante feito com uvas chardonnay e pinot noir. Os vinhos são produzidos pelo enólogo Adriano Miolo e o conhecidíssimo consultor Michel Rolland.
Em abril deste ano, durante a inauguração da Miolo Wine Store, anexo à Churrascaria Betemps,  Galvão Bueno anunciou o início da produção em Candiota, do vinho Bueno 1836, que deverá ser lançado em 2015. O vinho vai combinar três safras 100% Petit Verdot (uva tinta clássica francesa).   
O nome deste vinho é uma alusão à data da Batalha do Seival, um conflito militar, durante a Revolução Farroupilha, que propiciou a proclamação da República Rio-Grandense pelo Cel. Antônio de Sousa Neto, um dos comandados de Bento Gonçalves. O embate deu-se nos campos dos Meneses, que fica na atual cidade de Candiota, cruzando o arroio Seival.
Em Candiota é onde está localizada a Fortaleza do Seival Vineyards da Vinícola Miolo. Onde este empreendimento está situado há um apelo histórico muito forte, pois a Estância do Seival foi palco desta histórica Batalha. Lá estão também as ruínas da “Quinta do Seival”, uma das primeiras vinícolas brasileiras onde, por volta de 1900, já eram produzidos vinhos finos.
Outros exemplos de famosos que produzem vinhos são o cantor Dave Stewart, que lançou o vinho Ringmaster General Shiraz 2010, da vinícola Mclaren Vale em uma garrafa com edição limitada e o roqueiro Lemmy, do Motorhead que também têm suas próprias marcas de vinho. O astro chinês do basquete Yao Ming acaba de lançar um vinho feito com uvas cabernet sauvignon, produzidas na Califórnia, no Vale do Napa.  Ele produz este vinho focando  especialmente o mercado de luxo asiático. Cada garrafa está sendo vendida por US$ 289 (cerca de R$ 540).
A Banda Train abriu uma vinícola no Vale de Livermore, São Francisco, com o nome de seu último álbum Save Me, San Francisco. O ator espanhol Antonio Banderas, com um projeto em 1999, decidiu sozinho produzir o seu próprio vinho chamado de Antas Banderas, localizado na região de Ribeiro Del Dueiro na Espanha. Os vinhos escolhidos para ser servidos no casamento de Brad Pitt e Angelina Jolie, que deverá acontecer em breve, são de seu Château Miraval, em Côtes de Provence, França. Um dos vinhos escolhidos é Provençal Rosé Pink Floyd, que ganhou esse nome por causa da banda de rock Pink Floyd, que gravou parte do famoso álbum The Wall, no Château, onde ficava o estúdio Miraval nos anos 70.

sábado, 11 de agosto de 2012

VINHOS EXTREMAMENTE CAROS



Não há a menor dúvida de que todo apreciador de vinho pelo menos uma vez na vida, ao comprar uma garrafa de um vinho especial, de boa safra e de excelente qualidade, não deu a menor importância ao preço, mesmo que isto tenha representado um verdadeiro rombo no cartão de crédito. Tudo o que ele queria era desfrutar deste liquido dos deuses, em sua plenitude e, porque não, ter o prazer de haver consumido um vinho caríssimo.

Mas recentemente alguns produtores de vinho andam exagerando na quantidade de zeros nos preços das garrafas. Os vinhos se tornaram objetos de luxo tal como um relógio Patek Philippe, uma caneta Mont Blanc, um vestido Dior, uma bolsa "Lana J. Marks Cleopatra Bagn ou uma joia da centenária joalheria francesa Van Cleef & Arpels.

Um amigo meu me enviou uma artigo sobre o vinho mais caro do mundo, o australiano Penfolds 2004 Block 42, engarrafado em ampolas de vidro de 750-ml e caixa de madeira que custa apenas US$ $168,000, considerando o dollar de hoje 2,02, a garrafa custaria R$339.360,00.

Este vinho é produzido em um único e raro vinhedo, cujo produtor reivindica a posição de a mais velha produção, de forma continuada, de vinhos Cabernet Sauvignon no mundo. Serão vendidas apenas 12 ampolas deste vinho, que apesar de caríssimo, sua garrafa tem um formato um pouco estranho. Ela foi desenhada e feita soprando o vidro por Nick Mount, um mundialmente renomado artista do vidro que vive em Adelaide no Sul da Austrália.


Com sinceridade, eu acho que não tenho um paladar tão extraordinário ou tão apuradíssimo, ou mesmo treinado para poder distinguir toda a beleza de um vinho com um preço exorbitante como este, de outro vinho com preço bem menos extravagante. Apesar de amar vinho eu gastaria este dinheiro em um apartamento com uma bela sacada, uma lareira e uma vista maravilhosa.

Eu diria que quem gasta tanto dinheiro assim em um vinho está menos preocupado com o seu sabor e mais com o status que a compra de uma garrafa dele pode lhe dar em seu círculo social, tal como os artigos de luxo mencionados anteriormente. Tanto que em todos os artigos que encontrei sobre o lançamento deste vinho, há uma farta descrição dos profissionais renomados e as etapas de como foi concebida a ampola e a caixa de madeira, mas nem uma única palavra sobre o vinho, propriamente dito.

Mas este artigo me levou a pesquisar sobre vinhos extremamente caros e descobri que em março deste ano a tradicional casa de leilões Sotheby realizou o segundo maior leilão de vinhos de sua história, com as vendas atingindo 2,76 milhões de euros com 97% dos itens vendidos. Os lotes de vinhos da região de Borgonha, em especial os de Domaine de la Romanée-Conti e Henri Jayer (os mais caros do mundo), foram os mais disputados por compradores online e por telefone de 21 países diferentes atingindo preços muito acima dos estimados. O lote principal deste leilão eram três garrafas de Cros Parantoux 1990, de Henri Jayer Vosne-Romanée, vendidas para um comprador asiático por 42.300 euros, 14 mil euros acima do esperado.

Em 03 de abril esta mesma casa de leilões realizou um leilão de vinhos históricos em Hong Kong, onde em apenas dois dias eles venderam 100% de seus lotes e arrecadaram  o equivalente a 8,2 milhões de dólares. Dos lotes vendidos os principais foram um vinho Pétrus 1982 vendido por quase 70 mil dólares; três double magnums do Lafite 1982 por 6,5 mil dólares e uma caixa dessa mesma safra de Lafite por 37,6 mil dólares.


Você consegue se imaginar pagando US$ 156.4590,00 por uma garrafa de vinho? Pois esta foi a pequena fortuna que o bilionário Malcolm Forbes pagou em meados da década de 80 por uma garrafa que continha um vinho de 1787 que, se dizia,  pertencia à adega do presidente Thomas Jefferson, um grande amante de vinhos de Bordeaux, pelo fato de que na garrafa estava gravado Th.J. Apesar do valor histórico e do preço alcançado pela garrafa no leilão, para a demonstração ela foi colocada na posição errada (vertical) e sob um forte foco de luz, resultado a rolha secou, caiu para dentro e o vinho perdeu-se. E lá se foram US$156.4590,00 e um pedaço da história Norte Americana.



O vinho francês Romanée-Conti é considerado um dos vinhos mais caros do mundo, cuja garrafa pode custar até US$12.000,00. Este vinho é tão caro porque além do sabor apreciadíssimo sua produção é bastante reduzida, uma vez que a vinícola de suas preciosas uvas ocupa uma párea de apenas 1,8 hectares, mais ou menos o tamanho de um campo de futebol.

Em março deste ano a família Eguren criou o vinho "Premier" Teso de La Monja, o vinho mais caro da Espanha,  que custa 900 euros. A vinícola produziu apenas 828 garrafas, ele é fruto de uma experiência exclusiva em uma área de 1,8 hectares, o mesmo tamanho do Romanée-Conti, cultivado com todos os cuidados e técnicas biodinâmicas, além de ser elaborado com um depósito de madeira único na Espanha.

 

A revista e site de buscas de vinhos WINE SEARCHER (http://www.wine-searcher.com/wine-info.lml) publicou recentemente a lista dos cinquenta vinhos mais caros do mundo, lá vocês podem escolher qual vinho de preço exorbitante irão comprar.

Para encerrar este artigo convido vocês a brindar comigo com um dos champagnes mais caros do mundo o Perrier-Jouët, fabricado na França pela produtora de bebidas Pernod-Ricard e que custa algo em torno de $4.166 euros. Tim, Tim!!!

Mudanças climáticas: Como elas estão afetando a vitivinicultura nos quatro cantos do mundo

  Mudança climática se refere as transformações de longo prazo nos padrões de temperatura e clima. Essas alterações podem ser naturais, poré...