quarta-feira, 7 de novembro de 2012

CRUZEIRO PELA PATAGÔNIA E OS VINHOS CHILENOS





Em outubro deste ano, aproveitando as minhas férias decidi fazer um cruzeiro pela Patagônia. Há muito tempo desejava fazer esta viagem, navegar pelos confins do continente sul americano, explorando paisagens deslubrantes, acercar-me do Cabo Horn, lá aos 54° de latitude Sul, onde os Oceanos Atlântico e  Pacífico se encontram e local de difícil navegação. Assim, entrei em contato com uma empresa de turismo e lá me fui navegar pela Patagônia, região que abrange a parte mais meridional da América do Sul, localizada no extremo Sul da Argentina e Chile. É lá que está a cidade mais austral do mundo, Ushuaia, conhecida como o “Fim do Mundo”, na realidade uma cidade bastante simpática.  Lá estão também o estreito de Magalhães, o canal de Beagle e a grande ilha da Terra do Fogo.

A região é açoitada constantemente por ventos fortes que ocorrem em grande parte do ano. Eu que o diga, no cabo Horn enfrentamos ventos de 90km/h com rajadas de 150km/h, o que fez com que  o navio  navegasse adernado a estibordo por mais de  uma hora. É das cidade de Punta Arenas no Chile e de Ushuaia na Argentina, que partem as excursões para a Antártica e os pesquisadores brasileiros que vão trabalhar na Estação Comandante Ferraz na ilha Rei George. O cruzeiro saiu de Punta Arenas, no Chile,  e terminou  em Ushuaia, na Argentina.

Durante cinco dias navegamos por esta região em um navio chileno, o que significa que no almoço e no jantar invariavelmente desfrutávamos de vinhos chilenos, que acompanhavam deliciosos pratos típicos da região como a centolla e o famoso cordeiro patagônico, isto sem falar  na geléia de calafate (a fruta-símbolo da Patagônia,  de tom azul-violeta) servida no café da manhã.
Uma espécie gigante de caranguejo, a centolla, também chamada de centolla patagônica,centolla magallanica, centolla austral ou centolla chilena, tem uma carne tenra que lembra a da lagosta. É natural das águas frias e subnatárticas da costa sudeste do Pacífico, no Chile, em especial na região que vai desde Valdívia até o Cabo Horn e também do sul da Argentina. Sua captura ocorre em alto-mar, a mais de 100 metros de profundidade.  Como não poderia deixar de ser, estando em um barco chileno a Centolla foi um dos pratos presentes em nossos jantares sendo, por duas vezes, servida como entrada acompanhada de alface e aspargos e outros complementos.
Para harmonizar com esta maravilha foi servido no primeiro dia um vinho chadornay, Terra Andina, varietal, safra 2011, da vinícola de mesmo nome localizada na região do Vale Central do Chile, tendo ai sua Denominação de Origem. Este vinho harmoniza muito bem com mariscos, camarões, caranguejos como a Centolla, filés de salmão (servido em um dos jantares) frango, peru, massa com molhos cremosos (servidas em todos os almoços, no buffet, e preparadas na hora com molho a sua escolha) e carpacio de carne (servido de entrada em um dos jantares). 

Este vinho apresenta tons amarelos dourados, é fresco, aromático, com baixo teor alcoólico (13.50% vol) com notas de abacaxi, cítricos e baunilha. É suave, sedoso, com bom volume e um agradável final. Combina também com frutas tropicais como papaia (impossível de encontrar nesta região), manga, banana e abacaxi. Recomenda-se ser consumido jovem a fim de desfrutar-se de seus aromas, mas pode ser guardado por 1 ou 2 anos.
 
No segundo dia em que serviram centolla de entrada fomos brindados com o vinho chardonay Santa Digna, Reserva, safra 2011, da vinícola Miguel Torres, da zona de Rio Claro, que tem o clima mais frio da região do Vale Central do Chile. O vinho, sempre servido na temperatura adequada, em torno de 8 graus, apesar do frio que fazia do lado de fora, apresenta aromas onde predominam notas varietais da uva chadornay, lembrando manga e damasco, com alguns tons de baunilha e côco. Tem um retrogosto bastante frutado, com bom equilíbrio entre a densidade e a acidez.  Harmoniza muito bem com pescados ao forno, frutos do mar, peru e frango servido em molhos cremosos.



No terceiro dia do cruzeiro fomos brindados com o maravilhoso cordeiro patagônico, que é criado nos pastos locais e assado, inteiro, em espetos, isto claro em uma casa de assados em terra, no navio ele foi assado ao forno e acompanhado por um delicioso molho, legumes e arroz. 
Esta maravilhosa iguaria é encontrada na maioria das províncias da Argentina, principalmente na de Rio Negro, onde está localizada a cidade de Bariloche, mas Ushuaia não fica para trás, há várias casas de assado muito charmosas, com o típico cordeiro no espeto exposto na vitrine para aguçar o nosso paladar. 
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Para acompanhar esta maravilha da gastronomia patagônica foi servido um Merlot Terra Andina, Vale Central, safra 2011. Este vinho tem cor rubi violáceo escuro, é suave, bastante balanceado, com aromas de frutas muito maduras e ameixas, apresenta bom corpo, boa estrutura em boca e taninos suaves. Ele é perfeito para acompanhar uma boa carne e massas. É um vinho que pode ser guardado até por três anos, mas se for consumido jovem pode-se desfrutar do frescor dos seus aromas, e acreditem eu fiz isto até a última gotinha de vinho. Para me auxiliar, o garçom que servia a minha mesa era extremamente atento, assim minha taça nunca estava vazia.


Continuando com a orgia gastronômica no quarto dia do cruzeiro foi servido filé de res com molho de vinho cabernet sauvignon e romero, acompanhado de arroz com açafrão e ratatouile de verduras. Como entrada foi servido um carpacio de rês com mostarda dijon, alcachofras, alface e pão torrado. Para acompanhar o filé de res foi servido um vinho Santa Digna Syrah, reserva, safra 2011, da vinícola Miguel Torres. Este é feito com uvas syrah com uma pequena porcentagem de cabernet  sauvignon. É um vinho bastante opulento, vigoroso, de bom corpo e com taninos sedosos. Apresenta cor púrpura e notas de frutas de bosque tais como a amora, violeta e toques de cassis.

Este mesmo shyraz foi servido em um almoço para acompanhar um porco assado com molho agridoce com catchup, com arroz com amêndoas em fatias, uva passas e batatas cozidas. Maravilhoso!!!!!!

Em mais uma etapa da  harmonização de comidas com a coleção de vinhos, no jantar da segunda noite do cruzeiro foi servido um filé de merluza austral a la plancha, marinado ao estilo del sur, isto é, limão, alho, orégano e merkén (que é um tempero chileno e mapuche feito com pimenta cacho de cabra seca e defumada, misturada com sal, cominho e sementes de  coentro). 

Para acompanhar foi servido um vinho sauvignon blanc, Terra Andina, safra 2011, de cor palha pálido com rasgos de verde limão, de aroma intenso, fresco, lembrando a lima, nectarina, pêssego e maracujá. No paladar tem um volume bastante agradável, é equilibrado e harmonioso. É um vinho para ser consumido jovem e combina muito bem com mariscos frescos, ostras e peixes.
Depois de tudo isto é desnecessário dizer que ao regressar aumentei a frequência as aulas de pilates e as caminhadas, mas valeu a pena!!!!




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