domingo, 27 de agosto de 2017

AOC MARGAUX - UMA NOITE ÚNICA

        Na semana passada participei da degustação de vinhos ícones, raridades, de Bordeaux  e que expressam muito  bem a qualidade dos vinhos produzidos nesta região da França. A Vinho & Arte organizou uma degustação histórica com vinhos da pequena e charmosa região de Margaux, com uma sequência de safras míticas e produtores ícones, com vinhos classificados como 1er, 2eme e 3eme há mais de 150 anos. 
      Em 1885, quando por ocasião de uma exposição em Paris, semelhante com um feira mundial, os organizadores solicitaram a Câmara de Comércio de Bordeaux que desenvolvesse uma classificação para os vinhos de Bordeaux. Eles delegaram esta tarefa aos intermediários, isto é, aquelas pessoas que compravam e revendiam vinhos de Bordeaux. Estes comerciantes nomearam 61 vinhos tintos principais, 60 deles eram de Médoc e um de um local que na época era chamado de Graves, e que hoje em dia é conhecido por Péssac-Léognan. 
      De acordo com os preços e a reputação  alcançados pelos vinhos  naquela época, eles dividiram estes 61 vinhos em cinco categorias, conhecidas como cru ou cultivos. Em Bordeuax, cru corresponde  a uma propriedade vinífera, que é chamada de Château. 
      A listagem elaborada é conhecida como a Classificação de 1885 e, até hoje, estes cultivos restritos têm  grande prestígio entre os amantes do vinho. A lista a seguir apresenta estas cinco categorias e o nome dos mais importante Chateaux: 
  • Premiers Crus (Primeiros Cultivos) - 5 Chateaux- Château  Latife-Rothschild; Château Latour; Château Margaux; Château Haut-Biron; Château Mouton-Rothschild (promovido de Segunda Rotação em 1973);
  • Seconds Crus (Segundos Cultivos) - 14 Chateuax;
  • Troisièmes Crus (Terceiros Cultivos)  -  14 Chateaux;
  • Quatrièmes Crus (Quartos Cultivos)  - 10 Chateaux;
  • Cinquièmes Crus (Quintos Cultivos)  - 18 Chateuax.
      O primeiro vinho que degustamos foi o Château Margaux Premier Gran Cru Classe 1993. Este vinho é considerado o mais elegante dos Premiers Crus e constantemente um dos vinhos mais caros do mundo, algo em torno de R$5.000,00. 
       A safra de 1993, foi considerada uma boa safra em que a personalidade de Marguax brilha para envelhecer até 20 anos. Elegância e complexidade caracterizam este Premier Cru, elaborado com 75% de Cabernet Sauvigon, 25% de Merlot e 5% de Petit Verdot, de cor vermelho escuro, de corpo médio, maduro, com aromas de groselha, cereja negra e pétala de rosa, teor alcoólico 13,5%. 
     O Château Margaux é uma das mais famosas propriedades vinícolas de Bordeaux, localizado a leste de Margaux, no Médoc.  Seus vinhedos datam de meados do século XVII e no começo dos anos 1700 seus vinhos já eram dos mais procurados no Médoc. Ao redor de 90% dos atuais 78 hectares de vinhedos da propriedade correspondem aos mesmos da classificação em 1855, o que é bastante raro em Bordeaux. 
      O segundo vinho que degustamos foi o Château-Lascombe Margaux Second Cru 1999, conhecido por sua cor vermelho intenso, textura rica, fruta madura e elegante estrutura tânica. É um corte de 55% de Merlot, 40% de Cabernet Sauvignon e 5% de Petit Verdot, com teor alcoólico de 14%. 
      O Château Lascombre é envelhecido por 18 a 20 meses, usando um sistema de rotação de barrica para manter as borras em suspensão, dando ao vinho uma maior textura sem permitir contato com ar extra. 
      Os vinhedos do Chateau estão situados no noroeste da denominação de Margaux, cobrindo 112 hectares, onde são produzidas cerca de 300.000 garrafas de Château Lascombe por ano. 
      O terceiro vinho degustado foi o Château Rauzan Gassies 2006. 2eme Grand Cru Classé 1855, um corte de 85% de Cabernet Sauvigon, 13% Merlot e 2% Petit Verdot. De cor vermelho granada, com 12 meses de barrica de carvalho francês, acidez e tanino médio, com notas suaves de terra molhadas, alcaçuz e groselhas vermelhas e teor alcoólico de 14%.
     A história do Château Rauzan Gassies  tem início no século XVII, quando a propriedade era parte de um lote de terra pertencente a Pierre de Mesures de Rauzan, tendo sido dividida várias vezes até a classificação de 1855, quando acabou dando origem a quatro chateaux entre eles o Rauzan Gassies. Após a Segunda Guerra Mundial, em 1946, o Chateau Rauzan Gassies foi vendido para a família Quie, sua proprietária até os dias atuais. 
    O último vinho a ser degustado, deste conjunto de vinhos ícones foi o Château Cantenac Brown 2007. 3eme Grand Cru Classé 1855, um corte de 65% de Cabernet Sauvigon, 30% de Merlot e 5% de Cabernet Franc. De cor vermelho granada,  notas florais, alcaçuz e de fumaça, frutas vermelhas e pretas maduras, estrutura firme e tânica, e teor alcoólico de 13,5%.
     O Château Cantenac-Brown é um produtor de vinho localizado em Margaux, na margem esquerda do rio Gironde, em Bordeaux. Foi estabelecido no início do século 19 e foi classificado como um terceiro cultivo na Classificação 1855 do Medoc e Graves. Este excelente vinho vem de videiras com média de 35 anos e os rendimentos são mantidos sob controle pela equipe de viticultura.
    Todos estes vinhos degustados são de guarda e em média podem ser consumidos depois de 15-20 anos.
     Realmente foi uma noite icônica, com vinhos maravilhosos. 

Se beber não dirija!


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