No último dia 1° de maio, em um tour por Canela e Gramado, organizado pela enóloga Maria Amélia Duarte Flores da Vinho & Arte, tive o prazer de desfrutar de um almoço harmonizado com vinhos artesanais do Atelier Tormentas de Marco Danielle, de Canela, no elegantíssimo Vatel Restaurante, inaugurado em fevereiro, em Gramado.
Este restaurante, com cozinha autoral e decoração requintada de estilo pariense, prima pelo bom gosto nos mínimos detalhes. Seu nome é inspirado no mestre François Vatel (1631-1671), um célebre cozinheiro e maitre de hotel, francês, a quem é atribuída a invenção do creme chantilly.
Todos os detalhes da refeição são supervisionados por Umberto Beltramea, Diretor Executivo de Experiências Culinárias, que cuida para que o cliente saia satisfeito e literalmente encantado com o serviço do restaurante.
O menu cuidadosamente preparado pelo chef, foi harmonizado com os vinhos do Atelier Tormentas, que se dedica a produção de vinhos artesanais, a partir da melhor matéria prima disponível, cultivadas em duas regiões vinícolas importantes do Brasil - Campos de Cima da Serra e Campanha Gaúcha.
Os vinhos produzidos por Marco Danielle, "vinhateiro", como se auto denominam os produtores de vinhos de autor, artesanais, para diferenciar-se dos grandes produtores industriais, "são fruto de uma vinicultura radicalmente natural, rejeitando correções, aditivos químicos e manipulaçaões, onde são usadas as melhores uvas como único ingrediente e, procurando antes comtemplar do que reinventar a natureza, no objetivo de expressar terra e fruta com franca honestidade e mínimo de intervenção".
O almoço começou com um Amuse-bouche, que literalmente significa "para divertir a boca", tendo surgido na época da Nouvelle Cuisine, e em geral é apresentado por chefs para demonstrarem as suas habildades e criatividades. É um mimo que os chefs, de restaurante sofisticados, oferecem aos clientes sem custos, como uma cortesia e é normalmente oferecido antes da refeição. O Amuse-bouche é sempre pequenino, do tamanho de mais ou menos duas bocadas. No caso foi um petisco com queijo e bacon defumado.
A esta altura já estávamos degustando o maravilhoso vinho Ambar 2014, cuja cor justifica seu nome, feito com 100% de uvas Sauvignon Blanc, cultivadas no vinhedo Monte Alegre dos Campos, localizado na região de Campos de Cima da Serra, RS, em uma altitude de 1.000 metros.
A esta altura já estávamos degustando o maravilhoso vinho Ambar 2014, cuja cor justifica seu nome, feito com 100% de uvas Sauvignon Blanc, cultivadas no vinhedo Monte Alegre dos Campos, localizado na região de Campos de Cima da Serra, RS, em uma altitude de 1.000 metros.
Os vinhos desta cor (laranja) são vinhos brancos elaborados como vinhos tintos, com maceração das cascas e extração fenólica. São vinhos que combinam a estrutura, a complexidade e a longevidade dos tintos.
O Ambar do Atelier Tormentas, é um vinho branco macerado, vinificado como um vinho tinto, com mesmo tempo de contato entre líquido e sólidos, fermentado com leveduras selvagens e sem passagem por barrica. De cor dourada, característica, com notas de ervas e cascas de cítricos secas. É um Sauvignon Blanc totalmente diferente do que se conhece e que se encontra no mercado, mas que mantém a sua estrutura delicada e sua acidez. Foi um dos meus preferidos, realmente um belo vinho que começa cativando por sua cor elegante e delicada e termina por conquistar definitivamente em boca. O Ambar 2014 já está esgotado para comercialização.
Para acompanhar o Ambar 2014 foi apresentada uma minuta de salmão fresco servido morno com creme de maracujá, delicioso e que harmonizou muito bem com o vinho.
Em seguida, enquanto saboreávamos um medalhão de filet mignon com pontas de aspargus e couscus marroquinos, foram servidos o Fulvia e o Monte Alegre 2015 e 2017, ambos Pinot Noir, o Vermelho Cabernet Franc 2017 e o Prelude 2007, este último também já está esgotado para comerecialização.
Os vinhos Fulvia e Monte Alegre, apesar de serem elaborados com a mesma uvas e serem da mesma safra, apresentam algumas caracteristicas diferentes, uma vez que as uvas utilizadas para a elaboração do Fulvia são cultivadas em Pedras Altas, na Campanha Gaúcha, onde o clima é temperado úmido com verão quente (Cfa). Os invernos são frios e úmidos, com temperaturas negativas e o verão são com dias quentes e noites frescas, o que garante uma boa amplitude térmica. A média anual das precipitações é de 1.20mm e ocorrem principalmente no inverno, no período de hibernação das vinhas. A combinação de clima e solos desta região auxilia na proução de uvas mais maduras, gerando vinhos estruturados e potentes.
Já as uvas utilizadas para a elaboração do Monte Alegre, são originárias de vinhedos da região de Campos de Cima da Serra, onde o clima é temperado úmido, com verões temperados, situada entre 800 e 1.000 metros. É uma das regiões mais frias do estado, o que faz com que o ciclo da uva seja mais longo e a colheita um pouco mais tardia do que na Serra Gaúcha, o que a coloca mais próxima de um clima de Bordeaux. Sua amplitude térmica, com variações de 15° em média, proporciona vinhos com bom equilibrio entre corpo-alccol-acidez.
O Vermelho Cabernet Franc é elaborado 100% com uvas Cabernet Franc dos vinhedos de Campos de Cima da Serra, a 850metros de altitude. Um ano de barrica de carvalho e, de acordo com o vinhateiro, é um "Cabernet Franc com espírito de Pinot Noir e estrutura de Borgonha". É um vinho de longa guarda, delicado sutil e creio que o exemplar que degustamos no almoço estava em seu ponto máximo. É um vinho que realmente encanta ao consumidor e a mim também encantou, e muito.
Danielle, a partir da safra de 2014 passou a utilizar o termo "vermelho", ao invés de "tinto, para definir os vinhos clássicos de guarda feitos de uvas viníferas negras, e o termo "branco" para definir os vinhos brancos clássicos feitos com uvas viníferas brancas.
O Prelúdio 2007 é elaborado com uvas cultivadas na região de Campos de Cima da Serra, sendo 10% Cabernet Franc, 20% Cabernet Sauvignon e 70% Merlot. Com cor vermelho rubi escuro, é um vinho sem conservantes, com boa vocação para guarda, com boa estrutura, acidez e presença marcante de taninos. É um vinho com bom volume em boca e uma certa rusticidade. Muito interessante, marcante.
Foi uma maravilhosa experiência enogastronômica!
Se beber não dirija!
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