A
rolha de cortiça, tão óbvia e tão desprovida de charme, ao lado da garrafa de
vinho foi uma das maiores aquisições da vinicultura uma vez que possibilitou um
notável progresso no armazenamento e comércio do vinho.
É um tecido vegetal constituído por camadas de células
mortas que se formam anualmente. É obtida pelo processo de descortiçamento do tronco do Sobreiro, que só
pode ser efetuado em intervalos de nove anos. A primeira operação de
descortiçamento só ocorre ao redor de 25 anos após o plantio da árvore, tempo
necessário para que o tronco alcance o diâmetro aproximado de 70 cm.
A cortiça é quimicamente inerte, não se
deteriora por ação de agentes químicos, é um excelente isolante térmico e elétrico,
dificilmente inflamável, possui baixo peso, boa elasticidade, resistência,
impermeabilidade, é reciclável e biodegradável e não tem cheiro e nem sabor.
Como diz a química Maria Isabel Alegro,
diretora de uma instalação que produz rolhas em Portugal “Um boa rolha tem que ser capaz de não alterar o sabor
do vinho”
Em geral os dois primeiros descortiçamentos do Sobreiro, por sua baixa
qualidade, não servem ao fabrico de rolhas, e são direcionados para a produção
de outros artigos, tais como carteira, bolsa, tênis, cadeiras, objetos de
decoração. Alguns artistas inclusive transformam a rolha de cortiça em
verdadeiras obras de arte, como um estilista da Albânia que montou
uma peça gigante feita com 230 mil rolhas de vinho e que fica exposta ao ar
livre, sendo até uma atração turística do país.
Apenas a partir do terceiro
descortiçamento, é que a cortiça coletada poderá ser direcionada para a
produção de rolhas, ou seja, ao redor de 43 anos após o plantio da árvore.
É
meus amigos, aquela rolinha que nós não prestamos atenção e que na maioria das
vezes jogamos no lixo após beber todo o vinho que estava na garrafa, é na
realidade um bela dama de 43 anos de idade. Esta é a idade mínima de uma rolha
de cortiça, poucos se dão conta disto, mas em geral aquele pedacinho de rolha
sem graça e desprovido de charme, e que
veda perfeitamente uma garrafa de vinho, é mais antiga do que a bebida
protegida por ela. Uma árvore de 50 anos produz cerca de 45 kg de cortiça por
colheita e uma de mais de 80 anos pode produzir até 250 kg.
Em geral nos preocupamos
muito com a safra das uvas e nunca prestamos atenção na rolha, o que é um
engano já que uma rolha de má qualidade pode transformar o melhor vinho em
vinagre ou, no melhor dos casos, alterar o seu sabor. De acordo com Antônio Teixeira, técnico agrícola da região
do Minho onde se produz o vinho verde, no noroeste de Portugal “Uma
boa rolha ajuda a longevidade do vinho, uma má rolha mata o vinho à nascença"
Quase toda a cortiça do mundo provém de velhos bosques
cultivados, em Portugal, Espanha e Norte da África. Portugal
sozinho responde por 30% da plantação de Sobreiro no mundo, e mais da metade da
produção de rolhas de cortiça comercializadas no planeta (10 milhões rolhas/ano). A produção mundial de cortiça é de 340 mil toneladas, 80%
proveniente do sul da Península Ibérica.
Trinta e quatro por cento do território de Portugal é coberto
por bosques de Sobreiro ( 6800 km²). O país produz 50% de toda a cortiça do
mundo. A cortiça ocupa a sexta posição na lista de materiais não lenhosos que
saem de todas as florestas do planeta. A empresa Amorim & Irmãos de Portugal é o
maior produtor e fornecedor de rolhas de cortiça do mundo, com uma produção
anual de três mil milhões de unidades, correspondendo a 25% da quota do mercado
global da cortiça.
Por volta de 1680, o monge beneditino francês Dom Pierre Pérignon,
tesoureiro da Abadia de Hautvillers, na França, iniciava-se no uso da cortiça
com a qual vedava as garrafas do seu famoso champanhe Dom Pérignon. As rolhas
utilizadas para vedar estas garrafas eram cônicas e deviam ser fixadas à elas
com massa, fita e barbante para suportar a pressão, sendo depois aperfeiçoadas
para o formato utilizado atualmente. A rolha de cortiça para a champanhe foi adotada
em 1729 pela Ruinart e em 1743 pela Moët et Chandon, se mantendo até hoje em
dia.
No inicio a rolha de cortiça tinha a
forma de cubos maciços, com as arestas aparadas, o que dificultava um pouco a
vedação das garrafas. Hoje é possível
encontrar-se rolhas de diferentes formatos. Em 1836 foi inventada a máquina de “rabanear” , um aparelho que corta as pranchas de cortiça em tiras e em
1850 foi inventada a garlopa – máquina para fazer rolhas – por Francisco Vidal
y Monner e que produzia 3 a 4 mil rolhas/dia, foi inventada também máquinas de contar e calibrar rolhas.
No
dia 22 de setembro de 2013 o programa
Globo Rural da Rede Globo apresentou duas reportagens sobre rolhas de cortiça
muito interessantes, sugiro que vocês deem um olhada
Vídeo sobre o SOBREIRO
Vídeo sobre a Rolha
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