No dia 20 de fevereiro de 2016 a Revista Donna do grupo RBS, coordenado pela Maria Eduarda Santos, programou em parceria com a Vinícola Miolo um Wine Day, onde participaram 35 pessoas entre elas eu. Foi um dia de programação intensa, onde aprendemos como se faz um vinho em todas as suas fases e onde também desfrutamos dos maravilhosos vinhos produzidos pela vinícola e de um agradável almoço no Wine Garden.
Saímos de Porto Alegre as 07:30 horas e lá pelas 09:45 estávamos chegando a vinícola onde fomos recebidos no parreiral do Lote 43 pelo enólogo e superintendente do grupo Miolo e um belo espumante Miolo Cuvée Tradition Rose Brut, elaborado pelo método tradicional Champenoise e com uvas Chardonnay e Pinot Noir.
A nossa primeira tarefa do dia foi a colheita das uvas Merlot no Lote 43, onde antes o engenheiro agrônomo Rafael Lodi, nos deu explicações sobre o manejo e colheita das uvas, tais como determinação do ponto de colheita, análise visual (cor e se está madura) e gustativa dos bagos ainda no parreiral, para verificar se as uvas estão prontas para a colheita. Fomos divididos em grupos de três pessoas e cada um de nós recebeu uma tesoura e uma caixa de 20kg para procedermos a colheita.
Como de todo o grupo, os únicos que encheram a caixa foi o meu grupo,
ela passou a ser usada como modelo para as fotos de todos os outros.
O Lote 43 onde colhemos as uvas é emblemático na história da Vinícola Miolo. Em 1897, quando Giuseppe Miolo,veio para o Brasil e se estabeleceu na Serra Gaúcha, ele adquiriu um lote de
terra de 24 hectares, que trazia em sua escritura o número da parcela
denominada Lote 43 da Linha Leopoldina. Este lote serviu de sustento para a família por várias gerações. As uvas (Merlot) cultivadas nele foram utilizadas na primeira produção dos vinhos. Em 1999, a família decidiu prestar uma homenagem ao patriarca Giuseppe Miolo e elaborou seu primeiro vinho ícone
com uvas Merlot/Cabernet, que ganhou o nome Miolo Lote 43, e do qual eu comprei uma garrafa antes de voltar para Porto Alegre.
Após a colheita das uvas passamos para a cantina onde é feito todo o
processo de elaboração dos vinhos, ao chegarmos ao setor de recebimento
das uvas, onde nos esperava o enólogo Gilberto Simonaggio, fomos
brindados com o suco de uva tinto integral Sunny Days produzido no Vale
do Rio São Francisco /BA com uvas Isabel e Magna. Neste momento fomos informados de todo o programa do Wine Day e de
todas as etapas de elaboração do vinho que iríamos aprender. O programa
foi longo, finalizamos ao redor das 15:00 horas, mas foi uma bela
experiência.
A primeira parte do programa e que foi feito com as uvas que colhemos no parreiral abarcava:
- Recepção das Uvas na cantina
- Seleção dos cachos-pré-seleção no vinhedos, mesa de seleção dos cachos, seleção das uvas com maturação desigual, classificação das uvas por meio de exame visual e do grau Babo (unidade de medida pela qual se demonstra a concentração de açúcar na uva, quanto maior o grau babo, maior a maturação da fruta), no caso das uvas colhidas por nós foi de 20 ao redor de 13%;
- Desengace e esmagamento-a separação do engaço (o galho do cacho de uva), esmagamento realizado pela desengaçadora/esmagadora, que após separar o desengaço esmaga as uvas, sem triturar as cascas e as sementes;
- Adição de SO2 - quando é adicionado pode-se medir quanto de ácido tartárico tem na uva, que é usado para calcular o índice de acidez do vinho. No caso das uvas que colhemos foi de 6,9.
A partir deste ponto todas as etapas do programa foram feitas com uvas coletadas anteriormente uma vez que demandam muito tempo para a sua realização. As etapas seguintes do programa, apresentadas pelos enólogos Adriano Miolo, Gilberto Simonaggio e Tiago Bergonzi, foram:
- Encube por gravidade - onde as uvas são despejadas em um tanque sem bombeamento, evitando o esmagamento da casca e da semente, dando origem a vinhos de qualidade superior;
- Criomaceração - onde o vinho permanece por alguns dias em temperatura baixa para não iniciar a fermentação e extrair mais sabor e aromas da uva;
- Inoculação - adição de leveduras que são os micro-organismos que transformam o açúcar contido no mosto da uva em álcool etílico e compostos secundários. São os agentes biológicos da vinificação;
- Maceração - extração de compostos contidos nas partes sólidas da uva e que contribuem para a qualidade do vinho;
- Fermentação alcoólica-ocorre em torno de 15 dias.Na vinificação em tinto ela pode ser dividida em duas fases: tumultuosa (caracteriza-se pela grande atividade das leveduras),
- Descuba- trata-se da separação do líquido (vinho que está sendo elaborado) da fase sólida (bagaço);
- Prensagem do bagaço - consiste em prensar o bagaço de onde ainda é possível retirar em torno de 10 a 15% de vinho retido nos interstícios das partes sólidas da uva;
- Fermentação malolática-nesta fase o ácido málico é transformado em ácido láctico, dando aos vinhos tintos maior complexidade aromática, suavidade e maciez gustativa;
- Trasfegas-é o ato de transferir o vinho de um recipiente para outro, com a finalidade de separá-lo dos sólidos insolúveis (borras) que sedimentam no fundo da cuba ao final da fermentação. Pode servir também para a aeração do vinho;
- Definição do corte-em geral os vinhos são elaborados sem misturas de variedades, mas podem também ser misturados tendo como objetivo obter-se uma produto mais harmônico;
- Envelhecimento em barricas-de carvalho francês (250 litros) ou americano (300 litros). Os vinhos encorpados são envelhecidos em barricas novas. As barricas são usadas por um período de 10 anos e depois passam a ser utilizadas para destilados como a grapa. Na Vinícola Miolo 60% são barricas de carvalho francês e 40% de carvalho americano. O grua do tostado da barrica da sabores ao vinho, uma queima leva-sabores de côco e baunilha, queima média-sabores de chocolate, queima forte-sabores de café;
- Engarrafamento-em geral é feito em garrafas de vidro de 750ml, para grandes volumes de vinho são utilizadas engarrafadoras automáticas.
Depois desta verdadeira aula de como fazer vinho, passamos para a sala de degustação, onde o enólogo Adriano Miolo conduziu a degustação de 10 vinhos produzidos em todas as unidades da Miolo.
Os vinhos degustados, por ordem como aparecem na foto, foram:
Espumantes:
- Miolo Millésime Brut D.O. Rose-safra 2011, Variedades-Chardonnay/pinot Noir, Vale dos Vinhedos, RS;
- RAR Cuvée Brut-não é safrado, Variedades-Chardonnay/Pinot Noir, Campos de Cima da Serra, RS;
- Terranova Moscatel-Variedades-Moscatéis, Vale do São Francisco, BA;
- Miolo Cuvée Giuseppe Chardonnay-safra 2013, Variedade-Chardonnay, Vale dos Vinhedos, RS;
- Quinta do Seival Alvariho-safra 2013, Variedade-Alvarinho, Campanha, RS;
- RAR Collezione Gewürztraminer-safra 2011, Variedade Gewurztraminer, Campos de Cima da Serra, RS;
- RAR Collezione Pinot Noir-safra 2014, Variedade Pinor Noir, Campos de Cima da Serra, RS;
- Miolo Merlot Terroir-safra 2012, Variedade Merlot, Vale dos Vinhedos, RS;
- Quinta do Seival Casta Portuguesas-safra 2011, Variedade-Tinta Roriz e Touriga Nacional, Campanha, RS;
- Vinha Velhas-safra 2015, Variedade Tannat, Campanha, RS. Este último era vinho de barrica.
Depois disto tudo, como ninguém é de ferro fomos para o almoço, que foi servido nos jardins da Vinícola Miolo, onde degustamos mais vinhos, pães, salsichas, queijos, nozes, amêndoas, bruschetas e sorrentino.
Este foi o coroamento de uma dia
maravilhoso, e nosso momento de descontração onde desfrutamos da
companhia de amigos amantes do vinho.
Se beber, não dirija!