No último mês de novembro, em visita ao Uruguai junto com uma amiga que também ama vinhos, fiz o roteiro que todo turista faz quando chega a Montevideo, apesar de que já estive lá dezenas de vezes. Começamos visitando "El Mercado del Puerto", local ícone da cidade e que nos últimos anos teve seu entorno remodelado, transformando-se em uma grande área turística.
A primeira vez que visitei o Mercado del Puerto, mais ou menos há uns 20
anos, ainda existiam bancas que vendiam produtos alimentícios e carnes,
hoje há apenas restaurantes típicos com a famosa parrilla e lojas com
objetos de artesanato.
É claro, como boas turistas, tratamos de comer uma bela parrilla acompanhada de um típico tinto uruguaio, principalmente porque o objetivo da viagem era visitar algumas vinícolas uruguaias. Tomamos um Pisano, Primeira Reserva, 60% Merlot e 40% Tannat, que passou por barrica de carvalho francês e americano, de 3 a 4 meses, 1ª Viña da Familia Pisano, Pisano Artesania en Vinos Finos. A Bodega Pisano está localizada na Ruta 68, Km 29, em Progreso, bem próximo a Montevideo. Harmonizou muito bem com a excelente carne uruguaia.
No dia seguinte visitamos a Bodega Bouza, uma empresa familiar, estilo "chateau" com tours, uma bela coleção de automóveis clássicos no salão de degustação e conta também com um agradável restaurante, isto sem falar nos belos vinhedos. Está localizada apenas uns 20 minutos de Montevideo, assim que dá para contratar um remise para ir até a Bodega.
A degustação foi conduzida pelo sommelier, o uruguaio Lucas Oliveira, que nos apresentou quatro vinhos clássicos elaborados pela Bouzas.
Suas
instalações estão localizadas em zonas tradicionais para a
vitivinicultura no Sul do Uruguai, muito próximas ao mar. Ela exporta seus vinhos para a Europa, Estados Unidos, Chile e Brasil. Assim, vocês podem encontrar nas boas lojas de vinhos os exemplares que degustamos durante a nossa visita à vinícola.
Ao chegarmos a Bodega fomos recebidos por um dos enólogos, Pedro Palmann, para nossa surpresa um gaúcho que fez sua graduação em enologia no Uruguai. Ele nos acompanhou durante toda a visita pelos vinhedos e pela cave, onde recebemos explicações sobre a história da Bodega, sobre os vários vinhedos localizados em direfentes partes do Uruguai, as variedades de uvas cultivadas neles e sobre a elaboração dos vinhos produzidos na vinícola.
Iniciamos a visita pelo vinhedo Melilla, localizado na Bodega, que tem ao redor de 10 hectares onde estão plantadas as variedades Alvarinho, Chardonnay, Merlot, Tempranillo e Tannat, que na ocasião estavam no período de floração e de formação dos cachos.
Os outros vinhedos estão localizados em outras regiãos do país. O vinhedo Las Violetas, está localizado em Canelones, mais ao Norte, com aproximadamente 15 hectares e onde são cultivadas as variedades Alvarinho, Chardonnay, Merlot, Tempranillo e Tannat, sendo que 4 hectares são de vinhedos entre 20 e 40 anos de idade e 8 hectres são de vinhedos mais jovem.
Há nove anos, no ano 2010, a Bodega passou a cultivar no vinhedo Pan de Azúcar, as variedades Riesling, Chardonnay, Pinot Noir, Merlot e Tannat em uma área de aproximadamente 7,5 hectares. Este vinhedo está muito próximo do mar, em frente ao cerro Pan de Azúcar, na porção mais a leste do Uruguai, o que faz com que ele tenha uma grande influência marítima.
A partir dos bons resultados obtidos com o vinhedo Pan da Azúcar, em suas 4 primeiras colheitas, a Bodega decidiu desenvolver um novo vinhedo onde a influência marítima seria ainda mais importante, já que desde o vinhedo se pode observar o mar, uma vez que ele está apenas a 3 km de distância. O vinhedo Las Espina foi iniciado em 2016 com a implantação de duas parcelas das variedades Tannat e Pinot Noir, futuramente serão cultivadas também as variedades Chardonnay e Merlot.
Em seguida fomos visitar a cantina e a cave onde são elaborados e armazenados os vinhos produzidos pela Bodega.
A vinícola tem diferentes sistemas para o armazenamento e envelhecimento dos vinhos, desde as piscinas de concreto, as pipas de carvalho, os tanques de aço inoxidável e as barricas de carvalho francês, americano e caucasiano, esta última originária do Cáucaso no Norte da Rússia.
O interessante desta cave é que há, bem no meio dela, uma cave museu subterrânea, onde estão armazenadas 40 garrafas de cada vinho já feito pela vinícola e que serve de laboratório e para degustação para os profissionais da Bodega.
Eu tirei uma foto desta cave museu, porém devido ao vidro que a cobre a foto não ficou com uma boa qualidade.
Depois da visita a cave passamos para a degustação de vinhos no Bouza Vinos Garage, um enorme salão onde as mesas para a desguatação compartem o espaço com exemplares ícones da coleção de carros clássicos da Bodega.
O primeiro vinho a ser degustado foi o Alvarinho (100%), a Bouza foi a primeira vinícola a plantar esta variedade na América Latina. Esta é a uva famosa dos vinhos verdes de Portugal. Na Espanha e nos países de lingua espanhola é conhecida como Albariño.
Utilizada originalmente em vinhos de corte, esta variedade tem sido mais frequentemente vista em vinhos varietais, leves, fresco e de boa acidez, como este exemplar. De cor amarelo pálido, aroma floral intenso com notas de especiarias e baunilha, bom volume, final de boca prolongado e 14,5% de álcool. A temperatura de serviço é 12°C.
As uvas são plantadas nos vinhedos Las Violetas e Melilla, que são conduzidos no sistema de espaldeira, em solo limo argiloso, com alta porcentagem de calcáreo.
É feita a seleção manual das uvas e a fermentação dos vinhos, 90% é em tanque de aço inoxidável e 10% em barricas de carvalho francês. Amadurecimento sobre as borras durante três meses.
Um belo vinho branco que harmoniza muito bem com pratos de peixe e frutos do mar, saladas, aves e gastronomia oriental, principlamente por sua acidez. É uma excelente companhia para aperitivos em geral.
O segundo vinho degustado foi um Merlot (100%), safra 2017, também dos vinhedos Las Violetas e Melilla.
Este vinho tem cor vermelha intensa com reflexos rubi, aromas de frutas vermelhas, cereja, framboesa e notas florais.
Um belo vinho, sou suspeita porque sou gaúcha e o merlot é um vinho muito apreciado nos pampas, nos pampas do Rio Grande do Sul e en "la pampa uruguaya".
Utilizada originalmente em vinhos de corte, esta variedade tem sido mais frequentemente vista em vinhos varietais, leves, fresco e de boa acidez, como este exemplar. De cor amarelo pálido, aroma floral intenso com notas de especiarias e baunilha, bom volume, final de boca prolongado e 14,5% de álcool. A temperatura de serviço é 12°C.
As uvas são plantadas nos vinhedos Las Violetas e Melilla, que são conduzidos no sistema de espaldeira, em solo limo argiloso, com alta porcentagem de calcáreo.
É feita a seleção manual das uvas e a fermentação dos vinhos, 90% é em tanque de aço inoxidável e 10% em barricas de carvalho francês. Amadurecimento sobre as borras durante três meses.
Um belo vinho branco que harmoniza muito bem com pratos de peixe e frutos do mar, saladas, aves e gastronomia oriental, principlamente por sua acidez. É uma excelente companhia para aperitivos em geral.
O segundo vinho degustado foi um Merlot (100%), safra 2017, também dos vinhedos Las Violetas e Melilla.
Este vinho tem cor vermelha intensa com reflexos rubi, aromas de frutas vermelhas, cereja, framboesa e notas florais.
Um belo vinho, sou suspeita porque sou gaúcha e o merlot é um vinho muito apreciado nos pampas, nos pampas do Rio Grande do Sul e en "la pampa uruguaya".
Na boca apresenta-se com volume, equilibrado e taninos presentes, final médio, com 14% de álcool. A temperatura de serviço é de 16°C, amadurecimento em barricas de carvalho francês, de 2° e 3° uso. Foi harmonizado com uma maravilhosa mousse de gorgonzola, castanhas e torradas. Pena que esqueci de pedir a receita da mousse.
O terceiro vinho que degustamos foi o Monte Vide Eu, safra 2016, um corte de 52% Tannat, 24% Merlot e 24% Tempranillo, com uvas originárias do mesmo vinhedo que dos dois vinhos anteriores.
Este corte foi feito com uma seleção de vinhos, destas três variedades, vinificados em barricas separadas, com seleção manual da uva grão a grão.O amadurecimento foi feito com as três variedades separadas, entre 9 e 12 meses, dependendo da parcela, nas barricas de carvalho francês e americano.
De cor rubi profunda, mescla de aromas de frutas vermelhas maduras, café, côco tostado e especiarias variadas (baunilha, canela), denso, com taninos finíssimos e boa persistência.
O terceiro vinho que degustamos foi o Monte Vide Eu, safra 2016, um corte de 52% Tannat, 24% Merlot e 24% Tempranillo, com uvas originárias do mesmo vinhedo que dos dois vinhos anteriores.
Este corte foi feito com uma seleção de vinhos, destas três variedades, vinificados em barricas separadas, com seleção manual da uva grão a grão.O amadurecimento foi feito com as três variedades separadas, entre 9 e 12 meses, dependendo da parcela, nas barricas de carvalho francês e americano.
De cor rubi profunda, mescla de aromas de frutas vermelhas maduras, café, côco tostado e especiarias variadas (baunilha, canela), denso, com taninos finíssimos e boa persistência.
Teor alcoólico de 15% e a temperatura de serviço entre 16°C a 18°C. Foi harmonizado com presunto ibérico, com pera e torrada. Tem um exemplar na minha adega.
O quarto e último vinho degustado foi um Tannat (100%), B26 (o número do lote dentro do vinhedo) parcela única, safra 2016, com uvas provenientes dos vinhedos Las Violetas e Melilla.
Seleção manual da uva grão por
grão, fermentação a 26°C, 60% em tanques de aço inoxidável e 20% em carvalho; 16 meses de amadurecimento em barricas de carvalho francês e americano.
De cor vermelho intenso, aromas de frutas vermelhas, cassis, notas de cravo e baunilha. Na boca apresenta acidez equilibrada, corpo médio e taninos suaves, com final prolongado. Grau alcoólico de 14,6%, temperatura de serviço 12°C. Foi harmonizado com uma empanada de cordeiro com redução de vinho.
Realmente foi uma bela experiência, recomendo para quem for ao Uruguai visitar esta Bodega.
Se beber, não dirija!