Recentemente encontrei
vários artigos sobre as grandes casas produtoras de champagne e me dei conta
de que muitas delas tiveram um grande impulso, na virada dos séculos XVIII e XIX graças as viúvas que assumiram a direção dos negócios, após a morte de seus maridos.
Se vocês prestarem atenção
irão perceber que boa parte das melhores casas de champagne, neste período, foram geridas por mulheres jovens cujas famílias possuíam as grandes casas
de champanhe e que quando elas perderam seus maridos para a guerra ou enfermidades, não fizeram o que era esperado das mulheres naqueles tempos, como afastar-se ou vender o
negócio, nem se casaram novamente (embora elas ainda estivessem em seus vinte e trinta anos),
entregando as rédeas dos negócios para um novo
marido. Nem assumiram os negócios como um substituto para a afeição maternal frustrada, pois todas elas, com exceção de uma única, tinham filhos quando os seus maridos morreram.
Não foi também por questões materiais que elas assumiram a tarefa de levar os negócios por diante, uma vez que a maioria delas veio de famílias ricas, e vender o negócio após a morte do marido, seguramente lhes daria uma renda confortável para o resto da vida.
Não foi também por questões materiais que elas assumiram a tarefa de levar os negócios por diante, uma vez que a maioria delas veio de famílias ricas, e vender o negócio após a morte do marido, seguramente lhes daria uma renda confortável para o resto da vida.
Ao contrário, estas viúvas (Veuves em francês) assumiram o controle do seu châteaux para produzir alguns dos vinhos mais prestigiados do mundo - os vinhos que ainda hoje levam seus nomes: Veuve Cliquot, Pommery, Laurent-Perrier, Roederer e Bollinger. O que todas estas viúvas tinham em comum era o desejo de honrar tanto a memória de seus maridos como de suas famílias que tinham produzido vinho por várias gerações.
Em alguns casos foi após a morte do marido e com a atuação das viúvas que os champagnes adquiriram prestígio e fama e até hoje são conhecidos internacionalmente, alguns deles com a palavra Veuve antes do nome do châteaux.
Estas viúvas, cada uma delas, usando estratégias não convencionais e corajosas, para a época, como campanhas de marketing direto e exportação para mercados não comprovados, mais que dobraram a produção durante o seu mandato.
Provavelmente a mais famosa deste grupo foi Barbe-Nicole Clicquot Ponsardin, a Veuve Clicquot. Seu marido morreu de uma febre maligna em 1805, quando Madame Clicquot tinha apenas 27 anos de idade, deixando-a com o negócio do qual ela não tinha nenhum conhecimento e uma filha de oito anos para criar.
Ela ao invés de se desesperar com a morte do marido, apenas algumas semanas após o funeral, organizou o envio de 25.000 garrafas de champagne para Rússia, grande consumidor do produto. Isto foi um feito extraordinário, dada a incerteza do comércio, naquela época, durante as guerras napoleônicas.
Seu carregamento conseguiu passar pelas áreas de conflito e, anos mais tarde, seu champanhe era tão popular na Rússia que Pushkin, Gogol e Tchekhov escreveram sobre ele. Anos mais tarde, em 1814, quando os russos invadiram a sua cidade natal de Reims e suas adegas, ela disse: "Deixe-os beber. Eles vão pagar por isso mais tarde".
Madame Clicquot, foi uma grande inovadora, tinha estratégia própria para aumentar a qualidade e o consumo do seu champagne. Segundo ela o elemento estético do champagne é tão importante quanto o técnico, ela acreditava também na inovação e inventou uma técnica para clarear o vinho conhecida como remuage, graças a ela o champagne passou a ser produzido em um ritmo maior poupando tempo e dinheiro. E, finalmente, ao perceber que seu champagne fazia sucesso entre soldados de outros países passou a enviar caixas para a Rússia e Polônia, graças a isto beber champagne deixou de ser um hábito local excêntrico, para tornar-se global.
Remessas deste champagne foram enviadas a corte brasileira por encomenda do imperador Dom Pedro II. Madame Clicquot geriu o negócio por mais de sessenta anos, até sua morte em 1866, com a idade de 89 anos.
Remessas deste champagne foram enviadas a corte brasileira por encomenda do imperador Dom Pedro II. Madame Clicquot geriu o negócio por mais de sessenta anos, até sua morte em 1866, com a idade de 89 anos.
Em 1858, com a idade de 39 anos, Jeanne Alexandrine Louise Mélin Pommery, a Madame Pommery, ficou viúva com dois filhos pequenos. Isto ocorreu apenas um ano após seu marido, Alexandre Louis Pommery, um bem sucedido mercador de algodão, ter investido no negócio de champagne. Ela transformou Pommery a partir de uma pequena adega em uma das casas de champagne mais respeitadas do mundo, comprando alguns dos melhores terrenos para vinhedo na região e criando um novo estilo de bebida, o champagne seco. Até então, o champagne era sempre feito doce para equilibrar a acidez do vinho.
Porém, durante suas viagens à Inglaterra Madame Pommery percebeu que os britânicos gostavam de seu vinho seco com finesse, tais como os envelhecidos Bordeaux e Borgonha. Então, em 1874, ela decidiu fazer champagne tendo em mente este tipo de bebedor e produziu o primeiro champagne "brut". Como consequência a Pommery, tornou-se uma das principais exportadoras de champagne para o mercado britânico. Madame Pommery foi a primeira do ramo a apostar nos rótulos desenhados por artistas e nos design das garrafas.
Depois que ela morreu em 1890, com a idade de de 71 anos, sua filha Louise assumiu a direção da casa com o marido, o príncipe Guy de Polignac. A família Polignac continuou com o negócio até 1979, quando ele mudou de mãos várias vezes em um curto espaço de anos, mas acabou sendo vendida para a LVMH, que manteve os vinhedos, mas revendeu o nome da marca para o empresário belga Paul Vranken em 1996. Hoje, Pommery produz mais de cinco milhões de garrafas por ano e atrai cerca de 90.000 visitantes de todo o mundo à sua magnífica propriedade no coração da cidade de Reims.
Nesta propriedade está a sua enorme cave subterrânea com 18 quilômetros de túneis escavados em pedra calcária
durante o período galo-romano, há cerca de 2 mil anos.
Esses túneis, 30 metros abaixo da superfície, podem abrigar mais de 20 milhões de garrafas. Eles mantém os champagnes a uma temperatura ideal. Cada túnel leva o nome dos principais mercados consumidores de Pommery no mundo. Para descer até lá, há uma majestosa escada de 116 degraus.
A História de Bollinger, fundada em 1829 na ladeia de Ay em Champagne, é a história de uma família que dedicou sua vida a sua paixão. Em 1918, Jacques Bollinger, filho de Georges, tomou a frente dos negócios, expandiu as instalações construindo novas adegas, comprando as vinhas Tauxieres, e adquirindo os ativos de uma outra casa de Champagne no Boulevard du Marechal de Lattire de Tassigny, onde hoje estão localizados os escritórios da Bollinger.
Quando Jacques morreu em 1941, sua viúva, Lily Bollinger, com quem ele havia se casado em novembro de 1923, passou a administrar sua famosa casa de champagne durante os anos difíceis da ocupação alemã, na França, na Segunda Guerra Mundial.
Ao longo das últimas três décadas, desde sua morte, a ligação de James Bond com a Bollinger continuou ininterrupta, com 007 movendo-se nitidamente do RD icônico de Bollinger para La Grande Année sempre que ele está precisando de refresco de primeira classe.
Esses túneis, 30 metros abaixo da superfície, podem abrigar mais de 20 milhões de garrafas. Eles mantém os champagnes a uma temperatura ideal. Cada túnel leva o nome dos principais mercados consumidores de Pommery no mundo. Para descer até lá, há uma majestosa escada de 116 degraus.
A História de Bollinger, fundada em 1829 na ladeia de Ay em Champagne, é a história de uma família que dedicou sua vida a sua paixão. Em 1918, Jacques Bollinger, filho de Georges, tomou a frente dos negócios, expandiu as instalações construindo novas adegas, comprando as vinhas Tauxieres, e adquirindo os ativos de uma outra casa de Champagne no Boulevard du Marechal de Lattire de Tassigny, onde hoje estão localizados os escritórios da Bollinger.
Quando Jacques morreu em 1941, sua viúva, Lily Bollinger, com quem ele havia se casado em novembro de 1923, passou a administrar sua famosa casa de champagne durante os anos difíceis da ocupação alemã, na França, na Segunda Guerra Mundial.
A Bollinger prosperou sob seu comando e dobrou
de tamanho. Ela era uma figura adorada em Champagne, onde era vista diariamente
pedalando sua bicicleta pelos vinhedos.
Como eles não tinham filhos, ela já estava profundamente envolvida no negócio e por isso foi capaz de conduzi-lo, mesmo durante os difíceis anos da Segunda Guerra Mundial. Durante seus 30 anos como chefe da Bollinger, ela adquiriu vinhedos adicionais em Ay, Mutigny, Grauves (1955 e 1968) e Bisseuil (1961), mas ela era principalmente conhecida por viajar pelo mundo para promover a marca do seu champagne.
Ela se tornou conhecida mundialmente pela sua citação sobre o champagne em uma entrevista que ela concedeu ao Daily Mail em 17 de outubro de 1961 ”Bebo champagne quando estou feliz e também
quando estou triste. Às vezes bebo quando estou sozinha, mas quando tenho
companhia considero obrigatório! Se estiver sem fome, bebo champagne, e também
bebo quando estou faminta. Às vezes eu nem toco na bebida, a menos que tenha
sede...”. Esta citação adorna as paredes de restaurantes e bares de vinho de todo o mundo ao lado de uma fotografia de Lily na famosa bicicleta.
Em 1956, um certo James Bond bebeu champagne Bollinger pela primeira vez na novela de Ian Fleming "Diamonds are Forever". Este momento espumante foi o pontapé inicial de um relacionamento longo e invejável com 007, e que continua até hoje, quando Daniel Craig desarrolhou alguns 1990 Bollinger Grande Année no filme Cassino Royale.
Em 1971, Lily finalmente se aposentou com a idade de 72 anos, quando seus sobrinhos Claude d'Hautefeuille e Christian Bizot a sucederam.Mas mesmo assim ela ainda conseguiu criar um novo nome para o seu lançamento em 1976 do vintage, Grande Année. Foi também neste ano que ela foi premiada com o Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito. Lily morreu, aos 77 anos, em 1977.
Ao longo das últimas três décadas, desde sua morte, a ligação de James Bond com a Bollinger continuou ininterrupta, com 007 movendo-se nitidamente do RD icônico de Bollinger para La Grande Année sempre que ele está precisando de refresco de primeira classe.
Graças a estas grandes damas podemos hoje desfrutar de grandes champagnes.
Se beber, não dirija!