No
dia 20 de junho deste ano, o Instituto
Brasileiro do Vinho (IBRAVIN)
anunciou que o Rio
Grande do Sul processou a 2ª maior safra de uva da história. O volume de uvas processadas pelas vinícolas do
Estado, sem contar as uvas para consumo in natura, as vendidas para fora do estado
e as processadas artesanalmente chegou a 696,1 milhões de quilos de uvas,
devendo gerar 436,4 milhões de litros de vinho e derivados.
A safra deste ano só foi superada pela safra
recorde de 2011 que
fechou com a colheita e o processamento de 709,6 milhões de quilos de uva. Apenas
as uvas viníferas geraram um total de 75,7 milhões de quilos este ano, um pouco
menor do que o recorde da safra de 2008 que foi de 83,8 milhões de quilos. O
Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 90% da elaboração brasileira de
vinhos e 55% da produção de uvas.
Este ano
o Sul do Brasil enfrentou forte estiagem se estendeu por sete meses e causou enormes prejuízos
no setor agropecuário, em torno de 2 bilhões de reais, principalmente no Rio Grande do Sul, o estado
mais afetado.
Mas, ao
contrário da maioria dos
produtos agrícolas que necessita de condições amenas para produzirem boas
safras, a uva adora sofrer, as vinhas produzem as melhores uvas quando elas têm
que dar um duro danado para produzi-las. Assim, se houver água em excesso suas raízes
não são encorajadas a se aprofundarem em busca dos nutrientes, além do que a
umidade excessiva faz com que elas apodreçam. As raízes da parreira podem
atingir até 15 metros de profundidade, absorvendo a água e as substâncias
minerais de que necessita para seu desenvolvimento.
A forte
estiagem gerou uma safra de uva de alta qualidade, tal como à emblemática safra
de 2005, que produziu 611.868 toneladas de uva e, vinhos de excelente qualidade
que ainda estão sendo saboreados por todos nós.
A
presença do fenômeno La
Niña provocou um clima
mais seco, com menos incidência de chuvas e a forte estiagem na região Sul do Brasil. O mesmo
ocorreu em 2005.
As chuvas
são uma grande preocupação para os viticultores, principalmente no período de
frutificação, que no hemisfério Sul ocorre nos meses de dezembro e janeiro,
quando o sol e as altas temperaturas
são extremamente desejáveis. Chuvas neste período podem causar o apodrecimento
das uvas.
Em geral
as videiras necessitam em torno de 650 mm de chuva por ano, mas o ideal é que
boa parte delas ocorram no inverno e na primavera, quando a vinha está tentando
criar os brotos e cachos. Como as uvas gostam de um período longo de
amadurecimento o desejável é uma quantidade mínima de chuva no verão e no
outono.
As chuvas
durante o verão, em clima quente, eleva também o risco de doenças relacionadas
ao mofo e ao bolor e, elas também impedem que as uvas atinjam a quantidade
ideal de açúcar para produzir vinhos de excelente qualidade.
No
verão deste ano quando ocorreu à colheita da uva, 56% (157.779,20km2)
do território do Rio Grande do Sul estavam afetados pela estiagem. Em 2005
nesta mesma estação 40,34% (113.671km2) do estado estava sob o efeito
da estiagem.
O
principal efeito da forte estiagem deste ano é um Grau Babo médio de 16,3 para
as uvas viníferas. Em 2005 este Grau foi de 17,2. O Grau Babo representa a quantidade de açúcar,
em peso, existente em 100g de mosto. Quanto maior,
maior a maturação da fruta. Uvas mais maduras podem
dar vinhos mais coloridos, equilibrados, encorpados e saborosos. Uvas menos
maduras, teremos mais acidez e vinhos menos equilibrados.
Agora é só esperar para degustar pelos excelentes vinhos que seguramente
esta safra irá nos proporcionar.
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