domingo, 1 de julho de 2012

PINOT GRIS



No mês passado um amigo meu em viagem a Paris mandou-me esta mensagem “Estou deslumbrado. Não sei que espírito me iluminou, e pedi um Pinot Gris para almoçar. Tomei um susto quando veio um vinho branco à mesa, mas a tonalidade profundamente dourada me seduziu. A segunda surpresa foi senti-lo levemente adocicado, mas o aroma era tão complexo e o sabor tão cheio de nuances que não foi uma mas sim duas garrafas as que meu colega e eu consumimos. Foi uma experiência reveladora. Você já degustou vinhos dessa uva? Estou levando uma garrafa para Maceió, e me recomendaram degustá-la com sabores fortes: patês e queijos intensos.”

Meu amigo descreveu muito bem a agradável sensação de tomar um vinho produzido a partir desta uva e também a sua surpresa de constatar que este é um vinho branco. Muitos associam esta uva a Pinot Noir e assim esperam por um vinho tinto. A garrafa que ele trouxe para o Brasil, que eu saiba já devidamente degustada, é um Pinot Gris da Cave Beblenheim, da Alsácia, região situada no nordeste da França.

A uva Pinot Gris, uma casta de uva branca, é uma das diversas variedades da uva Pinot, que possui as seguintes variedades-Pinot Blanc, Pinot Noir, Pinot Meunier  e Pinot Gris. É originária da Bourgogne onde é hoje pouco cultivada. Atualmente é mais cultivada na Alsácia, sendo uma das quatro grandes uvas nobres ao lado da Riesling, Gewürztraimer e da Muscat.

A Pinot Gris recebe diferentes nomes em função dos países, na França é Pinot Gris, na Itália-Pinot Grigio, na Alemanha-Grauer Burgunder ou Ruländer, na Ucrânia-Pinot Cinzenta ou Pinot Gri, no Brasil é Pinot Grigio.

É muito cultivada na Áustria e em alguns países do leste europeu, tais como Eslovênia, Hungria, Romênia, Rússia. No novo mundo ela é cultivada principalmente nos Estados Unidos (Oregon e na California), na Nova Zelândia e Austrália.  No Chile é cultivada na região de Casablanca e na Argentina em Lujan de Cuyo. É uma das cepas em ascensão no mercado mundial nos últimos cinco anos, principalmente nos Estados Unidos, sendo impulsionada pelo mercado de vinhos varietais produzidos no Novo Mundo.

Normalmente essa uva tem tonalidade azul-acinzentada tendo assim, relação direta com seu nome, pois “gris” significa cinza, em francês. As uvas da Pinot Grigio podem também ter um tom de rosa-amarronzado ou até mesmo branco.

Seus aromas e sabores dependem muito do clima onde é cultivada. Os Pinots Gris da Alsácia, onde a primavera é seca e os verões com noites não muito quentes, produzem um vinho muito aromáico, menos ácido, bem mais encorpado e aveludado. Apresenta cor amarelo-dourado, lembra frutas cristalizadas, damascos e passas. Pode ser guardado por cinco a oito anos.

O Pinot Gris combina com peixe tal como o badejo, carne branca, também vai muito bem com fígado de  ganso,  brioche torrado, pratos da cozinha alemã e da cozinha oriental.  Como sugestão o Clos Rebberg Pinot Gris da Alsácia, fabricado por Marc Kreydenweiss ou os produzidos pelo Domaine Zind-Humbrecht.

O Pinot Gris da Nova Zelândia é um vinho bastante frutado, pedregoso, dourado e intensamente aromático. Lembra aromas de mel, maçã, limão, pêra e pêssego. Apesar de ter a mesma textura viscosa do Pinot Gris da Alsácia seu sabor é mais fresco. É um ótimo vinho para ser consumido no verão e acompanha bem pratos como o fettuccine com molho de tomate e sushi.



         Na Itália a  Pinot Grigio é cultivada principalmente na região de Trentino, Vêneto e Friuli.  É um vinho amarelo-limão claro, mais seco, ácido, mais refrescante, com pouco aroma, bastante diferente dos alsacianos. É um vinho para ser bebido até dois anos após a data da sua safra, deve ser servido frio e vai muito bem com peixes, frutos do mar, massas leves e algumas combinações de queijos e bolachas.  Uma sugestão o Corte Giara IGT 375ml Pinot Grigio 2010, 100% Pinot Grigio, da Allegrini, da região do Vêneto, que custa em torno de R$50,00. Esta é a vinícola mais premiada desta região. De cor amarelo palha brilhante, aroma fresco, floral, com toques de flores de acácia, deve ser servido a temperatura de 9 °, quatro anos de guarda.

No Brasil a Miolo cultiva esta uva na Campanha Gaúcha, fronteira com o Uruguai, dando origem ao Fortaleza do Seival Pinot Grigio. Este  vinho tem leve intensidade de cor, com tonalidades esverdeadas, aroma frutado, lembrando frutas brancas de caroço, Na boca apresenta uma estrutura equilibrada com retrogosto agradável, graduação alcoólica de 13%  e deve ser degustado a uma temperatura de 8º C. Harmoniza muito bem  Spaghetti a la carbonara e queijos como o Edam ou Gruyère, por ser um vinho leve vai muito bem também com  pratos que contenham legumes, peixes, frutos do mar, salada de folhas verdes e bolinhos de bacalhau, custa em torno de R$30,00.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

GEOGRAFIA DO VINHO – OS VINHOS DAS REGIÕES DOS BALCÃS E EUROPA DO LESTE - PARTE 2

No dia 04/12/2024 publiquei o artigo “Geografia do vinho – Os vinhos das região do Mar Negro - Parte 1”, onde apresentei dois vinhos da Geo...