sábado, 2 de fevereiro de 2013

ANCELLOTA, UMA AGRADÁVEL SUREPRESA



Logo após o Natal combinei com a minha afilhada e o marido dela, de finalmente fazermos a inauguração da minha churrasqueira. Há pelo menos seis meses vínhamos falando nisso, mas nunca conseguíamos marcar uma data e, além de gostar muito da companhia deles eu precisava da larguíssima experiência do marido dela como churrasqueiro para fazer o churrasco, uma vez que eu sou especialista, única e exclusivamente, em desfrutar de um excelente assado, não sei nem acender o fogo.

Assim ficou combinado que eles cuidariam do churrasco e eu cuidaria da salada e principalmente do vinho.

Tratei de ver o que eu tinha na minha adega, que combinasse com a ocasião e mexe daqui, mexe dali, encontrei uma garrafa de Reserva Michele Ancellotta 2005, da vinícola Michele Carraro.

Eu comprei este vinho há quase dois anos atrás quando fui passar uma semana de férias em Bento Gonçalves, visitando as vinícolas do Vale dos Vinhedos. Confesso que havia esquecido ele no meio de outras tantas  garrafas. Comprei porque a uva Ancellota não é muito conhecida e porque eu nunca havia tomado um vinho produzido a partir dela, assim minha curiosidade me levou a compra.


Na ocasião, para que eu pudesse visitar várias vinícolas e degustar os seus vinhos sem ter problemas para dirigir ou ser pega pelo bafômetro, contratei um guia de turismo, que era técnico em enologia, e que me levou a várias vinícolas, começando pelas maiores e depois visitamos outras, menores, mas igualmente interessantes.


Neste percorrido chegamos a Reserva da Cantina, ou Vinícola Michele Carraro, localizada na Estrada do Vinho e que merece uma parada de quem visita a região. Antes que alguém faça alguma confusão esta vinícola não tem relação com a de Lidio Carraro, na realidade Michele não é mulher é Il signor Michele Carraro (Miguele em italiano) que chegou ao Brasil em 1875 e se instalou na Linha Leopoldina, em Bento Gonçalves, onde passou a produzir seus próprios vinhos, arte aprendida com seu pai. Atualmente a empresa “Vinhos Reserva da Cantina” é administrada pela quarta geração da família. Um dos atrativos da Reserva da Cantina é o prédio, em formato de pipa (barril de vinho), além da gentileza no atendimento a quem chega lá para provar seus vinhos.


Os vinhos desta vinícola são produzidos em vinhedos próprios (11,9 hectares) não tendo passagem pela madeira, o que permite manter e valorizar as características frutadas de cada variedade.

A  Ancellota é uma casta de uva tinta  cuja   produção em  maior escala é feita na Emilia-Romagna e na parte inferior do Trentino. Há indicações de que a região da Emilia-Romagna seja o núcleo de origem da casta. Não é uma casta muito conhecida no Brasil, na realidade ela não é desconhecida apenas para os brasileiros, até mesmo na Itália, seu país de origem, ela também é pouco conhecida. Ao procurar informações sobre ela nos livros que tratam sobre vinho que tenho em minha biblioteca ou mesmo na internet, não encontrei muita informação, para ser sincera praticamente não encontrei quase nada.
Seu nome provavelmente origina-se da família Lancelloti, ou Lacillotto, da região de Modena, que foram os primeiros a cultivar esta uva já no século 14. Às vezes a variedade é denominada Lacellota.
Na Itália é utilizada como uva secundária para tornar os vinhos Lambrusco levemente doces mais especificamente no Lambrusco Salamino di Santa Croce DOC, da provinicia de Modena, aonde chega a compor 10% da assemblage e no Lambrusco Reggiano DOC, da provincia de Reggio Emilia, aonde chega a compor 15%.
Fora da Itália ela é cultivada no Sul da Suiça, no Catão Ticino e distrito de Moesa do Catão de Grisons, onde é inlcuida na lista de variedades para produzir o vinho tinto Ticino DOC.
Suas carcaterísticas principais são: cor  muito rica e vibrante, um rubi muito escuro com refelxos violáceos, lindíssima, baixa acidez e graduação média de álcool,o vinho Reserva Michelle Ancellota tem uma graduação alcoólica de 12,8. É uma cepa que apesar de ser sensível as geadas, tem boa resistência ao vento e a seca.
O Reserva Michelle Ancellota 2005 se mostrou um vinho muito agradável, fácild e degustar, de aroma fechado levou certo tempo para se mostrar, para seus aromas aparecerem, bom corpo, elegante, seco e boa persistência.

É um vinho para ser servido a temperatura de 15°C. O que é marcente neste vinho e nos vinho produzidos com a uva Ancellota é a cor rubi, escuro, vibrante, chama atenção pela sua beleza.


Outras vinícolas do Rio Grande do Sul também produziram bons vinhos Ancellota, tais como o Gran Reserva Ancellotta 2007, da Don Guerino, amadurecido 14 meses em barricas francesas, de cor rubi muito escuro com reflexos violáceos.


O Milantino Ancellotta 2005, Vale dos Vinhedos-Brasil, com paladar encorpado, taninos presentes, finos, secos, bom volume de boca, boa acidez.

O Larentis Reserva Especial Ancellotta 2005, com bons aromas, frutos vermelhos maduros (ameixas e goiaba) e um toque de especiarias; o Don Laurindo Reserva Ancellotta 2006, da Dom Laurindo, Vale dos Vinhedos, na boca, bom corpo, acidez correta, taninos macios e final médio-longo.



O vinho Ancellota harmoniza com feijoada, massas com molhos vermelhos, carnes vermelhas, carnes de caça, churrasco, eisbein, pratos com molhos bem condimentados e queijos tipo Camembert, Brie, Provolone e Parmesão.

A uva Ancellota me surpreendeu agradavelmente, foi um excelente complemento para o churrasco, na realidade um entrecote grelhado, coberto com mostarda com estragão, um tempero típico da culinária francesa que é utilizado para realçar o sabor de certos ingrediente e alimentos.

Aqueles enófilos curiosos, que gostam de experimentar novos vinhos, castas de uvas diferentes, seguramente terão uma experiência interessante. Sugiro também que experimentem a Geléia Extra de Cabernet Sauvignon, elaborada com vinhos do Vale dos Vinhedos, produzida e embalada por Adega Casa de Madeira, simplesmente divina.







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