Depois de um longo período com o pulso quebrado, por causa de um tropeço em uma calçada mal cuidada, finalmente posso retomar e finalizar este artigo, sobre minha experiência de um almoço harmonizado, no dia 5 de junho, durante as comemorações do Dia do Vinho. Este delicioso almoço foi organizado pela Vinho & Arte Casa (http://www.vinhoearte.com/index.php) para um grupo de 10 pessoas, com vinhos da Boutique de Vinhos Campos de Cima (http://camposdecima.com.br/index.php), que contou com a participação da enóloga uruguaia María Soledad Mello Escanellas (ao fundo na foto), que discorreu sobre o terroir de Itaquí, influências internacionais em sua carreira e o magnifico projeto Campos de Cima.
A enóloga, apesar de jovem, já carrega uma grande experiência internacional na elaboração de vinhos. Com curso técnico em enologia no Uruguai, graduação em enoturismo no Chile e em enologia na Austrália, já trabalhou em vinícolas da Califórnia, África do Sul, Austrália e no Chile, morando inclusive na própria vinícola, em algumas delas. Entre as vinícolas nas quais ela atuou estão a Miolo em Bento Gonçalves, na Quinta do Seival em Bagé, no Douro em Portugal, em Punta del Este na Alto da La Ballena e no estado de Washington, nos Estados Unidos.
A Boutique Campos de Cima (http://www.camposdecima.com.br/) está localizada a 80km da cidade de Itaqui (https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:RioGrandedoSul_Municip_Itaqui.svg), município localizado no sudoeste do Rio Grande do Sul, as margens do rio Uruguai, na divisa do Brasil com Argentina, na latitude Sul de 29º07'31", já no Pampa Gaúcho.
Esta vinícola é uma propriedade familiar com mais de 150 anos, com
tradição em pecuária. A região, com grande potencial para a vitivinicultura, incentivou seus proprietários, José Silva Ayub e Hortência Ravache Brandão Ayub, a iniciarem um projeto de implantação de 15 hectares
de vinhedos, em uma coxilha denominada Campos de Cima, que dá nome a vinícola.
A proposta da vinícola é fazer vinhos que tenham o nome do lugar, que lembrem a origem do terroir. Os
vinhedos da Campos de Cima foram implantados no período de 2002 a 2004 e a primeira safra
ocorreu em 2006, da uva Tannat, quando foram geradas apenas 5 mil garrafas, colocadas no mercado em 2009. São também cultivadas na vinícola as uvas Ruby Cabernet,
Chardonnay, Viognier, Pinot Noir, Merlot, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon,
Shiraz, Malbec e Tempranillo.
O cardápio do almoço harmonizado foi de muito bom gosto e a sala onde está a mesa na qual foi servido o almoço, rodeada de um belo estoque de bons vinhos, fica ao lado de uma simpática varanda complementada por um jardim que faz com que o conviva não queira ir embora. Nesta varanda recebemos as boas vindas, com um Espumante Campos de Cima Extra Brut, acompanhado do couvert com pães e passas.
Este espumante ganhou Medalha de Ouro no Concurso Mundial de Bruxelas, em 2013; Medalha de Prata no GP Vinhos do Brasil, em 2015 e Comenda - International Wine Challenge, Londres, em 2015. Elaborado pelo método tradicional, com uvas Chardonnay e Pinot Noir de vinhedo próprio, é um espumante fino, elegante e harmônico, com aromas
cítricos, mesclados a néctar e tâmaras. O vinho espumante está muito associado a momentos de alegrias e de boas-vindas, e o Espumante Campos de Cima funcionou perfeitamente como quebra-gelo, em um almoço onde os convivas não se conheciam. Não demorou nem o tempo de finalizar a primeira taça para que todos já estivessem descontraídos, começassem a se conhecer e entrassem no clima harmonioso do almoço que estava por vir.
O primeiro prato quente a ser servido foi o Amouse
Bouche (aquelas comidinhas que você devora em uma ou em duas bocadas, no máximo, alguns chamam de finger food, em geral precedem uma refeição) que era um creme de moranga com especiarias, delicioso, que veio acompanhado do vinho Campos de Cima Viogner 2014.
Este vinho é elaborado com uvas Viognier e Chardonnay, apresenta cor amarelo claro com reflexos
esverdeados, com notas
florais a jasmim e violetas e notas cítricas a lima. Deve ser servido a temperatura de 8 a 10ºC, e harmonizou perfeitamente com o creme de moranga, mas também vai muito bem com peixes e frutos do mar. Como a Campos de Cima é uma vinícola boutique, foram produzidas apenas 1200 garrafas deste vinho. Ele ganhou a Comenda - International Wine
Challenge, em Londres, 2015 e a Medalha de Prata no GP Vinhos do Brasil, em 2015.
Na sequencia foi servida a entrada, uma salada de folhas e frutas (alface, repolho, melão e tomate cereja) que veio acompanhada do vinho Campos de Cima Irene Antonieta Rosé, 2014. Seguindo a tradição da vinícola de fazer vinhos que tenham o nome do lugar este foi criado para homenagear uma avó materna da proprietária da
vinícola, a Sra. Irene Antonietta, que era uma apaixonada por vinhos
rosés. Ele foi foi elaborado sob a assessoria dos enólogos franceses, Michel e Annabelle Fabre, da Provence, especialistas em vinhos rosés de tonalidades claras.
Michel
é enólogo-chefe da conceituada vinícola Villa Baulieu. A Provence é a mais prestigiada região francesa produtora de rosés do mundo.

A cor deste vinho não é exatamente rose, é um blush. Com
uma edição limitada de apenas 1,6 mil garrafas, este vinho traz
uma perfeita combinação das uvas Cabernet Sauvignon e Merlot, muito frutado com destaques de morango e ameixas associado com notas cítricas
de laranjeiras e limas. Deve ser servido a temperatura de 8 a 10º C e vai muito bem com saladas, peixes e
outros tipos de carnes brancas, molhos de ervas finas e também sobremesas.Próprio para ser degustado no verão ou em momentos festivos, como este almoço.

Juntamente com o risoto foi servido também o vinho Assinatura 2014, elaborado com uvas Malbec,
Shiraz e Tannat. Apresenta cor rubi
brilhante, aromas de frutos vermelhos e notas de tabaco e pimenta negra, com boa persistência. Deve ser servido a temperatura de 18ºC. Vai muito bem com carnes vermelhas, caças e massas com molhos temperados. Deste vinho foram produzidas apenas 1.500
garrafas e ele foi premiado com a Comenda
- International Wine Challenge - London 2015.
Neste
momento do almoço a enóloga pediu para que experimentássemos o vinho
Viogner com o risoto de charque e todos ficamos surpresos de ver como
harmonizou perfeitamente. Este vinho além de combinar com o
creme de moranga vai muito bem também com comidas com mais
personalidade, como o risoto de charque, uma vez que tem estrutura e
acidez equilibrada que trabalha muito bem com a carne.
Além da harmonização perfeita conduzida pela enóloga com muita propriedade e simpatia, quero dar também os meus parabéns a excelente cozinheira, Lisa, e seu fiel escudeiro, Diogo, que não mediram esforços para tornar este almoço tão agradável.
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