domingo, 22 de dezembro de 2024

GEOGRAFIA DO VINHO – OS VINHOS DAS REGIÕES DOS BALCÃS E EUROPA DO LESTE - PARTE 2

No dia 04/12/2024 publiquei o artigo “Geografia do vinho – Os vinhos das região do Mar Negro - Parte 1”, onde apresentei dois vinhos da Georgia, da região do Mar Negro, como parte de uma degustação, realizada no dia 18/10/2024, na Essência Enoturismo e Wine Lodge, localizada na Via PRODENP 330, Nova Pádua, RS. (https://www.instagram.com/essenciaenoturismo/)

Na ocasião foram degustados também vinhos da região dos Balcãs e da Europa do Leste. Neste artigo são apresentados os vinhos degustados da Macedônia do Norte, o Veritas Vranec Barrique Private Reserve DOC 2017 e o vinho da Moldova (Moldávia em português), o Orasul Subteran Feteasca Neagra 2021


A Essência Enoturismo é de propriedade do casal Agostinho Bernardino e Regiane Naito Bernardino. Ele foi presidente da ABW, por dois mandatos nos períodos de 20015-2018 e 2018-2021 e conduziu a degustação dos quatros vinhos.

MACEDÔNIA DO NORTE

A Macedônia é uma região geográfica e histórica da península dos Balcãs, no Sudeste da Europa, sendo seu território dividido entre a Grécia (52,4%), a República da Macedônia do Norte (35,8%), a Bulgária (10,1%), a Albânia (1,4%) e a Sérvia (0,3%). O território da República da Macedônia do Norte, conhecida por sua rica tradição vinícola, ocupa cerca de dois quintos da região geográfica da Macedônia. Explico isso, porque há muita confusão entre Macedônia e Macedônia do Norte, uma vez que a primeira não é homogênea nem do ponto de vista geográfico e nem étnico.

Toda essa área passou por conflito por ocasião da independência da Macedônia do Norte, que foi obrigada a acrescentar a palavra Norte ao seu nome para se diferenciar da região da Macedônia. 

Ela é  um dos estados sucessores da antiga Iugoslávia, da qual se separou em 1992. Está localizada na Península Balcânica, no Sudeste da Europa,  entre as latitudes 41° e 42° N, possuindo uma área total de 25.713 km², um pouco menor  que a área do estado de Alagoas (27.843,295 km²). É um país sem acesso ao mar, e faz limite com a Sérvia  ao Norte, Kosovo a Noroeste, Bulgária a Leste, Grécia ao Sul e Albânia  a Oeste.

Seu território é em grande parte montanhoso, com pelo menos seis picos elevando-se  a 2.000 metros acima do nível do mar. Existem também vários vales amplos e férteis que apresentam um bom potencial para a agricultura.

A Macedónia do Norte está situada na junção de duas zonas climáticas principais, a Mediterrânica e a Continental. No geral, no país  há um clima continental moderado,  as temperaturas ficam em média ao redor  de 0 °C em Janeiro e sobem para cerca de 20–25 °C em Julho. A região de origem do  vinho degustado, salientada na figura que segue, apresenta dois subtipos de clima, o Subcontinental Mediterrâneo mais ao Norte  e, no Sul,  mais próximo a fronteira com a Grécia  o subtipo climático  Submediterrâneo. 

Nas  zonas orientais com áreas menos montanhosas e com vales e planícies (vinho degustado) tendem a ter invernos mais amenos e verões secos. A precipitação média anual está ao redor de 500-600 mm, sendo julho-agosto (25,4 mm-vindima) os meses de menor precipitação e outubro-novembro (100 mm-dormência) os de maior precipitação. Muitos vinhedos estão em uma altitude acima de 1.000 metros.

A Macedônia do Norte tem 24.000 hectares de vinhas (4.000 hectares em Tikves) e duas variedades de uvas indígenas que são as mais cultivadas: a Vranec (tinta-uva do vinho degustado) e a Smederevka (branca). Além delas são cultivadas também a Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Chardonnay, Riesling e a Sauvignon Blanc. Os vinhos tintos dominam ao redor de 80% da produção do país. 

O distrito de Tikves situado na região Centro-Sul (ver mapa que segue) é a mais importante região vinícola do país e responsável por 83% da produção total de vinhos. Ele estende-se por aproximadamente 30 km2 e inclui mais de 350 hectares de vinhedos, muitos dos quais com certificação orgânica ou biodinâmica. 

É desse distrito que se origina o vinho Veritas Vranec Barrique Private Reserva DOC, safra 2017, da vinícola Stobi, localizada na cidade de mesmo nome, considerada por muitos como o sítio arqueológico mais famoso da Macedônia do Norte e, cuja localização está marcada no mapa de relevo. 

 

Tikves produz vinhos desde a época romana e foi um importante centro de produção  durante o reinado Otomano (final século 13-início século 20). Uma das primeiras menção sobre produção de vinhos nessa  área data de  1521, isto é 21 anos após o descobrimento do Brasil. É um dos destinos vitivinícolas mais populares do país. As características do vinho degustado são apresentadas a seguir. 



MOLDOVA

A República da Moldova (Moldávia em português) é um país da Europa Oriental, que fazia parte da antiga União Soviética e da qual se separou em 1991. Está localizada no Sudeste da Europa, entre a Ucrânia e a Romênia, na Bacia do Mar Negro, onde o vinho se originou. Apesar da proximidade com o Mar Negro, o país não possui litoral.

Seu território ocupa 33.700 km², um pouco menor que o estado do Rio de Janeiro (43.781,5 km²). Chisinau, sua capital e maior cidade está localizada no centro geográfico do país, sendo considerada uma das capitais mais arborizadas da Europa.

A Moldova possui um clima continental temperado, com verões quentes e invernos relativamente leves, o que contribui para o seu desenvolvimento agrícola sendo um dos maiores fornecedores de produtos agrícolas da região.  Os verões são quentes e longos, com temperatura média de 20 °C e o inverno é relativamente leve e seco, com temperatura média de -4 °C.

A precipitação anual varia de 600 mm no norte do país a 400 mm no Sul. A maior precipitação ocorre no início do verão em outubro, mas longos períodos de seca não são incomuns.

O relevo da Moldova é variado, a porção central do país onde está localizada a região vitivinícola do vinho degustado, é composta por colinas com altitudes médias de cerca de 350 a 400 metros. Essas são entrelaçadas por vales profundos e planos, ravinas e depressões devastadas por deslizamentos de terra, separadas por cristas acentuadas. Isto é, o relevo é bem diversificado.

A Moldova  é o maior país produtor de vinho que anteriormente fazia parte da URSS e para qual dependia boa parte de suas exportações, mesmo por um bom tempo após a separação. Ela tem uma indústria vinícola com uma produção de cerca de 2 milhões de hectolitros de vinho, sendo o 11° maior país produtor de vinho na Europa. Seus vinhedos cobrem 148.500 hectares, dos quais 107.800 hectares são utilizados para produção comercial.

O país é conhecido pela sua elevada densidade de vinhedos, que ocupam  3,8% do seu território e 7% das terras aráveis, o vinho engarrafado representa 40% das exportações.

O país tem quatro regiões vinícolas importantes: Valul lui Traian, Stefan Voda, Balti e Codru (ver mapa). O vinho degustado é desta ultima região que é a maior e mais importante em termos de área desse país montanhoso, estando localizada  entre os rios Pruth e a fronteira com a Ucrânia. 

Na porção central da região de Codru está localizada a capital do país Chisinau. A área de vinhedos dessa paisagem labiríntica é muito fragmentada. Os vinhedos estão parcialmente em colinas, parcialmente em vales de rios. O clima é continental quente. No entanto, as muitas florestas de carvalhos e tílias garantem um microclima moderado.

As castas europeias representam 70% da área plantada com vinhedos, sendo a maioria variedades brancas, como Rkatsiteli, Sauvignon Blanc, Chardonnay e Aligote. As principais variedades tintas são Cabernet Sauvignon, Merlot Pinot Noir e Saperavi. As variedades indígenas representam 10% dos vinhedos e incluem  Rara Neagra e Feteasca Neagra, com a qual o vinho degustado foi elaborado.

A seguir são apresentadas informações sobre a uva e o vinho degustado.



Cricova Winery. É uma vinícola na Moldova, localizada na cidade de mesmo nome, a 15 km ao norte de Chişinău. Essa é a segunda maior adega do país, depois de Milestii Mici (a maior do mundo) e tem 120 km de estradas labirínticas. O território era uma mina de calcário e túneis que existem sob Cricova desde o século XV, quando o calcário foi escavado para ajudar a construir Chişinău. Na década de 1950 eles foram convertidos em um empório subterrâneo de vinhos. Em alguns ramos, a escavação ainda está ativa, então a adega ainda está crescendo.

Ela tem profundidade de até 100 metros e contém 1,30 milhão de garrafas de vinhos raros. O vinho mais antigo é datado de 1902. A temperatura é mantida em cerca de 12 °C durante todo o ano, o que é perfeito para os vinhos.

Metade das estradas no interior da vinícola são usadas para armazenamento de vinho e são nomeadas pelos vinhos que armazenam. Esta "cidade do vinho" tem armazéns, salas de degustação e outras instalações subterrâneas. Veja maiores detalhes em: 
(https://en.wikipedia.org/wiki/Cricova_(winery). 



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quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

GEOGRAFIA DO VINHO – OS VINHOS DA REGIÃO DO MAR NEGRO - PARTE 1


No dia 18 de outubro o grupo da Associação Brasileira de Winemakers-ABW que participou da 32°Avaliação Nacional de Vinhos Safra 2024, fez uma visita a Essência Enoturismo e Wine Lodge (https://www.instagram.com/essenciaenoturismo/), localizada na Via PRODENP, 330, Nova Pádua, RS, onde tivemos uma excelente degustação de vinhos oriundos da região do Mar Negro,  dos Balcãs e do Leste Europeu.

A Essência Enoturismo e Wine Lodge dispõe de restaurante, wine bar e área para eventos sociais e corporativos, interna e externa. Futuramente terá pousada, em um refúgio natural muito conceitual e um pôr do sol de suspirar , como pode ser visto na fotografia. 

De propriedade do casal Agostinho Bernardino e Regiane Naito Bernardino, o projeto nasce em 2016, com pesquisas e benchmarking nas principais regiões vitivinícolas do mundo, e com participações em congressos internacionais e seminários de enoturismo. Tudo foi pensado para preencher as necessidades dos enoturistas, para que encontrem em um só lugar diversas experiências junto à natureza e ao mundo da gastronomia e vinhos.

Agostinho foi presidente da ABW, por dois mandatos nos períodos de 20015-2018 e 2018-2021 e, em parceria com a Regiane, prepararam um belíssimo almoço para todo o grupo e, mais para o final da tarde ele conduziu uma degustação maravilhosa de  vinhos oriundos da Geórgia, Macedônia do Norte e Moldávia. 

Como sabemos, cada garrafa de vinho carrega as características, história e tradições da região onde as uvas são cultivadas e o vinho elaborado. São estes detalhes que fazem com que cada vinho seja único, mesmo que ele seja elaborado, por exemplo, com a uva Cabernet Sauvignon a variedade mais cultivada e difundida nos quatro cantos do mundo, ainda assim, ele trará as características do terroir onde a uva onde foi plantada.

Na sequência são apresentados os vinhos degustados nessa visita a Essência Enoturismo e Wine Lodge, considerando suas características, como variedade de uvas, país de origem, região vitivinícola, aromas, sabores e harmonização.

Nesse artigo são apresentados, incialmente, apenas os dois vinhos da Georgia. Em um próximo artigo, que já está em elaboração, serão apresentados os vinhos da Macedônia do Norte e Moldávia. A razão de separar a degustação destes vinhos em dois artigos, é para que o texto não ficasse muito longo e cansativo para o leitor. Sugiro que leiam os dois artigos, os vinhos e suas respectivas regiões de origem, são muito interessantes.  

GEÓRGIA

Os dois primeiros vinhos degustados são da Georgia, um país transcontinental localizado na fronteira entre a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, na região da Cordilheira do Cáucaso, entre o Mar Negro e o Mar Cáspio.

A Geórgia é cercada por montanhas em três lados, que a protegem  do frio do Caúcaso Siberiano na porção norte na fronteira com a Rússia.  Porém, ela é  amplamente aberta para o Oeste, no Mar Negro, que traz umidade e calor ao terreno montanhoso, diversidade de solos e clima relativamente ameno, moderadamente subtropical.

A vitivinicultura na Geórgia é uma das mais antigas do mundo, evidências arqueológicas sugerem que a produção primitiva começou entre 6.000 a 8.000 anos na região do Cáucaso.  Atualmente seus vinhedos cobrem 100.000 hectares e grande parte do vinho ainda é vinificado de acordo com o método tradicional.

 A Geórgia tem mais de 500 variedades indígenas e 18 denominações de origem. A região vinícola de Kakheti, onde os vinhos degustados foram elaborados,  é a mais importante da Geórgia em termos quantitativos, qualitativos e até históricos. Conforme pode ser observado na figura que segue, está localizada na porção mais continental do seu território no extremo oeste, na divisa com a Rússia e o Azerbaijão, na latitude de 40°N. 

Kakheti tem um clima continental transitório com temperaturas amenas a subtropicais.  Predominantemente, as áreas vitícolas têm um clima árido com chuvas concentradas durante os meses de inverno.  Os solos pobres em nutrientes  são uma espécie de marca registrada da viticultura, já que sua descoberta fez com que os primeiros vignerons georgianos (já em 6.000 AC) tropeçassem em terroir quase perfeito milênios antes de o conceito de terroir ser formalizado e receber um nome.

Quase três quartos das uvas para vinho do país são cultivadas aqui nessa região, sendo as principais variedades  a  uva tinta Saperavi  (61% das produção)  e a uva branca Rkatsiteli (13% da produção), das quais foram elaborados os dois primeiros vinhos que degustamos.

1° VINHO DEGUSTADO: GEORGIAN LEGEND RKATSITELI ORANGE 2020 


GEORGIAN LEGEND RKATSITELI ORANGE 2020 – SAFRA 2020

  • Provem da região onde foi originalmente desenvolvido o método de elaboração do vinho laranja;
  • A fermentação ocorre junto das cascas pelo método Kakhetian, nos tradicionais "kvevri" (ânforas de argila), que são tampadas, seladas com cera de abelha e enterradas a 3 metros de profundidade, permanecendo nesses recipientes por 9 meses, extraindo das cascas sua cor e desenvolvendo um caráter único;
  • Possui atraente coloração alaranjada brilhante e límpida. No nariz, é mineral e com uma explosão de aromas como notas deliciosas de pêssego, mel e especiarias;
  • Em boca, é cremoso e apresenta notas terrosas e de frutas secas como o damasco e a laranja;
  • Por ser macerado junto as cascas, possui taninos assim como os tintos, que se apresentam redondos e agradáveis;
  • Pela presença de taninos e por sua ótima estrutura pode tranquilamente substituir vinhos tintos nas refeições.

Harmonização:

  • Aprecie com carnes suínas e de cordeiro, peixes diversos, frutos do mar, massas e risotos ricos em sabor. Harmoniza muito bem com um espaguete na manteiga e salsa;
  • Temperatura de serviço: 12 °C;
  • Teor Alcoólico: 13,5%.

 2° VINHO DEGUSTADO: VAZISUBANI SAPERAVI AMPHORA AOC 2020 



VAZISUBANI SAPERAVI AMPHORA AOC 2020

  • Uvas colhidas apenas manualmente para garantir a mais elevada qualidade;
  • Elaborado à maneira tradicional georgiana em ânforas subterrâneas de terracota – QVEVRI (1.300 a 2.500 L);
  • Estagiou e amadureceu em ânforas de argila enterradas e seladas com cera de abelha durante 7 meses Sur Lie;
  • De cor escura, apresenta aromas distintos de cereja e amora maduras;
  • Estrutura tânica rica e exuberante e equilibrada. A sensação na boca e o equilíbrio estão perfeitamente em harmonia com o resto do corpo tendo uma longa duração e sensação memorável;
  • Necessita de aeração em decanter por pelo menos 60 minutos onde se abre e mostra todo o seu potencial.

Harmonização:

  • Excelente para acompanhar carnes vermelhas e de caça;
  • Os queijos maduros também são uma boa escolha;
  • Sugere-se apreciar a 17 °C em taças grandes porte (Borgonha).
Em breve teremos Geografia do Vinho - Os vinhos das regiões do mar Negro , dos Balcãs e Europa do Leste - Parte 2

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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

GEOGRAFIA DO VINHO - IRLANDA, UM PAÍS TRADICIONALMENTE CONHECIDO POR SUA CERVEJA E WISKEY, AGORA TAMBÉM PRODUZ VINHOS.

Desde que iniciei a publicação deste blog já abordei vários artigos que tratam da Geografia do Vinho em diferentes cantos do mundo, entre eles as regiões vitivinícolas brasileiras, o vale do Mosel na Alemanha, os vinhos da Croácia, da África do Sul, da Eslovênia, da Espanha, da Áustria, do Uruguai, das Ilhas Canárias. Em todos eles, eu procurei mostrar como as características de uma região influenciam de forma marcante o tipo e o perfil dos vinhos nelas produzidos.

Nestes artigos, cada vez mais eu procuro abordar regiões vitivinícolas que não estejam inseridas na tradicional rota do vinho como Europa, Américas e África do Sul. Com a melhoria das técnicas de vitivinicultura e o avanço das mudanças climáticas nas regiões mais tradicionais do vinho,  mais países que apenas consumiam vinho agora estão também se dedicando ao cultivo da Vitis Vinífera e produzindo vinhos de boa qualidade.

O exemplo mais emblemático dessa mudança, são as uvas cultivadas e os vinhos produzidos no Sul da Inglaterra. Em 1993-1994, no período em que passei na Inglaterra para um Post-doctoral Training Research Program na Universidade de Leicester, tomei vinhos de vários lugares do mundo, mas nenhum deles da Inglaterra.  Hoje em dia empresas francesas tem vinhedos no Sul do país para produzir espumante, como a vinícola francesa Pommery que firmou parceria com a casa britânica Hattingley e, teve seu primeiro vinho à venda em 2019.

No artigo de hoje irei abordar os vinhos e as vinícolas da Irlanda, que é muito mais conhecida pelas celebrações do Hallowen, pela cerveja e pelo whiskey do que pela produção de vinhos.

A República da Irlanda é um país independente da Europa do Norte, localizado entre as latitudes de 51°N e 55°N. Trata-se da maior nação pertencente à ilha da Irlanda, uma das ilhas Britânicas banhadas pelo Atlântico Norte. Não possui fronteiras físicas com a Europa Continental, sendo que sua única fronteira terrestre é a estabelecida com a Irlanda do Norte, que pertence ao reino Unido.  É banhada pelo Atlântico Norte e se separa da Grã-Bretanha pelo mar da Irlanda.

Tem uma extensão territorial de 69.797 km², um pouco maior que o estado de Santa Catarina. No país vivem ao redor de 4.938.000 habitantes, sendo que sua maior cidade e capital é Dublin, que concentra 1,2 milhão de pessoas.

 A Irlanda é muito mais conhecida por suas belezas naturais do que pela produção de vinhos. É comum ver-se em filmes, cuja história se passa nesse país, a natureza como um cartão-postal onde suas falésias servem de cenário para encontros e desencontros de apaixonados. Ceio que a maioria de nós quando vê uma paisagem como a que segue, imediatamente lembra das falésias irlandesas, açoitadas pelas ondas do mar e pelo vento frio vindo do oceano. 

Falésias de Moher (Cliffs of Moher), formação rochosa íngreme, localizada no lado oeste da Irlanda e aos pés do Oceano Atlântico, formada a mais de 300 milhões de anos, esculpida pela lenta e constante ação da água do mar.

Além das falésias e da cerveja irlandesa, muitos de nós lembra da Irlanda todos os anos, entre os dias 31 de outubro e 1º de novembro, quando boa parte do mundo ocidental celebra o Halloween (ou Dia das Bruxas) que teve início na Irlanda (e demais ilhas Britânicas) há dois mil anos. Essa era a data em que se celebrava o Samhain na cultura celta, quando se  acreditava que essa noite era mágica e que o véu que separava o mundo material do espiritual, estaria mais fino e os dois mundos se fundiam conforme a luz do Sol abaixava e o crepúsculo chegava. 

Os irlandeses comemoram tomando cerveja, mas nos últimos anos, como boa amante do vinho eu participei em variações destas celebrações aqui no Brasil, o Hallowine, tomando excelentes vinhos. Sinal dos novos tempos, inclusive na tradicional Irlanda onde as vinícolas estão prosperando e cada vez mais aumentado a sua presença em diferentes regiões do país, com preferência para a região Leste-Sudeste, junto ao Mar da Irlanda.

A tendência irlandesa de produzir vinho é nova, porém cada vez mais ela está se tornando uma realidade concreta, já que é possível encontrar várias áreas produtoras deste precioso líquido, em diferentes regiões do país, como Munster (Sul), Leinster (Leste) e Connacht (Oeste), conforme pode ser observado no mapa que segue onde estão salientadas algumas áreas vitivinícolas. 

À medida que o mundo aquece, a produção de vinho europeia fica mais ameaçada o que também traz novas oportunidades para produção de vinhos em latitudes antes desprezadas, ou consideradas impróprias, notadamente aquelas acima de 50°N, que é o caso da Irlanda. O país produz vinhos em várias regiões entre as latitudes de 52°N a 55°N, fora da tradicional região do zona do vinho na Europa (30°N a 50°N) porém, ainda não é um grande produtor.

Não podemos esquecer que a Irlanda e a Irlanda do Norte, tem seu território em uma ilha, cuja definição é “porção de terra rodeada por água por todos os lados”, o que, sem a menor dúvida define o clima do país e, lembrem-se, a uva detesta umidade excessiva.

O clima predominante na Irlanda é o temperado oceânico, bastante influenciado pela atuação da corrente marítima do Atlântico Norte. Os invernos são frios, com temperatura média de 4 ºC a 7 ºC podendo nevar no inverno, enquanto os verões são amenos com máximas de até 16 ºC.

As chuvas são bem distribuídas entre as estações do ano e acumulam volume anual de cerca de 1.650 mm.  Um dos maiores desafios para a vitivinicultura irlandesa é esse excesso de chuva e a falta de sol, uma vez que os índices pluviométricos são elevados durante todo o ano, como podem ser vistos nos gráficos, referentes a cidade de Cork na porção Sudeste e de Dublin na porção Centro-Leste do país. Como sabemos, as uvas não gostam de grandes acumulados de precipitação. 

Além da precipitação outro grande desafio para a vitivinicultura é a nebulosidade intensa durante a maior parte do ano, um aspecto característico do clima irlandês, justamente devido a proximidade com o mar.

À medida que as temperaturas aumentam a nível mundial, o clima da ilha torna-se cada vez mais propício à viticultura, fato inimaginável alguns anos atrás. Com os verões mais quentes e secos, especialmente ao longo das costas Sudeste e Leste, cria-se um ambiente onde as vinhas podem florescer, desencadeando uma indústria vinícola nascente num país mais habituado à produção de cerveja do que à produção de vinho.

James McWalter, autor do ensaio sobre a viabilidade da Irlanda se tornar um produtor de vinhos, identificou  Wexford e Waterford como os condados com maior potencial. Embora saliente que a Irlanda está protegida de geadas destrutivas graças à influência da Corrente do Golfo do Atlântico Norte, ele também conclui que “a Irlanda atualmente não tem GDDs  (Graus Dias de Crescimento) suficientes para a viticultura”… ainda.

Como mencionado a  Irlanda é um dos países produtores de vinho localizado mais ao norte, em latitudes maiores, fora da zona tradicional do vinho.  Além disso o fato de ser uma ilha seu clima é predominantemente  frio e úmido. Para que o cultivo da uva seja um sucesso neste clima elas precisam ser escolhidas e cultivadas com muito cuidado.

As  condições mais úmidas e frias na Irlanda significam que a maioria das variedades europeias teriam dificuldade em crescer com sucesso, por essa razão, muitos  produtores plantam variedades de uvas híbridas obtidas pelo cruzamento de Vitis Vinifera com outras variedades mais resistentes a doenças. No passado, estes cruzamentos não eram muito respeitados pelas regiões vitivinícolas estabelecidas, mas com as alterações climáticas, os produtores de climas quentes estão olhando de outra forma para os híbridos.

Algumas uvas que crescem bem na Irlanda, são a Rondo, a  Regent, a Solaris, a Phoenix e a Madeleine Angevine. Muitas delas são cultivadas também em outros páises europeus, como a Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Estados Unidos, Hungria, Inglaterra, Noruega, Quirguistão, República Tcheca, Romênia, Suiça e Suécia. Elas tem grandes chances de sucesso quando cultivadas também na Irlanda já que todos esses países compartilham climas semelhantes, uma vez alguns deles tem parte ou todo o seu território localizados fora da zona tradicional do vinho (30°N-50°N).

Muitas uvas que crescem com sucesso na Alemanha, na Inglaterra terão grandes chances de sucesso quando cultivadas também na Irlanda, já que todas compartilham climas semelhantes. Por mais improvável que pareça, variedades de uvas conhecidas também crescem tais como Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Müller-Thurgau, Pinot Blanc, Pinot Noir e Reichensteiner. 

A produção de vinho irlandesa irá certamente aumentar nos próximos 50 anos, embora o aumento das chuvas possa causar problemas. Existem mais de uma dúzia de vinícolas espalhadas pelo país, algumas com pequenas operações dirigidas por entusiastas, outras bastante substanciais. As vinícolas estão crescendo em Cork, Waterford, Wexford, Condado de Westmeath, Tipperary, Condado de Mayo, Kilkenny, Louth, Dublin e provavelmente em outros lugares.

A Irlanda tem mais de uma dezena de vinícolas, entre elas:

  • Ballydrehid House Estate: Localizada em Cahir, Condad de Tipperary
  • Blackwater Valley Vineyard: Localizada em Mallow
  •  Longueville House: Localizada em Mallow
  • The Watergrasshill Vineyard: Localizada em Bartlemy

  • Thomas Walk Vineyard: Localizada em Kinsale 

  • West Waterford Vineyard: Localizada em Cappoquin, Condado de Waterford

Um fato pouco conhecido dos apreciadores de vinho é que a Irlanda está listada como país oficial produtor de vinho pela Comissão Europeia. A posição da ilha, um pouco mais ao norte do Equador terrestre, torna as condições de cultivo do vinho muito mais difíceis do que na Europa Continental, onde se encontram as regiões tradicionais produtoras de vinhos. 

Os vinhos irlandeses têm menos álcool e maior acidez. Eles tendem a produzir vinhos brancos, mas também produzem alguns tintos. Eles têm um conjunto diferente de sabores, mas podem ser muito bons. E, a medida que as vinhas envelhecem e os produtores aprendem mais como cultivá-las em condições tão adversas, os vinhos resultantes só podem melhorar.

Uma informação que eu creio que a maioria de vocês não sabe o vinho é confortavelmente a segunda bebida alcoólica mais popular do país. Em 2019 representou 29,3% da bebida  consumida, sendo superada apenas pela tradicional cerveja irlandesa que representou 40,2%. Já em 2020 o vinho representou 32,2% e a cerveja 38,9%. Este último ano correspondeu ao período da pandemia, quando as pessoas ficavam mais em casa devido as restrições de interação social. Passado esse período a cerveja voltou a ter a liderança, seguida pelo vinho.

Acessem esses vídeos sobre produção de vinhos na Irlanda, são muito interessantes

https://www.facebook.com/watch/?v=969879397955839

https://youtu.be/JR9n4a8U-jY

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terça-feira, 8 de outubro de 2024

OS INCÊNDIOS FLORESTAIS, AS QUEIMADAS E A VITIVINICULTURA

 

No último mês de setembro vimos, na maioria dos noticiários, o Brasil literalmente ardendo em chamas em todas as latitudes devido as queimadas e incêndios florestais que em vários estados atingiram proporções quase que apocalípticas. Infelizmente esse fenômeno não ocorreu apenas no nosso país, mas em vários outros países vizinhos da América do Sul que, devido à proximidade territorial e a ação dos ventos, acabaram contribuindo para que as densas nuvens de fumaças atingissem o Brasil praticamente de Norte a Sul.

No mapa que segue a região praticamente sem ocorrência de queimadas é a região Sul do Brasil onde estão concentradas a grande maioria das áreas vitivinícolas do país.

Os incêndios florestais e as queimadas pioram a qualidade do ar e a poluição causada por eles pode atingir o nível de risco máximo para a saúde humana nas regiões onde a fumaça chega.

O Índice de Qualidade do Ar (Air Quality Index-AQI) foi considerado insalubre ou perigoso, no mês de setembro, em várias cidades brasileiras. Esse índice é um número utilizado para transmitir a qualidade do ar pelos governos ao público em geral, a qualidade do ar se deteriora à medida que aumenta a concentração de poluentes.

Esse índice se baseia nos níveis de cinco poluentes regulamentados pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA, em conformidade com a Lei do Ar Puro (“Clean Air Act”), que são ozônio, material particulado, monóxido de carbono, dióxido de enxofre e dióxido de nitrogênio, todos prejudiciais a saúde e ao meio ambiente. A qualidade do ar é classificada em cinco faixas de valores conforme tabela que segue.



De modo geral, os incêndios florestais e as queimadas geram a destruição do meio ambiente, dos biomas, empobrecem os solos e afetam a vida das espécies vegetais e animais. As áreas afetadas por eles, emitem gases poluentes e fumaça, que contribuem para o efeito estufa e que causam mal à saúde do ser humano e de animais, quando inalados imediatamente.

A esta altura do texto, o leitor deve estar se perguntando qual a relação de tudo isso com o vinho nosso de cada dia? Muita. Creio que vocês lembram de eventos de incêndios florestais que ocorreram na Califórnia e Austrália em 2019/2020, onde a fumaça gerada por eles chegou as regiões vitivinícolas e os vinhos da safra daquele ano apresentaram odor de queimado, o que é um defeito significativo.

Os incêndios florestais de 2020 que assolaram a Califórnia e o Oregon custaram à indústria vinícola americana cerca de 3,7 mil milhões de dólares em perdas. A fumaça chegou aos vinhedos justamente quando as uvas estavam em seu estágio de crescimento e, de acordo com os vititinicultores, elas cheiravam a bacon e plástico e realmente não valia a pena fazer vinho com elas.  Nesse mesmo ano, os incêndios florestais resultaram na perda de cerca de 4% das uvas para vinho, na Austrália, devido ao odor de fumaça.

Esse odor é decorrente do fato de os vinhedos estarem expostos a fumaça dos incêndios florestais ou queimadas, sendo um defeito na bebida que pode ocorrer quando as bagas em maturação absorvem fenóis voláteis. O odor de fumaça ocorre porque os compostos voláteis presentes na fumaça chega aos vinhedos e permanece por períodos prolongados de tempo, sendo absorvidos pelas uvas. Pode alterar muito a composição e as propriedades sensoriais do vinho, levando a aromas e sabores desagradáveis ​​de fumaça, de medicamentos e borracha queimada - e um sabor seco e acinzentado.

Os incêndios florestais, além de darem ao vinho aromas de fumaça, eles contribuem para o aumento do efeito estufa, que afeta consideravelmente a vitivinicultura. A fumaça pode viajar vários quilômetros, com os incêndios ocorrendo em uma região, mas a poluição que eles causam na atmosfera pode ser percebida a milhares de quilômetros de distância do seu ponto de origem, levada pelas correntes de ar.

 

Assim, seus efeitos podem ser percebidos nos vinhedos mesmo que eles não tenham nenhuma proximidade com as áreas queimadas, mesmo que estejam a milhares de quilômetros de distância do ponto de origem dos incêndios.

Nas imagens que seguem, é possível ver que uma grande área da América do Sul foi tomada pela fumaça no dia 9 de setembro de 2024, com os índices de qualidade do ar estando entre ruim a péssima. A origem dos incêndios está no Peru e no Sul da Amazônia, próximo a linha do Equador, mais ou menos a 1° de Latitude Sul, mas devido às correntes de vento Norte-Sul que formam um corredor de vento no continente, essa fumaça consegue chegar até o Rio Grande do Sul e ao Uruguai (31°S), percorrendo, em linha reta, mais ou menos 4.000 km de distância entre o ponto de origem dos incêndios e a região vitivinícola da Campanha Gaúcha.


Na figura que segue é possível ver toda área do território nacional atingida pela fumaça dos incêndios florestais e queimadas que ocorreram no dia 09 de setembro de 2024. Nela se pode observar que os focos de incêndios estão distribuídos pelas regiões Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste.  Porém, na região Sul - onde o costume das queimadas é pouco difundido - e, em parte da região Sudeste, estão localizados vários municípios vitivinícolas, que foram fortemente atingidos pela fumaça das queimadas com origem nas outras regiões do país.


Quando as vinhas e as uvas são expostas a fumaça, isso pode resultar em vinhos com características sensoriais indesejáveis como odor enfumaçado, queimado, bacon, odor a cinza ou medicinal, geralmente descritos como “contaminados pelo fumo”. Os compostos da fumaça principais responsáveis ​​pelo odor, são os fenóis voláteis livres produzidos quando a madeira é queimada. Estes podem ser absorvidos diretamente pelas uvas e podem ligar-se aos açúcares  para formar glicosídeos que não possuem aroma de fumaça.

É natural que os consumidores respondam negativamente aos vinhos contaminados pela fumaça, pois ela mascara e se sobrepõe aos aromas naturais da uva com a qual o vinho foi elaborado. O odor de fumaça nas uvas irá depender do estágio de  crescimento, de desenvolvimento e da variedade da videira exposta, da concentração e composição da fumaça, da concentração de fenol volátil e da duração da exposição a fumaça.

A figuras mostradas até o momento referem-se a eventos de incêndios florestais e queimadas ocorridas no Brasil no mês de setembro. Vale lembrar que o mês de setembro é quando se inicia o período de brotação, na região Sul e de florescimento nas outras regiões do país onde é realizado o cultivo em dupla poda.

Inicialmente  acreditava-se que a exposição a fumaça, no início do período vegetativo da videira, representava um risco menor do que a exposição perto da colheita. No entanto, os dados dos eventos de incêndios na Austrália em 2019/20 mostraram que existe um risco significativo de caracteres da fumaça perceptíveis no vinho, mesmo quando a exposição a ela ocorre antes do pintor.

Há uma série de medidas que podem ser tomadas no vinhedo e na adega para minimizar os impactos sensoriais da exposição a fumaça, tais como,  colheita manual, exclusão de folhas, manutenção de frutas frescas, separação de frações de prensagem, limitar a duração do tempo de contato com a pele, colagem e tratamento de osmose reversa, moderando a extração dos compostos não desejáveis e melhorando a percepção sensorial final. 

Uma outra medida adotada pelas vinícolas no vinhedo é o uso de sacos de carvão ativado (AC) como cobertura protetora, para evitar a absorção da fumaça pelas uvas. Professores da Escola de Agricultura, Alimentos e Vinho da Universidade de Adelaide da Austrália, realizaram um estudo onde constataram que o uso de sacos de tecido com carvão ativado impediu que mais de 95% dos compostos aromáticos responsáveis pelos sabores desagradáveis de fumaça e cinza associados ao odor de fumaça, penetrassem nas uvas durante a exposição a ela. 

Os pesquisadores chegaram as seguintes conclusões nesse estudo:  

  • Os tecidos AC estudados eram propensos a rasgar e precisavam ser manuseados com cuidado para evitar danos;
  • O custo de mão-de-obra da aplicação de sacos de tecido AC em cachos de uva individuais em escala comercial é proibitivamente caro e provavelmente viável apenas para uvas ultra-premium neste estágio;
  • Os resultados demonstram uma prova de conceito e agora eles esperam desenvolver uma aplicação mais funcional e econômica para uso em vinhedos comerciais;
  • Uma opção plausível poderia ser uma rede baseada em AC mais durável que pudesse ser aplicada na zona dos frutos da videira. Isto seria muito mais econômico e ofereceria dupla proteção contra as aves.

 Fontes:

https://www.awri.com.au/wp-content/uploads/2012/04/smoke-taint-entry-into-grapes-and-vineyard-risk-factors.pdf

https://www.awri.com.au/industry_support/winemaking_resources/smoke-taint/#:~:text=Whenvineyardsandgrapesare,negativelytosmoketaintedwines.

https://www.absrs.com.br/post/incendios-florestais-danos-aos-vinhedos-podem-ser-revertidos-nos-vinhos?utm_campaign=4e3fc1ad-6eeb-467a-8ce4-7f987f010344&utm_source=so&utm_medium=mail&cid=e22f9cfa-8de3-49eb-bd64-

https://www.fastcompany.com/91039579/it-smelled-like-burnt-plastic-how-wildfires-are-running-billions-of-dollars-of-wine-and-the-creative-ways-vineyards-are-fighting-back

https://www.adelaide.edu.au/newsroom/news/list/2022/03/08/when-smoke-gets-in-your-vines

https://www.adelaide.edu.au/newsroom/news/list/2022/03/08/when-smoke-gets-in-your-vines

https://www.absrs.com.br/post/incendios-florestais-danos-aos-vinhedos-podem-ser-revertidos-nos-vinhos?utm_campaign=4e3fc1ad-6eeb-467a-8ce4-7f987f010344&utm_source=so&utm_medium=mail&cid=e22f9cfa-8de3-49eb-bd64-ef13e2ad449a

 









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