domingo, 22 de dezembro de 2024

GEOGRAFIA DO VINHO – OS VINHOS DAS REGIÕES DOS BALCÃS E EUROPA DO LESTE - PARTE 2

No dia 04/12/2024 publiquei o artigo “Geografia do vinho – Os vinhos das região do Mar Negro - Parte 1”, onde apresentei dois vinhos da Georgia, da região do Mar Negro, como parte de uma degustação, realizada no dia 18/10/2024, na Essência Enoturismo e Wine Lodge, localizada na Via PRODENP 330, Nova Pádua, RS. (https://www.instagram.com/essenciaenoturismo/)

Na ocasião foram degustados também vinhos da região dos Balcãs e da Europa do Leste. Neste artigo são apresentados os vinhos degustados da Macedônia do Norte, o Veritas Vranec Barrique Private Reserve DOC 2017 e o vinho da Moldova (Moldávia em português), o Orasul Subteran Feteasca Neagra 2021


A Essência Enoturismo é de propriedade do casal Agostinho Bernardino e Regiane Naito Bernardino. Ele foi presidente da ABW, por dois mandatos nos períodos de 20015-2018 e 2018-2021 e conduziu a degustação dos quatros vinhos.

MACEDÔNIA DO NORTE

A Macedônia é uma região geográfica e histórica da península dos Balcãs, no Sudeste da Europa, sendo seu território dividido entre a Grécia (52,4%), a República da Macedônia do Norte (35,8%), a Bulgária (10,1%), a Albânia (1,4%) e a Sérvia (0,3%). O território da República da Macedônia do Norte, conhecida por sua rica tradição vinícola, ocupa cerca de dois quintos da região geográfica da Macedônia. Explico isso, porque há muita confusão entre Macedônia e Macedônia do Norte, uma vez que a primeira não é homogênea nem do ponto de vista geográfico e nem étnico.

Toda essa área passou por conflito por ocasião da independência da Macedônia do Norte, que foi obrigada a acrescentar a palavra Norte ao seu nome para se diferenciar da região da Macedônia. 

Ela é  um dos estados sucessores da antiga Iugoslávia, da qual se separou em 1992. Está localizada na Península Balcânica, no Sudeste da Europa,  entre as latitudes 41° e 42° N, possuindo uma área total de 25.713 km², um pouco menor  que a área do estado de Alagoas (27.843,295 km²). É um país sem acesso ao mar, e faz limite com a Sérvia  ao Norte, Kosovo a Noroeste, Bulgária a Leste, Grécia ao Sul e Albânia  a Oeste.

Seu território é em grande parte montanhoso, com pelo menos seis picos elevando-se  a 2.000 metros acima do nível do mar. Existem também vários vales amplos e férteis que apresentam um bom potencial para a agricultura.

A Macedónia do Norte está situada na junção de duas zonas climáticas principais, a Mediterrânica e a Continental. No geral, no país  há um clima continental moderado,  as temperaturas ficam em média ao redor  de 0 °C em Janeiro e sobem para cerca de 20–25 °C em Julho. A região de origem do  vinho degustado, salientada na figura que segue, apresenta dois subtipos de clima, o Subcontinental Mediterrâneo mais ao Norte  e, no Sul,  mais próximo a fronteira com a Grécia  o subtipo climático  Submediterrâneo. 

Nas  zonas orientais com áreas menos montanhosas e com vales e planícies (vinho degustado) tendem a ter invernos mais amenos e verões secos. A precipitação média anual está ao redor de 500-600 mm, sendo julho-agosto (25,4 mm-vindima) os meses de menor precipitação e outubro-novembro (100 mm-dormência) os de maior precipitação. Muitos vinhedos estão em uma altitude acima de 1.000 metros.

A Macedônia do Norte tem 24.000 hectares de vinhas (4.000 hectares em Tikves) e duas variedades de uvas indígenas que são as mais cultivadas: a Vranec (tinta-uva do vinho degustado) e a Smederevka (branca). Além delas são cultivadas também a Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Chardonnay, Riesling e a Sauvignon Blanc. Os vinhos tintos dominam ao redor de 80% da produção do país. 

O distrito de Tikves situado na região Centro-Sul (ver mapa que segue) é a mais importante região vinícola do país e responsável por 83% da produção total de vinhos. Ele estende-se por aproximadamente 30 km2 e inclui mais de 350 hectares de vinhedos, muitos dos quais com certificação orgânica ou biodinâmica. 

É desse distrito que se origina o vinho Veritas Vranec Barrique Private Reserva DOC, safra 2017, da vinícola Stobi, localizada na cidade de mesmo nome, considerada por muitos como o sítio arqueológico mais famoso da Macedônia do Norte e, cuja localização está marcada no mapa de relevo. 

 

Tikves produz vinhos desde a época romana e foi um importante centro de produção  durante o reinado Otomano (final século 13-início século 20). Uma das primeiras menção sobre produção de vinhos nessa  área data de  1521, isto é 21 anos após o descobrimento do Brasil. É um dos destinos vitivinícolas mais populares do país. As características do vinho degustado são apresentadas a seguir. 



MOLDOVA

A República da Moldova (Moldávia em português) é um país da Europa Oriental, que fazia parte da antiga União Soviética e da qual se separou em 1991. Está localizada no Sudeste da Europa, entre a Ucrânia e a Romênia, na Bacia do Mar Negro, onde o vinho se originou. Apesar da proximidade com o Mar Negro, o país não possui litoral.

Seu território ocupa 33.700 km², um pouco menor que o estado do Rio de Janeiro (43.781,5 km²). Chisinau, sua capital e maior cidade está localizada no centro geográfico do país, sendo considerada uma das capitais mais arborizadas da Europa.

A Moldova possui um clima continental temperado, com verões quentes e invernos relativamente leves, o que contribui para o seu desenvolvimento agrícola sendo um dos maiores fornecedores de produtos agrícolas da região.  Os verões são quentes e longos, com temperatura média de 20 °C e o inverno é relativamente leve e seco, com temperatura média de -4 °C.

A precipitação anual varia de 600 mm no norte do país a 400 mm no Sul. A maior precipitação ocorre no início do verão em outubro, mas longos períodos de seca não são incomuns.

O relevo da Moldova é variado, a porção central do país onde está localizada a região vitivinícola do vinho degustado, é composta por colinas com altitudes médias de cerca de 350 a 400 metros. Essas são entrelaçadas por vales profundos e planos, ravinas e depressões devastadas por deslizamentos de terra, separadas por cristas acentuadas. Isto é, o relevo é bem diversificado.

A Moldova  é o maior país produtor de vinho que anteriormente fazia parte da URSS e para qual dependia boa parte de suas exportações, mesmo por um bom tempo após a separação. Ela tem uma indústria vinícola com uma produção de cerca de 2 milhões de hectolitros de vinho, sendo o 11° maior país produtor de vinho na Europa. Seus vinhedos cobrem 148.500 hectares, dos quais 107.800 hectares são utilizados para produção comercial.

O país é conhecido pela sua elevada densidade de vinhedos, que ocupam  3,8% do seu território e 7% das terras aráveis, o vinho engarrafado representa 40% das exportações.

O país tem quatro regiões vinícolas importantes: Valul lui Traian, Stefan Voda, Balti e Codru (ver mapa). O vinho degustado é desta ultima região que é a maior e mais importante em termos de área desse país montanhoso, estando localizada  entre os rios Pruth e a fronteira com a Ucrânia. 

Na porção central da região de Codru está localizada a capital do país Chisinau. A área de vinhedos dessa paisagem labiríntica é muito fragmentada. Os vinhedos estão parcialmente em colinas, parcialmente em vales de rios. O clima é continental quente. No entanto, as muitas florestas de carvalhos e tílias garantem um microclima moderado.

As castas europeias representam 70% da área plantada com vinhedos, sendo a maioria variedades brancas, como Rkatsiteli, Sauvignon Blanc, Chardonnay e Aligote. As principais variedades tintas são Cabernet Sauvignon, Merlot Pinot Noir e Saperavi. As variedades indígenas representam 10% dos vinhedos e incluem  Rara Neagra e Feteasca Neagra, com a qual o vinho degustado foi elaborado.

A seguir são apresentadas informações sobre a uva e o vinho degustado.



Cricova Winery. É uma vinícola na Moldova, localizada na cidade de mesmo nome, a 15 km ao norte de Chişinău. Essa é a segunda maior adega do país, depois de Milestii Mici (a maior do mundo) e tem 120 km de estradas labirínticas. O território era uma mina de calcário e túneis que existem sob Cricova desde o século XV, quando o calcário foi escavado para ajudar a construir Chişinău. Na década de 1950 eles foram convertidos em um empório subterrâneo de vinhos. Em alguns ramos, a escavação ainda está ativa, então a adega ainda está crescendo.

Ela tem profundidade de até 100 metros e contém 1,30 milhão de garrafas de vinhos raros. O vinho mais antigo é datado de 1902. A temperatura é mantida em cerca de 12 °C durante todo o ano, o que é perfeito para os vinhos.

Metade das estradas no interior da vinícola são usadas para armazenamento de vinho e são nomeadas pelos vinhos que armazenam. Esta "cidade do vinho" tem armazéns, salas de degustação e outras instalações subterrâneas. Veja maiores detalhes em: 
(https://en.wikipedia.org/wiki/Cricova_(winery). 



Se beber, não dirija!







 


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