sábado, 25 de março de 2017

JANTARES SECRETOS NO LOFT 103


Na sexta-feira da semana passada, dia 18 de março,  participei de um jantar no Loft 43 organizado pela enóloga Maria Amélia Duarte Flores, e cujo menu ficou a cargo do chef Jorge Nascimento. Foi uma noite maravilhosa onde desfrutamos de uma clássica mesa italiana com sabores da Toscana, Sicília, Puglia e Vêneto.



Maria Amélia e Jorge são uma das melhores dupla enogastronômica (inventei esta expressão agora) que conheço. Já participei de mais de um jantar organizado por eles, e sempre saí encantada com os vinhos degustados e os pratos saboreados, além dos bons momentos passados na companhia de outros amantes do vinho como eu. 


O ambiente do Loft 103 é surpreendente, uma vez que a decoração, a cargo da simpática Graciela Peretti, esposa do Jorge, é uma profusão de estilos. Vai desde o clássico, ao chique, estiloso, temático, contemporâneo, moderno, pós-moderno, prá lá de moderno, mas todos eles conversam entre si, deixando o ambiente harmonioso e extremamente agradável. 

O jardim repleto de plantas, com uma cadeira de balanço bem no meio é a glória. Eu já me imaginei sentada naquela cadeira, em uma agradável noite de outono degustando um belo vinho, saboreando os petiscos elaborados pelo chef e em um longo bate-papo na companhia de bons bebedores de vinho. 

A noite começou com a degustação de um Espumante Proseco Brut Peterlongo acompanhado de antipasti,  pate, pão baguete, azeitonas e outros petiscos. 

Este espumante, é elaborado pela Vinícola Peterlongo, por meio do método Charmant, utilizando a uva italiana Proceso (100%). Esta é uma casta de uva branca originária da região do Veneto, na Itália. Seu nome identifica o vinho espumante em cuja produção ela é empregada. 

Apresenta um visual amarelo palha bem claro com reflexos levemente esverdeado, um perlage fino e persistente, acidez correta, que aliada ao frescor e leveza foi uma excelente opção para um início de jantar. Tem um grau alcoólico de 11,6% e a temperatura de serviço está entre 6ºC a 10ºC.

Na sequência, como entrada foi servido um risoto de vieiras ao perfume de limão siciliano, delicioso, devidamente acompanhado de um vinho Vigneti de Vulture Rosado de Aglianico, Basilicata.

A uva Aglianico é a casta mais antiga entre as consideradas nativas da Itália, é encontrada no sul do país, na "bota da Itália" nas regiões da Campania, Basilicata, Calábria e Puglia.  


Os vinhedos do Aglianico del Vulture, única denominação de origem da Basilicata, são cultivados em solos vulcânicos nas encostas do monte Vulture, entre 450 e 600 metros acima do nível do mar. 


Eles dão origem ao vinho  Pipoli Rosato Aglianico Basilicata, das adegas Vigneti del Vulture-Farnese, com Denominação de Origem Basilicata. Este vinho  rosé seco, com graduação alcoólica de 12º , tem cor coral brilhante, grande acidez e aromas de frutas frescas como maçã, melão e morango. Harmoniza muito bem com carnes brancas, queijos frescos e peixes e combinou muito bem com o risoto. 


Como prato principal foi servido um assado de bovino ao vinho marsala cujo molho, divino, levou umas quatro horas para ser preparado, acompanhado de batatas, cenouras e tomate. Para harmonizar com esta maravilha gastronômica foi servido um vinho Castelo Dalbola Chianti DOCG, da Toscana. 

A região da Toscana, na Itália, é conhecida por suas belas paisagens e também por produzir excelentes vinhos  tintos com base na uva Sangionvese, como os de Chianti, uma subregião que  exibe o status de DOCG - Denominazione d'Origine Controllata e Garantita. A cultura da vinha nesta região vem desde a  época etrusca. 

A propriedade Castelo Dalbola, um castelo que data do século XII,  está no coração de Chianti e produz em torno de 900.000 garrafas por ano, divididos em seis tipos de vinho. Estes passam por madeira envelhecida, em condições adequadas na sua adega histórica.

O Chianti que degustamos é um corte 90% Sangiovese e 10% Canaiolo, vermelho-rubi, seco, de taninos presentes, boa acidez, corpo leve, bastante agradável na taça, e que harmonizou muito bem com o assado bovino. 


E para finalizar, como degustação ícone foi servido o vinho Lucarelli Primitivo di Manduria, uma importante DOC da região de Puglia, no sul da Itália, no "salto da bota", conhecida por produzir excelentes vinhos com a uva nativa Primitivo. 

Esta uva foi introduzida na Itália pelos monges beneditinos e recebeu esta denominação por causa do amadurecimento precoce de suas vinhas. Na Manduria foi onde ela encontrou as condições ideais para seu crescimento, tornando-se um dos emblemas do vinho de Puglia.  

Este vinho é feito com 100% de uvas Primitivo, tem teor alcoólico de 14%, amadurecimento de 6 meses  em barricas de carvalho, equilibrado, com taninos presentes, ótima acidez, de  coloração rubi intenso, lembra frutas negras maduras, café, cacau e ervas secas. Estimativa de guarda é de 9 anos e harmoniza bem com medalhão de mignon com cogumelos salteados, batatas recheadas com bacon e parmesão. Foi o toque final para acompanhar o assado de bovino.  



Para encerrar o jantar como sobremesa foi servido um sorvete de limão siciliano com calda de uvas negras devidamente acompanhado de um vinho Marsala Lombardo, da Sicilia, vinho branco licoroso feito com uvas Catarratto, Grillo e Inzolia. De cor âmbar, com graduação alcoólica 18%, aromas de frutas caramelizadas. ameixas, figos e toque de mel, harmoniza com sobremesas de frutas passas e secas e chocolates. 


Foi uma noite deliciosa!





Se beber, não dirija!





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